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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 8 - Adoecimentos de Longa Duração: Reflexões e Pesquisas

11367 - ENTRE A LEGITIMAÇÃO E A DESLEGITIMAÇÃO DO DOENTE DE DOR CRÔNICA
PAULA FERNANDA ALMEIDA DE MENEZES - ISC-UFBA, MARCELO EDUARDO PFEIFFER CASTELLANOS - ISC-UFBA, MONICA ANGELIM GOMES DE LIMA - FAMED-UFBA, ALINE TONHEIRO PALMEIRA - ISC-UFBA, NELSON FELICE DE BARROS - FCM-UNICAMP


Apresentação/Introdução
A dor crônica vem se configurando como um importante problema de saúde na atualidade, com presença cada vez mais comum na prática clínica. Em decorrência da ausência de meios objetivos de atestar a veracidade da dor, e da carência de terapêuticas eficazes, observam-se diversos tensionamentos no processo de legitimação da condição enquanto doença. Ocorre que, em decorrência de seu caráter subjetivo e invisível, há dificuldades no enquadramento da dor crônica à lógica biomédica tradicional. Neste cenário, as Clínicas de Dor emergem como espaços de reconhecimento da condição, que é deslocada de uma posição comum de negação e desatenção na prática clínica geral para o status de problema de saúde “real”. No entanto, persistem dúvidas acerca das repercussões relativas à legitimação do paciente de dor crônica nas Clínicas de dor, diante das ambiguidades e contradições na apreensão da dor crônica enquanto objeto médico.


Objetivos
Analisar a visão dos profissionais de saúde a respeito de signos, critérios e contextos relevantes para a (des)legitimação da percepção e expressão da dor crônica, apresentada por pacientes atendidos em uma Clínica de Dor.


Metodologia
Esta apresentação representa um recorte e aprofundamento da Dissertação de Mestrado da primeira autora, defendida em 2014. Essa dissertação foi um dos produtos da pesquisa “Análise do processo de adoecimento crônico e do autogerenciamento do cuidado em dor crônica: subsídios à construção do cuidado compartilhado”, coordenada pela Profa. Dra. Mônica Angelim e financiada pelo Edital MCT/CNPq Nº 014/2010. Foram realizados dois Grupos Focais (GF) realizados em 2011 com treze (13) profissionais de saúde de uma Clínica de Dor (CD), vinculada ao SUS, na Bahia. Os profissionais com cinco ou mais anos de experiência na CD foram alocados no Grupo Focal 1 (GF1) e o restante no Grupo Focal 2 (GF2). A análise de dados foi orientada pelo instrumento analítico denominado Núcleos de Significação, proposto por Wanda Aguiar e Sérgio Ozella. Recorreu-se ao Interacionismo Simbólico como aporte teórico, utilizando, em especial, os conceitos de papeis sociais e fachadas pessoais, de Erving Goffman.


Discussão e Resultados
As análises dos GF mostram que os profissionais constroem seus discursos a partir de ideias divergentes. Apesar da menção, no GF1, de que “toda dor é real”, profissionais dos dois grupos sugeriram que os pacientes poderiam se utilizar de diferentes formas de dissimulação. Não houve um consenso sobre o comportamento esperado para um paciente com dor. Contudo identificamos que diversos comportamentos, aparências e estados de humor são levados em consideração no julgamento da legitimidade da dor. Assim, ao mesmo tempo em que o estado humor positivo e a produtividade são valorizados, o estado de humor negativo e a incapacidade poderiam ser ou não utilizados como critérios de avaliação subjetiva da dor. Reconhece-se a “invisibilidade” biomédica da dor, porém algumas falas demonstraram que os profissionais também poderiam tentar se orientar por evidências clínicas. Nos dois GF, deu-se grande peso à centralidade e responsabilidade do paciente pelo possível insucesso do tratamento. Consequentemente, os limites da biomedicina e da prática médica no cuidado à dor crônica apareceram como problemas de menor relevância nos discursos da maioria dos profissionais, especialmente no GF2.


Conclusões/Considerações Finais
A análise indicou que os profissionais empregaram de diferentes sentidos, critérios e contextos acerca da (des)legitimação da dor expressa pelos pacientes. Nota-se que os profissionais apresentam relatos de desconfortos por conta das incertezas que permeiam o cotidiano do cuidado e as suas relações com os pacientes. Identificou-se uma tensão central entre os quadros de referência biomédicos disponíveis (signos e critérios) com outros circunscritos pelo gerenciamento da fachada e pela prática cotidiana na abordagem ao paciente. Especialmente nos aspectos relacionados com o comportamento de dor, o doente de dor crônica, na apresentação de seu papel institucionalizado, não conta com fachadas (comportamentos, aparência e estados de humor) amplamente consensuadas pelos profissionais do estudo. Isso, contudo, pode repercutir problemas, já que, no caso da dor crônica, a fachada é um dos principais recursos de que o paciente dispõe na tentativa de legitimar socialmente sua condição.


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