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10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 28 - Promoção e Proteção da Saúde do Trabalhador

11531 - MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NO TRABALHO: POSSIBILIDADE DE RESTAURAÇÃO DO DIÁLOGO NO ESPAÇO DE TRABALHO EM SAÚDE.
LUCIANA PARISI - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BELO HORIZONTE, JANDIRA MACIEL DA SILVA - UFMG


Apresentação/Introdução
A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA/SUS/BH) tem em torno de 20.000 trabalhadores, distribuídos em quase trezentas unidades de saúde e de gestão. No seio desta estrutura complexa surgem inúmeros conflitos interacionais entre os profissionais. Os gerentes se responsabilizam em dirimir estes conflitos, porém, não há uma política formal orientando esta condução que é, em geral, pautada pelo modo pessoal dos gestores se colocarem no mundo e do estilo de administração municipal vigente. Em muitos deles, ocorre um impasse com esgotamento das negociações. Na expectativa de que sejam resolvidos são encaminhados para a Gerência de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (GGTE), que vem utilizando a mediação como a primeira opção, após esgotamento da negociação, na perspectiva de envolver trabalhadores e gestores na busca da co-análise e construção de alternativas para as crises que se instalam. Observa-se, empiricamente, que a mediação tem sido bem sucedida. Entretanto, necessita de uma melhor sistematização para que seja reforçada como política e instrumento de gestão, e assim, contribuir para a democratização e promoção de saúde nos espaços de trabalho do SUS/BH.


Objetivos
A pesquisa teve como objetivo analisar o processo de mediação de conflitos em grupos e coletivos de trabalho, conduzida pela GGTE da SMSA/SUS/BH, no período de 2012 a 2015, de modo a categorizar os tipos de conflitos no trabalho; investigar se a mediação contribuiu para a compreensão dos conflitos e para migrar de uma posição de confronto para uma via pacífica de condução do conflito.





Metodologia
Optou-se por pesquisa qualitativa para análise de quatro processos de mediação coletiva, sendo três em centros de saúde e um em gerência administrativa, realizadas entre 2012 e 2015. Fez-se uma articulação em torno da concepção de mediação, de conflito e de trabalho, sob referenciais teóricos distintos. O caminho metodológico adotou a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental em arquivo da GGTE. O estudo dos aspectos comunicacionais e interacionais da mediação se ancorou nos dispositivos da análise do discurso e do modelo de mediação circular narrativo. A análise do discurso considerou a narrativa de sujeitos trabalhadores inseridos em um contexto de trabalho, cuja organização é determinada sócio historicamente, onde prevalecem conflitos atravessados por relações de poder. As clínicas do trabalho por estudarem a articulação entre o mundo psíquico e o mundo social auxiliaram na compreensão da interdependência entre os conflitos interacionais e os processos de trabalho.



Discussão e Resultados
Na análise dos documentos, constatou-se que os registros da GGTE possibilitaram a compreensão das mediações realizadas. Verificou-se que, em todos as unidades analisadas, havia, em maior ou em menor grau, a tendência de uma lógica de gestão gerencialista, com ênfase na otimização de recursos materiais ou humanos e desvio do sentido do trabalho, com a amplificação de questões administrativas e de produção. Havia fragmentação dos coletivos de trabalho, desestímulo, sofrimento e impedimento de realização do trabalho bem feito. Em duas unidades houve a recuperação de espaços deliberativos capazes de permitir a legitimidade e dar voz aos discursos marginalizados. Assim, houve a desconstrução das histórias inicialmente narradas pelas partes conflitantes e construção de narrativas alternativas. Em ambas, a causalidade do conflito saiu de uma explicação linear, onde cada lado responsabiliza e culpabiliza outro, para a compreensão das questões determinantes da disputa. Nas outras duas unidades, não houve recuperação do diálogo entre trabalhadores e gestores o que levou à interrupção da mediação. Nestas unidades, instâncias superiores optaram pela arbitragem do processo conflitivo.


Conclusões/Considerações Finais
Os conflitos ocorreram em contextos onde os espaços de diálogo estavam interditados, onde as práticas do modelo gerencialista estavam intensificadas, onde havia enfraquecimento do ofício, onde as condições de trabalho eram precárias, onde o cuidado com o outro e os aspectos subjetivos estavam negligenciados. Os conflitos se reforçaram ou se constituíram onde predominaram as atribuições de culpabilidade, de responsabilizações, de medidas punitivas, de narrativas de poder fechadas e impermeáveis à outras narrativas. As mediações foram realizadas nos espaço de trabalho do SUS, que sustenta diretrizes como o protagonismo, a gestão compartilhada e o cuidado. Estas diretrizes são contra hegemônicas no modelo de gestão gerencialista, que pouco a pouco vem se infiltrando no SUS. Por isto, a defesa da mediação de conflitos dentro do Sistema Único de Saúde reveste-se de importância como método de resistência em defesa de valores inclusivos, democráticos, de solidariedade e de equidade.


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