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11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 28 - Saúde Mental e Trabalho

11404 - VIOLÊNCIAS, RELAÇÕES DE GÊNERO E PODER: EFEITOS DO TRABALHO SOBRE SUBJETIVIDADES E SAÚDE MENTAL DE POLICIAIS MILITARES.
SAMANTHA LEMOS TURTE-CAVADINHA - MINISTÉRIO DA SAÚDE, EDU TURTE CAVADINHA - NÚCLEO DE ESTUDOS EM SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, FRIDA MARINA FISCHER - FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Apresentação/Introdução
A polícia militar caracteriza-se pelo somatório de duas profissões que exigem extremo engajamento subjetivo e incluem vivências violentas. Frequentemente, seus trabalhadores ficam à margem das discussões e ações pertinentes à Saúde do Trabalhador. Deve-se pensar o trabalho considerando que efeitos seus dispositivos reguladores e discursivos impõem sobre corpos, comportamentos e relações sociais(1). No trabalho policial existem contingências externas, como o lidar com violências, que agravam riscos e dificultam o estabelecimento de estratégias de promoção da saúde. Ademais, as corporações policiais militares brasileiras são espaços fortemente marcados pelas relações de gênero, sendo importante discutir como o gênero relaciona-se à subjetividade e como estes aspectos se articulam para demarcar territórios. Butler(2) define gênero como uma forma de regulação social em que atuam dispositivos institucionais, educacionais, sociais e psicológicos. A organização policial é historicamente, portanto, uma instituição produtora e reprodutora de relações de poder e de gênero hierarquizadas. Tais características favorecem o adoecimento dos trabalhadores policiais por meio do sofrimento psíquico.


Objetivos
Apreender, a partir do referencial de gênero, as mediações entre subjetividades, trabalho, violências e sofrimento psíquico de homens e mulheres trabalhadores na condição de policiais militares de uma corporação localizada em Brasília/DF.


Metodologia
Realizou-se uma pesquisa qualitativa em que foram entrevistados individualmente, a partir de roteiro norteador, 24 policiais militares (7 mulheres e 17 homens), sendo 6 soldados, 3 cabos, 13 sargentos e 2 capitães, que atuavam no policiamento ostensivo. As entrevistas foram realizadas em agosto e setembro de 2014. Os participantes foram selecionados pelos critérios da acessibilidade e da tipicidade, por terem sido colocados à disposição no horário de serviço e por serem selecionados elementos considerados representativos, garantindo a diversidade entre os entrevistados. Foi realizada uma análise de conteúdo temática, de cunho compreensivo e indutivo, do conjunto do material obtido. Este tipo de análise tem uma dimensão descritiva e outra interpretativa apoiada em conceitos teórico-analíticos. Na análise das entrevistas em profundidade utilizaram-se como categorias analíticas: subjetividade, relações de gênero, violência relacionada ao trabalho, saúde mental.


Discussão e Resultados
A organização do trabalho foi apontada como um fator mais nocivo à saúde mental do que o conteúdo do trabalho de lidar com a violência urbana. As relações de gênero determinam a posição das mulheres na corporação desde o processo de seleção, no curso de formação e no exercício do trabalho, moldando subjetividades e comportamentos, além de constantemente submeter os homens ao ideal de masculinidade, reforçando características como agressividade e superexposição a riscos. Com relação à dinâmica familiar, quase todos os participantes abordaram a questão dos frequentes problemas conjugais de policiais militares. A agressividade é apontada pelos cônjuges como fator principal, tendo sido relatados inclusive casos de violência doméstica. Há bastante resistência dos policiais em procurar ajuda, fazendo com que escondam sintomas e queixas para evitarem o afastamento que implica em perdas financeiras. Qualquer ação de promoção da saúde deve levar em conta o comprometimento financeiro que é tido como uma punição. Críticas quanto à falta de ações preventivas foram frequentes, o que informa sobre a pouca priorização e o baixo investimento na promoção da saúde mental dos policiais militares.


Conclusões/Considerações Finais
A militarização molda a subjetividade dos policiais, e causa impedimentos para que estes indivíduos enfrentem as situações abusivas e expressem emoções, resultando em sofrimento psíquico para os trabalhadores. As relações de gênero podem afetar negativamente ou exercer efeito protetor sobre a saúde mental dos policiais militares, a depender da qualidade das relações estabelecidas no trabalho e com familiares. São urgentes e necessárias ações preventivas e de promoção da saúde mental nas corporações, de forma a melhorar a qualidade de vida e o bem-estar psíquico dos trabalhadores e familiares, com implicações, inclusive, sobre a violência intra e interpessoal, seja de cunho policial, doméstico ou social.
(1) Foucault M. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). 2ª. ed. Coleção Obras de Michel Foucault. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
(2) Butler J. The psychic life of power – theories in subjection. California: Stanford University Press, 1997.


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