Já é inscrito no CSHS 2016?

 

Página Inicial

Sobre o Congresso

Comissões

Convidados

Programação

Inscrição

Cursos e Oficinas

Trabalhos

Grupos Temáticos

Ampliando Linguagens

Ato Público

Perguntas Frequentes

Sobre a Identidade Visual

Notícias do Evento

Local do Evento

Hospedagem

Fale Conosco
 


Grupos Temáticos

12/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 41 - Ética na Pesquisa Social, Direitos Reprodutivos e Aborto

11151 - ABORTO INDUZIDO ENTRE ADOLESCENTES DE UMA FAVELA DO RIO DE JANEIRO
WENDELL FERRARI SILVEIRA ROSA - UFRJ, SIMONE OUVINHA PERES - UFRJ, MARCOS NASCIMENTO - IFF/FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
O presente trabalho é um recorte da pesquisa de mestrado sobre a experiência de aborto induzido entre adolescentes, com idade entre 12 a 18 anos incompletos, realizada em uma favela da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. O aborto induzido é considerado ilegal no Brasil exceto em casos de estupro, quando a vida da mulher grávida está em perigo ou quando o feto é diagnosticado com anencefalia. Apesar das restrições legislativas do país frente ao fenômeno, estudos demonstram que uma a cada cinco mulheres, com idade entre 15 a 39 anos, já realizou um aborto durante a vida reprodutiva (Diniz & Monteiro, 2010). No que se refere ao aborto na adolescência, os dados são praticamente invisíveis devido a alguns complicadores e dificuldades, pois além do aborto ser uma prática ilegal, as adolescentes são menores de idade, sendo a necessária a autorização dos responsáveis para a realização da entrevista.


Objetivos
Objetivou-se, através de um roteiro semiestruturado, e a partir de uma perspectiva de gênero, elucidar como cinco adolescentes, com idade entre 12 a 18 anos, de uma favela da Zona Sul do Rio de janeiro, vivenciam a experiência e negociam a prática do aborto induzido no contexto da ilegalidade. Para além, objetivou-se compreender as circunstâncias da iniciação amorosa sexual e reprodutiva nas quais a gravidez e o aborto induzido ocorreram.


Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa. A técnica de coleta de dados se deu a partir de entrevistas individuais em profundidade com a utilização de um roteiro semiestruturado. A coleta de dados foi realizada em um Posto de Saúde, localizado na avenida principal da favela em questão. A pesquisa conta com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.


Discussão e Resultados
As adolescentes iniciaram sua vida sexual com idade entre 11-14 anos, com parceiros com idade entre 18-42 anos. Para as adolescentes, camisinha é um método "difícil de controlar" pois é um "método masculino". Os parceiros não "gostam" de usar camisinha, e a mulher se sente pressionada em fazer sexo desprotegido, resultando em doenças sexualmente transmissíveis, e a própria gravidez. Três adolescentes abortaram em clínica clandestina, e duas usaram o remédio "Cytotec". Duas adolescentes não contaram ao parceiro sobre a gravidez, com o receio do parceiro "atrapalhar" a efetivação do aborto. Duas entrevistadas queriam levar a gravidez a termo, mas abortaram por pressão do parceiro. Uma adolescente, com diagnóstico de HIV, relatou um processo "igualitário" de decisão por conta do vírus. Das cinco histórias de aborto relatadas, apenas este último caso, a família participou do processo decisório.


Conclusões/Considerações Finais
Este trabalho teve o propósito de demonstrar que as relações hierárquicas de gênero resultam das desigualdades sociais e contribuem para produzir normas e prescrições de conduta, com impactos na vivência da sexualidade e saúde reprodutiva das adolescentes, mascarando os jogos de poder que se articulam em torno do controle da autonomia sexual das mulheres. O reconhecimento da relação entre vulnerabilidade e desigualdades sociais e de gênero sugere implicações e intervenções estruturais e culturais, capazes de proteger a autonomia das mulheres e garantir seus direitos sexuais e reprodutivos. Outro importante tópico refere-se às condições precárias das clínicas clandestinas de aborto, todas citadas como "sujas", "fedidas" e "cheias de sangue". Portanto, problematiza-se que o aborto ilegal traz consequências negativas para a saúde das mulheres, pouco coíbe a prática e perpetua a desigualdade social, ferindo um direito reprodutivo das mulheres em todo o país.


Realização:



Apoio:




Desenvolvido por Zanda Multimeios da Informação