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10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 25 - Saúde, SUS e Ciência na Mídia

11555 - COMUNICAÇÃO E SAÚDE MENTAL: SENTIDOS, MEMÓRIAS E IMAGINÁRIOS SOBRE OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E SEUS USUÁRIOS, NA IMPRENSA MINEIRA
IARA BASTOS CAMPOS - UFJF, WEDENCLEY ALVES SANTANA - UFJF


Apresentação/Introdução
O trabalho apresenta os resultados de um estudo sobre a imagem, na imprensa, dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), a partir de 151 textos de dois jornais mineiros, entre 2006 e 2015. A mídia, ao publicar matérias sobre os CAPS – instituição que integra o Sistema Único de Saúde (SUS) – ou de demais temas que se associem às políticas públicas de saúde mental no país, relacionando-as diretamente a estas instituições, acaba por interferir na produção, reprodução e circulação de sentidos sobre os CAPS. Além disso, os discursos dos jornais sobre os Centros ajudam a formar uma imagem pública, a partir da produção de memória, tanto da saúde mental como também do indivíduo portador de transtorno mental. Portanto, realizar um estudo que identifique os discursos disponíveis sobre os CAPS nos possibilita compreender como a sociedade lida com o tema.
É, então, sob o viés da Análise de Discurso (AD) que buscamos compreender quais sentidos são propagados pela imprensa, de forma a perceber relações de poder que (se) configuram (por meio de) memórias do dizer, vozes e projeções imaginárias acerca da instituição de saúde mental, da doença e do doente.


Objetivos
O objetivo geral desse estudo é analisar os discursos que a imprensa mineira faz circular acerca dos Centros de Atenção Psicossocial.
São objetivos secundários deste projeto: 1) compreender como se dá a formação e repetição de uma memória do dizer sobre os CAPS, nos jornais “O Tempo” e “Estado de Minas”; 2) entender como a imprensa mineira projeta “imaginários” sobre as instituições públicas de saúde mental, os usuários dos serviços CAPS (ou seja, o “doente” mental) e, também, seus leitores; 3) verificar como o CAPS é significado quando aparece associado ao SUS.


Metodologia
A Análise de Discurso constitui nossa forma de olhar o corpus. Partimos do pressuposto de que, para a AD, a heterogeneidade é uma marca do discurso e para compreender os sentidos dos CAPS e de seus usuários, tomamos como conceitos centrais os de “memória discursiva” e “projeção imaginária”.
A noção de “memória discursiva”, segundo Orlandi (2004; 2007), pode ser entendida como aquela “estruturada pelo esquecimento” e relaciona-se ao interdiscurso, que disponibiliza uma série de já-ditos, uma vez que ele é definido como o todo, o “conjunto do dizível”, histórica e simbolicamente definido.
As projeções imaginárias, segundo Alves (2010, p.103), são “jogo de antecipações que os interlocutores fazem uns dos outros, sobredeterminados tanto pelos lugares sociais quanto pelas posições discursivas”, de forma que os jornais, cada um à sua maneira, arquitetam seus textos de forma a produzir sentido para seus leitores que, no entanto, ocupam diferentes posições-sujeito.


Discussão e Resultados
A partir da análise, foi possível perceber que predominam as matrizes de sentidos a que chamamos de “discurso da insuficiência” e “discurso gestor” – apagando, por exemplo, questões relacionadas à falta de recursos. O primeiro corresponde a enunciados que apontam para o sentido de que ainda falta muito para os CAPS atingirem o modelo ideal de atenção à saúde mental; já o segundo é associado à noção de que os jornais projetam um leitor que exige prestação de contas a respeito das políticas públicas.
A análise possibilitou também o mapeamento de discursos sobre os usuários dos CAPS. Notou-se que predomina o sentido de classe, devido à (re)produção, nos jornais, de uma memória sobre o usuário como de baixa renda. Outra questão é que há o apagamento de certas doenças, na medida em que há a afirmação de outras. A imagem dos usuários dos CAPS, na imprensa, parece dizer que se trata de um lugar para pessoas com esquizofrenia e outras patologias crônicas, mas que lá chegaram por conta de agressões ou crimes, ou ainda, que tenham utilizado drogas ilícitas de baixa custo – ao menos esses casos são noticiados ou noticiáveis.


Conclusões/Considerações Finais
Ao longo da análise, é possível notar que, dentre os muitos sentidos possíveis sobre os CAPS, aqueles que reafirmam a “insuficiência” são predominantemente ressaltados. A associação com o discurso da “insuficiência” dos CAPS também aparece através da crítica ao SUS como um todo, a partir da memória e do pré-construído, pela generalização, de que todas as instâncias nacionais de atendimento à saúde seriam problemáticas.
Quanto à imagem pública dos usuários dos CAPS, entendemos que, ao reafirmar o sujeito-ideal a partir do realce de determinados sentidos, outros sentidos são apagados. Assim, a imprensa mineira, ao estabelecer um sujeito-ideal usuário dos CAPS, faz com que outro sujeito não seja contemplado – por exemplo, aquele que não é pobre e não esteve envolvido com crimes nem com o crack. Dessa forma, os jornais alimentam a memória de um discurso que nega o princípio básico da universalidade do Sistema Público de Saúde brasileiro.


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