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11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 14 - Experiência do Viver com HIV-AIDS

11580 - INICIAÇÃO SEXUAL E HIV/AIDS: PERSPECTIVAS GERACIONAIS DA SEXUALIDADE E AS QUATRO DÉCADAS DA EPIDEMIA
JEFFERSON SANTOS PEREIRA - USP, RAQUEL ZANELATTO ALVES DA SILVA - USP, CRISTIANE DA SILVA CABRAL - USP


Apresentação/Introdução
Propomos como foco de investigação neste trabalho o exame do início da vida sexual de diferentes coortes de mulheres que foram entrevistadas em uma investigação mais ampla sobre as trajetórias sexual e reprodutiva de mulheres brasileiras vivendo com HIV/Aids. A iniciação sexual é um relevante marco na trajetória de vida dos sujeitos. É um evento quase universalmente vivido, sobre o qual os sujeitos têm boa memória e de especial interesse para a compreensão das interações interpessoais e dos cenários culturais implicados na construção social da sexualidade e do gênero (BOZON, 2008). Embora a iniciação sexual não se reduza ao primeiro ato sexual (CABRAL, 2011), a idade com que acontece a primeira relação sexual (entendida como sexo penetrativo) consiste em um clássico indicador, muito utilizado na abordagem do tema.


Objetivos
Este trabalho tem como objetivo identificar as diferenças geracionais relativas a iniciação sexual feminina, tendo como contexto mais amplo as mudanças que a epidemia do HIV/AIDS trouxe para o cenário da gestão da sexualidade nestas últimas quatro décadas. A compreensão das mudanças e contradições no que tange a iniciação sexual de diferentes gerações ainda é uma lacuna na literatura específica.


Metodologia
Este trabalho utiliza os dados referentes a uma investigação quantitativa de corte transversal, sobre aspectos da saúde sexual e reprodutiva de mulheres vivendo com HIV/Aids (MVHA). Trata-se da pesquisa GENIH (“Gênero e infecção pelo HIV: estudo sobre práticas e decisões relativas à saúde sexual e reprodutiva”) – estudo que vem sendo conduzido desde 2013 com amostra representativa de MVHA (n=975) e de mulheres não vivendo com HIV (MNVHA – n=1003), com idade entre 18 e 49 anos, todas usuárias dos serviços públicos de saúde no município de São Paulo. O foco deste trabalho é o exame do momento da iniciação sexual feminina, considerado evento biográfico significativo e de fácil rememoração para mulheres de diferentes gerações.
Para efeitos deste estudo, essas mulheres foram separadas em duas gerações de interesse, a mais jovem de 18 a 29 anos e as mais velhas de 45 a 49 anos. O ponto de corte para diferenciar as gerações é o ano de 1984, período que marca o início da epidemia no país.


Discussão e Resultados
Neste estudo observamos uma diferença de aproximadamente dois anos na idade da iniciação sexual (IS) entre as gerações das mulheres jovens e das mulheres com mais de 45 anos, com antecipação da IS para as primeiras, independente do status sorológico atual. A descoberta do HIV e sua transmissibilidade por via sexual fez emergir a concepção de sexo seguro em que a centralidade da prevenção está no uso da camisinha. Este artefato passa a integrar o início da vida sexual com parceiro das mulheres da geração mais jovem: 65% delas usaram o preservativo na primeira vez, tanto as MVHA quanto as MNVHA. Essa proporção é bem menor dentre as mulheres mais velhas: 10% das MVHA e 7% das MNVHA usaram camisinha quando se iniciaram sexualmente. Enquanto as mais velhas se iniciaram majoritariamente com namorados ou cônjuges, uma parcela das mais novas (sobretudo vivendo com HIV) teve a primeira experiência sexual com um “ficante”. Flexibilização também é observada nas práticas sexuais: por exemplo, a declaração sobre nunca ter praticado o sexo oral corresponde a quase 50% dentre as mulheres acima de 45 anos e a 29% dentre as mulheres da geração mais jovem, ambas MNVHA.



Conclusões/Considerações Finais
Parker (2006) nos mostra que a sexualidade brasileira possui especificidades e características diversas que ultrapassam os limites da categorização utilizada internacionalmente para referir-se a grupos distintos, tal como a dualidade simples “homo – heterossexual”. E, tendo em vista que o quadro da epidemia de HIV/AIDS no Brasil também possui características próprias (ABIA, 2013; PINHEIRO, 2015), o cenário e temporalidade em que se apresentam as mudanças observadas no estudo também produzem interconexões e resultados singulares. A epidemia de HIV/Aids trouxe mudanças significativas para o âmbito das relações de gênero e da sexualidade, especialmente para a coorte mais jovem da população.


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