11/10/2016 - 10:45 - 12:00 GT 36 - Perspectivas Diversas sobre Saúde Coletiva (I) |
11612 - “CONCEPÇÕES SOBRE CUIDADO EM SAÚDE BUCAL DE USUÁRIOS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA – A QUESTÃO DA NÃO ADESÃO” TARSILA TEIXEIRA VILHENA LOPES - UFSCAR
Apresentação/Introdução O fenômeno da adesão terapêutica é dependente do modelo de cuidado e sua relação com a pessoa com necessidades de saúde; modelo de cuidado e forma de relação que devem considerar as questões existenciais do sujeito assistido.
No espaço dessas ideias, o presente estudo investigou a motivação dos sujeitos pela não adesão terapêutica a cuidados de saúde bucal e sua relação com o modelo assistencial no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Em outras palavras, estudou a assistência odontológica no SUS à luz do fenômeno da adesão terapêutica de pessoas com necessidades de cuidado em saúde bucal.
Objetivos Compreender as concepções sobre cuidado em saúde bucal de usuários da Unidade de Saúde da Família (USF) Astolpho Luis do Prado, São Carlos, SP, reveladas a partir da problemática da não adesão ao tratamento odontológico.
Metodologia Por meio da metodologia qualitativa, foram entrevistados usuários não aderentes ao tratamento desse serviço odontológico. A amostragem foi feita pela estratégia de escolha dos sujeitos por variedade de tipos. Os dados obtidos dos entrevistados foram gravados para posterior transcrição e análise. Esta análise, por sua vez, foi conduzida segundo o conteúdo temático levantado pela interpretação ideográfica das entrevistas, fundamentado pela tríade humanista-existencial-personalista. O constructo constituiu o resultado da pesquisa, o qual, ao ser confrontado com a literatura, resultou na discussão dos achados e conclusão do estudo.
Discussão e Resultados Após a leitura flutuante das entrevistas, iniciamos o processo de categorização e subcategorização. Destacamos fragmentos das falas originais dos usuários e as agrupamos de tal forma que estabelecemos um “corpus” a ser analisado. Essa organização nos permitiu elaborar três categorias: “A Saúde Bucal – Concepções”, “A Prática de Cuidar” e “Modelo de Atenção”. As duas últimas foram subcategorizadas, sendo “A Prática de Cuidar” dividida em cinco subcategorias (Educação em Saúde; Crenças; Valores; Rede de Apoio; Relação Profissional-Usuário) e “Modelo de Atenção” em quatro (Acesso; Organização; Interação e Tecnologia; Desconhecimento do Sistema).
Em síntese da primeira categoria, pode-se afirmar que a negligência com o cuidado odontológico se estabeleceu pelas percepções ou valores sociais que os sujeitos atribuíram a sua condição bucal. Na segunda, mencionaram aspectos como medo, postura ética dos profissionais, crenças, problemas de vínculo como possíveis interferências para adesão. Já a terceira, descreveram as dificuldades e as potencialidades da prática assistencial dos dentistas.
Conclusões/Considerações Finais Concluimos que as percepções, crenças, valores, aspectos sociais, cultura, signos de todas as pessoas envolvidas no cuidado interferem na não adesão. Isso porque esses aspectos atravessam as relações humanas e condicionam os comportamentos das pessoas. Esses sujeitos retrataram motivações próprias, relacionadas ao seu meio social, a abordagem dos profissionais e ligadas ao modelo assistencial para justificar a opção pela não adesão. Dessa forma, revelaram o quanto esse fenômeno é complexo e multifatorial. Por essa razão, requer um modelo de atenção que valorize tais domínios, bem como respeite a autonomia dos sujeitos. Sob essa perspectiva se aposta em práticas de cuidado mais humanizadas para (re)significar posturas que favorecem o acometimento de doenças bucais.
|