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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 34 - A Construção da Práxis no e para o Trabalho: Desafios Éticos e Epistemológicos

11604 - MAPEAMENTO DAS VULNERABILIDADES SOCIAMBIENTAIS EM ESCOLAS NO CONTEXTO DO AGRONEGÓCIO DE MATO GROSSO
LUCIMARA BESERRA - UFMT, WANDERLEI A. PIGNATI - UFMT, LUÃ KRAMER DE OLIVEIRA - UFMT


Apresentação/Introdução
O estado de Mato Grosso tornou-se nos últimos anos um território estratégico para a expansão do agronegócio mundializado, sendo extensamente utilizado para a produção agropecuária de soja, milho, algodão, girassol e bovinos, no modelo de latifúndios, monoculturas, maquinários, agrotóxicos, fertilizantes e transgênicos. Tem sido crescente o uso de agrotóxicos por hectare neste modelo de produção.
Os agrotóxicos utilizados nas lavouras contaminam o ambiente, os alimentos, os trabalhadores rurais e a população em geral e geram processos de vulnerabilização socioambiental à vida e a saúde da população exposta aos agrotóxicos, como por exemplo, os agravos agudos e crônicos e o desmatamento.
Tais impactos e processos desencadeados pelo uso de agrotóxicos integram diversas dimensões e situações vividas pelos sujeitos e pelas populações, sendo extremamente relevante para a construção do conhecimento a compreensão desses sujeitos sobre as vulnerabilidades geradas no contexto do agronegócio.
Esse estudo integra uma pesquisa maior intitulada “Avaliação da contaminação ocupacional, ambiental e em alimentos por agrotóxicos na Bacia do Juruena – MT (Campos de Júlio, Sapezal e Campo Novo do Parecis)”.



Objetivos
Os objetivos desse estudo foram realizar um mapeamento participativo das vulnerabilidades socioambientais ao redor de uma escola urbana e rural, e compreender como os estudantes reconhecem tais vulnerabilidades socioambientais no contexto do agronegócio.


Metodologia
O estudo foi realizado em uma escola urbana e uma escola rural do município de Campo Novo do Parecis-MT. O município possui uma população de 25.557 pessoas (IBGE, 2010) e está situado a 390 km de Cuiabá, em uma das três grandes regiões de grande produção do agronegócio e com alto consumo de agrotóxicos de Mato Grosso.
A seleção das escolas foi realizada a partir do contato com a Secretaria Municipal de Educação. Nas escolas, através da orientação dos professores, os grupos participantes da pesquisa foram formados por estudantes do ensino médio na escola urbana, e estudantes do ensino fundamental na escola rural.
Para cada um dos grupos foi solicitado que observassem o ambiente ao redor da escola e desenhassem um mapa com base nessas observações. (MARINHO et al., 2011; CARNEIRO et al., 2011). Após a construção do mapa, os estudantes relacionaram em uma matriz o que ameaça e o que promove a vida em seu território, registrando suas percepções e observações acerca dos processos ali vividos.



Discussão e Resultados
De modo geral, em ambas as escolas, os estudantes identificaram que a escola, as árvores, os rios, as cachoeiras, as moradias, os animais e as plantações de milho e soja promovem à vida. Compreenderam que as plantações promovem à vida, pois produzem alimentos e geram emprego e economia para a cidade. Tal narrativa de que o agronegócio alimenta o mundo e gera riquezas é bastante propagandeada pelo agronegócio, porém diversos estudos demonstram que tais argumentos são falhos, pois boa parte da alimentação diária brasileira é produzida pela agricultura familiar e pouco da riqueza do agronegócio ficam nos cofres públicos, mas sim na conta de bilionárias multinacionais.
Na matriz dos processos que ameaçam à vida, os estudantes elencaram o desmatamento, a poeira, a fumaça de carros (da estrada que passa ao lado da escola rural) e as plantações, pelo uso de agrotóxicos.
Houve poucas diferenças na matriz da escola urbana e rural, pois mesmo estando no perímetro considerado urbano, em frente à escola urbana há plantações, evidenciando que a cidade está rodeada de milhares de hectares de plantações e exposta há milhares de litros de agrotóxicos pulverizados nas lavouras.




Conclusões/Considerações Finais
Através do mapeamento e da matriz podemos observar que há uma dualidade de como os estudantes percebem as lavouras, pois se por um lado os estudantes compreendem que as plantações do agronegócio produzem alimentos e geram renda e emprego para a cidade, por outro, percebem que o uso de agrotóxicos ameaça à vida e produzem vulnerabilidades.
Esse cenário demonstra que há em aberto uma disputa da hegemonia da narrativa do agronegócio como algo somente benéfico, o que é importante para a construção de perspectivas e processos mais críticos que possibilitem a emancipação e protagonismo das populações diante das próprias vulnerabilidades socioambientais.


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