Já é inscrito no CSHS 2016?

 

Página Inicial

Sobre o Congresso

Comissões

Convidados

Programação

Inscrição

Cursos e Oficinas

Trabalhos

Grupos Temáticos

Ampliando Linguagens

Ato Público

Perguntas Frequentes

Sobre a Identidade Visual

Notícias do Evento

Local do Evento

Hospedagem

Fale Conosco
 


Grupos Temáticos

12/10/2016 - 13:30 - 16:30
GT 39 - Raça, Racismo, População Negra

11193 - CRIANÇA, FAMÍLIA E A QUESTÃO RACIAL – EXPERIÊNCIAS DE SOCIALIZAÇÃO, DISCRIMINAÇÃO E SUPERAÇÃO
SANDRA ASSIS BRASIL - UFBA E UNEB, LENY ALVES BOMFIM TRAD - UFBA


Apresentação/Introdução
Este trabalho é fruto da pesquisa de doutorado em saúde coletiva realizada entre 2011 e 2015 no ISC/UFBA. Parte-se do reconhecimento da importância da infância brasileira, foco de políticas e ações em prol de sua defesa, cuidado e melhoria das condições de vida. A despeito de determinados avanços em indicadores sociossanitários do país (mortalidade infantil, p. ex.), quando se analisa os dados segundo variável raça-cor, verifica-se indicadores de desigualdade sociorraciais inequívocos, determinados pelo racismo institucional latente da sociedade brasileira. Episódios de discriminação e preconceito experienciados desde a infância podem acarretar uma série de consequências para a formação plena e saudável de crianças e adolescentes negras. Sentimentos de inferioridade, desvalorização de suas tradições e costumes, além de relações de discriminação e violência são exemplos que marcam a formação dessa infância no país. Tais episódios de violência (física ou simbólica) podem interferir negativamente na autoestima e construção das identidades destas crianças. A descrição e análise dos impactos do racismo são necessárias para criação de mecanismos de combate e enfrentamento.


Objetivos
Esta investigação buscou analisar as experiências e narrativas de crianças negras e suas famílias em torno da identidade racial, dos processos de discriminação e seus enfrentamentos. Através de pesquisa qualitativa, buscou-se caracterizar contextos familiares e de socialização, analisar narrativas de construção identitária e de experiências de sofrimentos, bem como estratégias de enfrentamento, buscando articular reflexos do contexto familiar e societário sobre as experiências e narrativas das crianças.


Metodologia
A pesquisa foi realizada na cidade de Salvador/BA entre os anos 2012 e 2014, articulando-se dois espaços de produção de dados: núcleos familiares de classe média identificados segundo método ‘bola de neve’; imersão em um bairro popular para acesso a famílias de classe baixa. As principais técnicas utilizadas foram: observação participante com registro em diário de campo; 34 entrevistas semiestruturadas individuais com crianças e familiares; 1 entrevista grupal com crianças do bairro popular; 09 questionários sociodemográficos; atividades lúdicas (desenhos e leituras de livros infantis); passeios pela cidade com algumas famílias; registros fotográficos. As unidades de análise foram: crianças (07 a 12 anos) e suas famílias (pais, mães, cuidadores, irmãos, etc.). Destaca-se heterogeneidade nos processos de interação da pesquisadora com as famílias.


Discussão e Resultados
Destacam-se nove famílias emblemáticas das experiências de discriminação e de socialização e construção da identidade das crianças. As famílias foram caracterizadas segundo aspectos culturais, políticos, econômicos e a relação com a questão racial. De acordo com tais critérios, subdividiram-se em: famílias de alto engajamento político-cultural, de baixo engajamento político-cultural e famílias com grau intermediário. Observou-se grande heterogeneidade no modo como lidam com a questão racial, dentro e entre as famílias, porém, no tocante às crianças, todas elas, a seu modo, abordavam aspectos das relações raciais. Quase todas as crianças entrevistadas experienciaram situações de discriminação e preconceito na escola, no bairro onde moravam, ou mesmo dentro da própria família. Distintas formas de proteção e enfrentamento foram observadas: alguns pais sequer sabiam dos episódios de discriminação sofridos por seus filhos, enquanto outras famílias se mobilizaram em torno de processos de reparação. Muitas mães se identificaram como negras, em detrimento do “morena” já observado em outras pesquisas. As crianças se identificavam como negras com bastante facilidade.


Conclusões/Considerações Finais
As atuais transformações da sociedade brasileira impactam sobremaneira os modos de ser e de resistir das famílias investigadas. As ondas de reconhecimento da estética do negro, as possibilidades de denúncias e discussão sobre o racismo e a própria reelaboração dos conteúdos escolares, conforme a lei 10.639, demonstraram avanços significativos nos processos de reconhecimento e enfrentamento das questões raciais pelas famílias do estudo As famílias com maior nível político-educacional exerceram formas mais diretas de enfrentamento às situações de discriminação. Porém, os núcleos familiares de baixo engajamento político-cultural não deixaram de reconhecer episódios de discriminação, e, mesmo com poucas ferramentas, agiram no sentido da proteção de suas crianças. Observou-se uma passagem de um ‘ideal da igualdade’ para um ‘ideal reivindicatório’e nos processos de socialização, uma busca por elementos de destaque, de diferenciação e valorização das crianças e cuidado com a autoestima.


Realização:



Apoio:




Desenvolvido por Zanda Multimeios da Informação