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Grupos Temáticos

12/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 27 - Alimentação e Políticas Públicas numa Abordagem das Ciências Humanas

11613 - FAMÍLIAS QUE VIVEM A EXPERIÊNCIA DA FOME: POSSIBILIDADES E DESAFIOS PARA O SEU ENFRENTAMENTO NO CONTEXTO DA PERIFERIA URBANA
ADRIANE CERVI BLUMKE - CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO


Apresentação/Introdução
A alimentação é considerada uma necessidade primária do homem e diz respeito à dignidade humana. A fome é a negação a um direito humano básico, o direito à alimentação, essencial para o desenvolvimento de cada pessoa como ser humano. A fome, enterra a dignidade e subtrai a capacidade de socialização das pessoas. Em termos teóricos conceituais, estamos à frente de dois problemas. De um lado, há uma quantificação da fome sem uma problematização do conceito, sem o aprofundamento teórico e conceitual necessário para explicar o fenômeno da fome. De outro, há um esvaziamento do conceito de fome por meio da utilização de outros conceitos como desnutrição e insegurança alimentar, que apesar de importantes não têm a mesma capacidade explicativa, não apresentam a mesma conotação social que o termo fome traz. Apesar de avanços nas políticas públicas de combate à fome no país, o problema ainda persiste e precisa ser explorado considerando, especialmente, a voz daqueles que vivenciam esse fenômeno.


Objetivos
O objetivo geral da pesquisa é compreender o fenômeno da fome a partir do ponto de vista de atores sociais que a vivenciam no seu cotidiano em um bairro da periferia do município de Santa Maria, RS.
Pretende-se ainda: a) Compreender a forma como as famílias avaliam e (re)significam sua realidade. b) Identificar as redes de sociabilidade das famílias e as estratégias para conviver e sobreviver com a fome. c) Refletir sobre a teia de significados em torno do espectro da fome e da relação homem-alimento. d) Desvelar as escolhas alimentares das famílias e os motivos que as levam a praticá-las.


Metodologia
Pesquisa de caráter qualitativa com fundamentação teórico-metodológico na pesquisa social, realizada na Vila Alto da Boa Vista, periferia do município de Santa Maria, RS. A coleta dos dados iniciou em fevereiro e se estenderá até julho de 2016. Os participantes foram selecionados através do auxílio de informantes chaves, previamente identificados, e da técnica de “bola de neve”, na qual um participante indica outro a pedido da pesquisadora. O contato com os sujeitos e a participação dos mesmos foi por adesão voluntária sem vínculo institucional, sendo considerada a saturação dos dados para determinar o número de participantes. As entrevistas são realizadas no domicílio dos participantes, gravadas e posteriormente transcritas. Além da entrevista, a pesquisadora registra suas observações bem como anotações em um diário de campo. O tratamento dos dados foi referenciado na hermenêutica dialética, pois buscou-se entender o texto, a fala e o depoimento como resultado de um processo social.


Discussão e Resultados
O cenário onde vivem as famílias é marcado por um processo de ocupação intenso, causado sobretudo pelo grande fluxo imigratório de famílias do interior. Os resultados parciais mostram que a sensação de fome sempre é pior de manhã, e as famílias utilizam algumas estratégias para minimizar a fome: “É, eu sempre digo pro meu marido, o importante é as guria come bem”. “Ontem mesmo foi um dia que ele não comeu nada, só tomou mate. De madrugada tava ele, tá me doendo meu estômago de fome”. “Tomo água e não me dá fome”. Sobre a experiência da fome foi identificada a presença da dor, do choro e da angústia: “É horrível! Não de madrugada assim me dá aquela dor no estômago de fome, daí eu me levanto e tomo uma água”. “Aí tipo assim eu começo a chorar, sabe, porque eu fico pensando assim eu queria comer tanto aquilo e tu não ter o dinheiro pra comprar sabe? [...] daí eu tenho que pegar e fazer um cigarro pra mim me acalmar”. Outro aspecto diz respeito à dificuldade de acesso a alimentos: “A gente como o que tem [...] az vezes tem arroz e as vezes não tem feijão”. “Não tem hoje não tem amanhã, faz tempo que não tem pão”.


Conclusões/Considerações Finais
O fenômeno da fome ainda persiste na nossa sociedade e encontra-se nas camadas populares que vivem enormes carências materiais, resultante do processo de apropriação desigual do capital socioeconômico. O termo fome aparece nas narrativas de tanto de homens como de mulheres e refere sentimentos como dor, choro, angustia e tristeza. Há necessidade de olhar de modo especial para essa população, especialmente, por parte das políticas públicas. Atualmente o termo fome é suavizado por outros conceitos de modo a sugerir que esse não é mais um grave problema de saúde pública. Precisamos discutir sobre esse assunto ainda considerado um tabu por muitos e rever as estratégias adotadas para acabar e minimizar com a fome.


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