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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 39 - Vulnerabilidade - Aspectos Conceituais/Casos Específicos |
11316 - O USO DO CONCEITO DE VULNERABILIDADE EM SAÚDE PÚBLICA ANA CÁSSIA LIRA AMORIM DA SILVA - UFMT, KÉSIA MARISLA R. DA PAZ - UFMT, LEILA REGINA DE OLIVEIRA - UFMT, MARINA ATANAKA DOS SANTOS - UFMT, MARTA GISLENE PIGNATTI - UFMT
Apresentação/Introdução Conceito originário dos princípios universais dos Direitos Humanos, designados a coletividade ou a indivíduo fragilizado, jurídica ou politicamente, na promoção e/ou proteção ou ainda na garantia dos direitos de cidadania, a vulnerabilidade, é o indicador da iniquidade e desigualdade social, e que determina os diferentes riscos que se pode vir a infectar, adoecer e até morrer1, 2. Na busca por um conceito mais amplo na área da saúde, iniciou na década de 1980 discussões associadas à luta contra a discriminação e rejeição advindas do HIV. E ao longo dos anos, tanto o conhecimento sobre o HIV quanto o conceito de vulnerabilidade se desenvolveram3,4. Componentes interligados a vulnerabilidade foram conceituados2, sendo eles: o individual, referente a informação que o individuo dispõe e a capacidade de processá-la; o social, dispõe sobre acesso a informação, recursos materiais, poder de influencias nas decisões políticas; o programático, existência de programas de prevenção e promoção de saúde relativo ao HIV e AIDS. Entretanto o conceito vulnerabilidade parece não ter aplicação de forma igualitária nos estudos do campo da saúde publica.
Objetivos Descrever o processo de construção do conceito vulnerabilidade no campo da saúde publica.
Metodologia Tratou-se de uma revisão integrativa, realizada através de artigos científicos, teses e dissertações disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde. Para a pesquisa dos artigos científicos utilizou-se o formulário avançado que contêm os operadores boleanos AND e OR, empregando-se os termos: vulnerabilidade, conceito de vulnerabilidade e vulnerabilidade em saúde.
Como critérios de inclusão foram considerados: o artigo apresentar o termo vulnerabilidade no título, estar disponível na íntegra e nos idiomas português, inglês e espanhol, com período de publicação de 1987 a 2016.
Inicialmente foram encontrados 31 artigos, porém 6 foram excluídos por serem duplicatas e 6 artigos foram excluídos por não apresentarem o termo vulnerabilidade no título. Desta maneira foram considerados 19 artigos.
Discussão e Resultados Os achados encontrados foram discutidos em dois eixos: Caracterização dos estudos sobre vulnerabilidade; Usos do conceito de vulnerabilidade em saúde. No primeiro eixo, os estudos selecionados foram publicados entre 2006 e 2015, sendo este ano o responsável pela maior parcela de publicação (23,52%). A maioria dos trabalhos era de abordagem qualitativa, com ênfase em estudos de revisão de literatura. Os objetivos dos estudos são variados e se mostram em consonância com sua abordagem. Todos os estudos avaliados usam o termo vulnerabilidade como norteador, indo desde análises e discussões do conceito a aplicações em realidades ou mesmo situações específicas ao indivíduo. Já no eixo 2, observou-se um uso descomedido do termo vulnerabilidade, com base em conceitos diversos. A maioria dos estudos partiu do conceito de vulnerabilidade proposto por Ayres, destacando a vulnerabilidade individual, social e programática. Observa-se ainda uma aproximação do conceito de vulnerabilidade com o de risco e como uma sinonímia de suscetibilidade, bem como, a apresentação de outras categorias como vulnerabilidade cultural, biológica, comportamental, afetiva, socioambiental, da família.
Conclusões/Considerações Finais O conceito de vulnerabilidade mostra-se carregado de significados, sendo utilizado de diferentes formas na área da saúde pública. Tais características evidenciam seu teor multidimensional e heterogêneo, de um conceito que não se fecha em si mesmo, mas que possibilita repensar as práticas em saúde em sua perspectiva mais universal ou mesmo com foco no indivíduo e suas singularidades. É necessário, entretanto que, para que o seu uso seja feito de forma consciente pelos estudiosos e profissionais da área da saúde, seja proposto linhas gerais de aplicação, para que não sejam feitas confusões entre conceitos diferentes como a confusão entre risco, suscetibilidade e vulnerabilidade, tão corriqueiros nos estudos avaliados. Além disso, sugere-se aos autores que façam menção prévia ao conceito norteador das análises, para que tais confusões sejam minimizadas.
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