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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 41 - Saúde e Violência contra LGBT

11135 - MARCAS FÍSICAS DE UM DISCURSO “HOMOSEXUALISTA”
GUSTAVO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, NELSON FILICE DE BARROS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, FLÁVIA DO BONSUCESSO TEIXEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, DANILO BORGES PAULINO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA


Apresentação/Introdução
O enfrentamento da epidemia do HIV/aids, no início dos anos 80 no Brasil, permitiu o reconhecimento e a vocalização de determinadas demandas em saúde de grupos até então silenciados pela heteronormatividade. Entretanto, com o enfrentamento do HIV/aids houve um deslocamento conceitual de “fatores de risco” para “grupo de risco”, com a vinculação do HIV/aids ao “grupo LGBT”, em especial à população gay, reforçando o estigma e a discriminação. Buscando minimizar esses efeitos, as políticas públicas pelo Ministério da Saúde, incorporaram o conceito de “comportamento de risco”, como estratégia de retirar o peso do estigma relacionado aos grupos nos quais a epidemia foi inicialmente identificada e levando ao indivíduo à capacidade de prevenção. No entanto, essa estratégia mantém uma tendência de culpabilizar os sujeitos, uma vez que, quando o comportamento do indivíduo é trazido para o centro da discussão, a consequência é que se atribua a infecção à sua “displicência individual”, ao seu modo “irresponsável de levar a vida”, à eventual “falha da prevenção”. Isso é ainda observado nos cenários oficiais de ensino-aprendizagem, (re)produzindo iniquidades em saúde e injustiças sociais.


Objetivos
Analisar uma prática discursiva normalizadora na formação médica que invisibiliza as corporalidades gays e seus projetos existenciais, restringindo a potência de vida para as questões do HIV/aids, a fim de problematizar as iniquidades em saúde e as injustiças sociais relacionados ao ensino e ao cuidado em saúde aos corpos gays.


Metodologia
Por meio de uma observação participante nos corredores de uma escola médica, foi desenvolvida uma narrativa, a partir do processo crítico-reflexivo da autoetnografia, que tem sido usada nas investigações de experiências vividas nas intersecções do “self” nos coletivos, do eu nas culturas, do agente nas agências e outras, requalificando a relação entre objeto e observador, reposicionando a interação e a experiência pessoal do pes¬quisador como forma de construção do conhecimento. Ou seja, essa abordagem metodológica representa a experiência pessoal no contexto das relações, procurando revelar o conhecimento de dentro do fenômeno. Por isso, a partir da experiência do corpo gay do pesquisador em contato com o fenômeno observado, se produziu essa análise.


Discussão e Resultados
– “E o professor disse que era para a gente colocar como hipótese diagnóstica HIV/aids porque o paciente era gay.”
Esse relato pronunciado por um estudante gay do curso de medicina entre os corredores de uma instituição de ensino, que guarda em suas paredes a história de um passado preconceituoso, reacendeu em meu corpo a busca pelas marcas físicas que dizem que o lugar de dentro do qual não posso sair é o da HIV/aids. Ao ouvir isso, minha primeira reação foi voltar ao passado de lutas contra uma metáfora culpabilizante de ser gay, me deixando boquiaberto com essa associação “ser gay”–“ter HIV/aids”, a qual, pelos avanços da epidemiologia/medicina, já haviam sido superados. Mas o que isso significava? Uma pretensa suposição epidemiológica ou uma tentativa de (re)forçar um suposto “desvio” da heteronormatividade? Ou será que pode exemplificar a não superação da associação “ser gay”–“ter HIV/aids”? Será que minha tangibilidade existencial no conjunto de normas sociais, que dizem ser “não homofóbicas”, é garantida primeiramente pelo HIV/aids? Será que o fato de eu ser médico e docente me protegeria desse discurso ou simplesmente esse seria expresso de uma forma mais eufemística?



Conclusões/Considerações Finais
Essas reflexões me fizeram pensar que o diagnóstico “homossexualismo” está imbricado no diagnóstico de HIV/aids e que não há uma “barreira de proteção” para aqueles que estão marginalizados. Por isso, a construção social do que pode ou não ser reconhecido como corpo, sexo ou mesmo quem pode ser considerado humano desvela uma íntima relação entre os poderes e saberes que se organizam, circulam e criam resistência dentro das heteronormatividades de gênero/sexualidade.


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