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Grupos Temáticos
12/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 30 - Educação Popular na Formação em Saúde. |
11280 - EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: A INTERFACE COM AS CIÊNCIAS SOCIAIS NA CONSTRUÇÃO DE PROCESSOS MICROPOLÍTICOS EM SAÚDE RUTH TEREZINHA KEHRIG - UFMT, FAGNER LUIZ LEMES ROJAS - UFMT, EMÍLIA CARVALHO LEITÃO BIATO - UFMT
Apresentação/Introdução Esse relato proposto é inerente ao processo de doutoramento que traz um prospecto da contribuição das Ciências Sociais em Saúde relacionada aos processos formativos em saúde, que, em suma, pela corrente teórica compreensivista e menos positivista, está direcionada à lógica dos aspectos sociais que cerceiam a saúde, e são determinantes para sua transformação. Nesse sentido, a formação em saúde, inerente à Educação em Saúde, sempre será temática de diálogos, tendo em vista a sua relevância ao crescimento e transformação dos sujeitos que o (re)fazem, o (re)constroem, o (re)pensam. Traduzir esses movimentos, sem dúvida, é pautar nos aspectos históricos a relevância dos intelectuais antigos e contemporâneos que contribuíram para o pensar/fazer na/pela saúde. A interlocução proposta no campo das ciências sociais, educação e saúde para a construção dessa análise é imprescindível, pois, assim como o texto, a sua proposta é atravessada pelas relações iminentes a práxis. Nesse sentido, realizar educação, é realizar trabalho, e realizar trabalho, também é educação. Sendo assim, ao passo que se faz, pensa-se no feito, e há um refazimento do pensado.
Objetivos O trabalho tem como proposta dialogar sobre a práxis em saúde, valorizando os processos micropolíticos, articulando o diálogo entre os autores: Jacques Revel, que na sua obra Jogos de Escalas, propõe no campo social desvendar as experiências da microanálise, que, em Michael Foucault está na dimensão imbricada à microfísica do poder; e, em Emerson Elias Merhy embebemos da condição de micropolítica. Todas essas palavras-conceito tem relação direta com a Educação Permanente em Saúde, criatura do pesquisador Ricardo Burg Ceccim, articulada ao pensamento pedagógico da autonomia de Paulo Freire.
Metodologia Os diálogos foram realizados entre reuniões de consenso (durante as orientações), considerando as perspectivas do orientando, orientadora e co-orientadora, atrelando-se a perspectiva da Educação Permanente em Saúde, com autores das Ciências Sociais para fundamentar: “a configuração de encontros dos sujeitos da saúde”, como dispositivo na criação de processos micropolíticos. Nesse sentido, houve necessidade de análise dos referenciais a partir dos autores: Jacques Revel (microanálise), Michel Foucault (microfísica do poder) e Emerson Elias Merhy (micropolítica) para sustentar que nas afecções criadas pela atmosfera da Educação Permanente em Saúde, há repercussões de processos micropolíticos, em que, o poder e o processo de aprender e ensinar se transformam em ações, pedagógico-políticas-sociais, culminando numa microfísica relacional de poder operante à construção de processos, para além dos educativos, também sociais e políticos (micropolíticos).
Discussão e Resultados A partir do século XX, entre 1910-1930, já se buscava intervir nas situações de saúde. As ações estavam voltadas mais a intervenções da polícia do que para a questão social. Nesses sentidos, há que considerar a intervenção sanitária estimuladora de novos moldes para as questões da educação em saúde. Esses fatores contribuiriam para os diálogos na construção da ideia do modelo de saúde que fosse público, e ainda, que nas escolas de saúde pudessem ser repensadas as estruturas de ensino a partir da década de 1960. Entretanto, ao mesmo tempo, em que se buscava soluções para as questões da educação em saúde no país, entre 1960-1970, no contexto da reforma sanitária brasileira iniciava-se o delineamento de uma ideia que mais tarde, nos anos 2000, tornava-se uma Política de Educação para o Sistema Único de Saúde. A interlocução de outras áreas do conhecimento com a saúde pública incentivou as transformações no campo da saúde. Esse percurso de construção da Saúde Coletiva, no entanto, dialogava com as transformações histórico-políticos do país, que, certamente, estimulou a construção da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, promulgada pela portaria GM/MS n° 1996/2007.
Conclusões/Considerações Finais A questão da microanálise e micropolítica nas relações da saúde empreende tratar de relações intersubjetivas dos indivíduos que a fazem, ou mesmo, aqueles que utilizam o serviço. É nos olhares focalizados ao campo social, estimulador de relações institucionais e interpessoais, que a identificação de elementos ‘micro’ torna-se possível. As relações de contra-poder identificadas por Foucault e Merhy, imbricadas à ideia dos micropoderes, ganham dimensão diferenciada ao micro-olhar de Revel, atribuindo uma nova escala de mensuração. A partir das ciências sociais e educação em saúde, foi possível questionar as dimensões do que é ter saúde, que compreende: não somente não estar enfermo, mas, elucidar quais são as questões da vida que podem contribuir para os processos de saúde e doença nas poulações. A educação em saúde estabelece micro-poderes que estão aninhados a um microcosmos criado e traduzido pelos contextos/cotidianos em que estão inseridos os sujeitos sócio-históricos.
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