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11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 39 - Migração e Saúde 02

11201 - CARTOGRAFIA DA ATENÇÃO À SAÚDE DE IMIGRANTES HAITIANOS RESIDENTES EM CHAPECÓ – SC
ANA PAULA RISSON - UNOCHAPECÓ, REGINA YOSHIE MATSUE - UNIFESP / UNOCHAPECÓ, ANA CRISTINA COSTA LIMA - UNOCHAPECÓ


Apresentação/Introdução
Este trabalho apresenta resultados parciais de uma pesquisa de mestrado acerca da atenção à saúde de imigrantes haitianos residentes em Chapecó – SC. Esta cidade, localizada na região oeste de Santa Catarina recebeu um fluxo representativo de haitianos a partir de 2012, assim como para outras cidades brasileiras. Esta rota foi provocada pelo empresariado local e seguiu como uma possibilidade de migração para os conterrâneos. Além dos fatores de geração de sofrimento de migrantes - como a língua e a saudade da pátria - na região há predomínio quase absoluto de brancos descendentes de imigrantes europeus, arraigados na crença de que os negros são inferiores. Assim, os haitianos são alvo de discriminação e preconceito racial, por serem majoritariamente negros. Soma-se a este cenário a legislação migratória defasada, criada no período da ditadura, e políticas públicas que não desenvolvem condições de acolhida na mesma medida do afluxo de imigrantes ao Brasil nesta década. Tendo em vista este contexto, torna-se pertinente refletir sobre a situação do migrante, o acesso desses imigrantes à saúde e o estigma presente na visão dos profissionais de saúde que os atendem.


Objetivos
O objetivo geral deste estudo foi analisar a percepção de trabalhadores do SUS, de Chapecó – SC, sobre a atenção básica em saúde de imigrantes haitianos. E, ao mesmo tempo, refletir sobre as condições legais e culturais dos imigrantes no Brasil e sua influência na construção de estigmas em saúde.


Metodologia
Pesquisa qualitativa, de abordagem cartográfica, que contou com as seguintes estratégias de produção de dados: entrevistas semiestruturada com as coordenadoras de UBS; rodas de conversa e oficinas de grupo com trabalhadores das UBS; diários de campo (redigidos a partir de observações no cotidiano) e pesquisa e análise documental (em legislações sobre saúde e imigrações). O cenário é Chapecó - SC e participaram da pesquisa trabalhadores de seis Unidades Básicas de Saúde – UBS, localizadas nas regiões da cidade em que concentra-se o maior número de haitianos. A organização dos dados deu-se por meio do rizoma e sua interpretação dos dados é reflexiva, por meio de estudos das áreas da saúde coletiva, psicologia social e ciências sociais. A cartografia permitiu acessar e compreender processos, interrelações e subjetividades relacionadas ao objeto de estudo.


Discussão e Resultados
No que se refere à condição legal dos imigrantes residindo no Brasil, estes estão amparados por uma legislação defasada, criada em período ditatorial, na qual o imigrante era entendido como uma ameaça a segurança nacional. Somado a esta problemática, não podemos negligenciar que ao imigrante é imposto, um não lugar, uma não cidadania, um lugar de não direitos. Esta condição pode agravar se ele for um imigrante negro, o caso dos haitianos, pois no Brasil, a população negra, sobrevive em condições desiguais quando comparada à população branca em quase todos os indicadores que adotarmos.O estigma da figura do imigrante transforma-se em discriminação a medida que a maneira como os profissionais concebem este usuário interfere na relação entre ambos e na maneira como o haitiano é atendido.Embora percebeu-se admirável esforço e criatividade dos trabalhadores para atender a demanda de haitianos, muitos destes reforçavam estigmas, do negro ou do imigrante, quando referiam-se a estes imigrantes.Atitudes e percepções dos profissionais e a cultura organizacional são determinantes para a sustentação e reprodução ou não das desigualdades raciais e do racismo no cotidiano dos serviços de saúde.


Conclusões/Considerações Finais
Permanecer com uma legislação defasada, frente ao contínuo fluxo imigratório para o Brasil, significa dar margem para que os direitos humanos dos imigrantes sejam violados. Além disso, essa defasagem reforça o estigma do imigrante como um sujeito estranho e perigoso. Se considerarmos que estigma é um processo social, e que suas consequências podem ser a rotulagem, estereotipagem, rejeição social e discriminação, identificamos um sério problema com reflexos na saúde. Discursos, percepções e atitudes estigmatizantes são reflexos de subjetividades objetivadas em uma sociedade construída a partir destes valores. É imprescindível que os trabalhadores tenham espaço para dialogar sobre as questões que envolvem esta nova demanda em seu local trabalho, uma vez que se identificou o desejo de atender como estes “novos” usuários do SUS merecem, e não apenas falas e práticas discriminatórias.


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