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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 14 - Experiência do Viver com HIV-AIDS

11597 - “ESSA DOENÇA PRA MIM É A MESMA COISA QUE NADA”: REFLEXÕES SOCIOANTROPOLÓGICAS SOBRE O DESCOBRIR-SE SOROPOSITIVO
RAFAEL AGOSTINI VALENÇA BARRETO GONÇALVES - IFF/FIOCRUZ, IVIA MAKSUD - IFF/FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
Nas quase quatro décadas de convivência com o VIH a administração da infecção sofreu mudanças consideráveis e encará-la sob a ótica da cronicidade impõe aos sujeitos soropositivos (re)posicionamentos no agenciamento da vida e da enfermidade a partir da perspectiva de uma doença de longa duração.
Adequação dos hábitos e comportamentos, frequente interação com profissionais da saúde e utilização ininterrupta de medicamentos, com seus consequentes desdobramentos – além da convivência com impactos sociais, subjetivos e físicos da enfermidade – são questões centrais para compreensão da experiência com a doença na contemporaneidade (Alencar, 2006).
Outro ponto a ser considerado é que partir da expansão da epidemia de VIH em mulheres houve um aumento expressivo do número de crianças infectadas (Cruz, 2007) que, com o avanço da terapêutica, passaram a sobreviver e chegar à juventude. Destarte, receber o diagnóstico não é algo sobre o que se pode passar incólume e a tomada de conhecimento da sorologia torna-se um marco na trajetória e na biografia dos sujeitos, estabelecendo assim uma nova teia de relações e processos sociais – como tantas outras emersas a partir da epidemia de SIDA.


Objetivos
O objetivo de nossa pesquisa foi compreender e discutir os sentidos e significados atribuídos pelos jovens à convivência com a doença e suas consequentes reverberações na vida cotidiana. Especificamente nesta comunicação focaremos em uma de nossas categorias de análise, qual seja, a revelação do diagnóstico. Esta categoria foi abordada basicamente a partir de duas perspectivas: por um lado, focando nos processos que circunscreveram a descoberta de sua soropositividade e, por outro, nas estratégias utilizadas pelos jovens para agenciar a (não)revelação de sua condição sorológica para outrem.


Metodologia
Utilizamos como metodologia entrevistas em profundidade com seis jovens de 18 a 22 anos, infectados pelo HIV através de transmissão mãe-bebê. O acesso aos interlocutores se deu por meio de bola de neve a partir de uma ONG. As entrevistas, que foram gravadas, eram abertas, disparadas mediante a apresentação da questão inicial – “Qual sua História com a AIDS”? – e duraram cerca de noventa minutos cada.
Ao final de cada entrevista foi elaborado um texto intitulado “memória afetiva” com as informações que, sem ajuda do gravador, mais nos chamaram atenção; além disso, transcrevemos e revisamos todas as entrevistas. Os materiais foram então analisados a partir de uma perspectiva socioantropológica que se ancorou na análise temática.



Discussão e Resultados
Os jovens conheceram seu diagnóstico de duas formas: uma rica em metáforas, capitaneada pela família, de forma homeopática ao longo dos anos, evitando um ponto de corte onde a sorologia precisasse ser enfrentada. A outra, através da mediação do serviço de saúde, por escolha da família (Marques, 2006) ou porque os próprios jovens, com histórico de exames e uso contínuo de medicação inqueriram os profissionais sobre sua condição.
Conhecer a sorologia instaurava uma questão: a quem contar? O preconceito parecia não encontrar eco, contudo a maioria dos jovens preferiu guardar segredo, inclusive dos mais próximos, a exceção dos parceiros afetivo-sexuais, o que evidenciava uma contradição, já que afirmavam estarem se protegendo da discriminação. Mas esse comportamento não foi unânime e teve quem preferisse falar abertamente sobre o tema considerando essa a saída mais eficaz para encarar a realidade
Outro resultado foi a presença da “normalidade” como estruturante da vida com VIH sendo o uso de medicação a única diferença percebida pelos jovens ainda que o diagnóstico tenham incidência sobre o desejo de engravidar, doar sangue e até o reexame dos projetos de vida (Rodrigues et al, 2011).




Conclusões/Considerações Finais
Entre os motivos elencados pela literatura para justificar a terceirização da revelação da família está o medo de serem hostilizados e dos jovens não guardarem segredo (Silveira, 2008; Guerra e Seidl, 2009; Galano et al, 2014). Em campo percebemos que, de fato, guardar segredo pode ser difícil quando adolescente; por outro lado a maioria dos jovens foi enfática em não culpar às mães pela infecção.
Apesar da normalidade como eixo dos discursos, estava presente tanto a sensação de ruptura, em relação a objetivos agora interditos ou dificultados – como ser mãe, por exemplo – quanto o medo de ser um potencial alvo de preconceito. Nossas entrevistas também evidenciaram que as fronteiras entre os sentidos de “agudo” do “crônico” não são estanques (Alencar, 2006), mas borradas: um não perece para o outro existir, mas coexistem em constante conflito e negociação se retroalimentando e (re)elaborando de modo que a cronicidade é uma construção subjetiva em constante movimento.


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