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Grupos Temáticos
11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 35 - Políticas e Atenção à Saúde de Pessoas em Situação de Uso Problemático de Álcool e Outras Drogas |
11629 - DESAFIOS DO TRABALHO EM REDE INTERSETORIAL NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
IZABEL CHRISTINA FRICHE PASSOS - UFMG/LAGIR, MARGARETE APARECIDA AMORIM - INSTITUTO FÉLIX GUATTARI/FUNDAÇÃO GREGORIO BAREMBLITT, FLÁVIA DANIELA SANTOS RODRIGUES - UFMG/LAGIR, KELLY DIAS VIEIRA - UFMG/LAGIR, ANA LUIZA NUNES ABREU - UFMG/LAGIR, CLAUDIA ELIZA FERREIRA DOS SANTOS - UFMG/LAGIR, LAURA FACURY MOREIRA - UFMG/LAGIR, CASSANDRA PEREIRA FRANÇA - UFMG/LAGIR
Apresentação/Introdução
Apresentamos e discutimos resultados de pesquisa-intervenção realizada na cidade mineira de Ouro Preto/MG, de agosto de 2014 a março de 2016, e financiada pela Fapemig/CNPq/Ministério da Saúde no programa PPSUS-Rede. O projeto foi fruto de pesquisas anteriores (Passos et al. 2014; França, 2010) desenvolvidas pelo Laboratório de Grupos, Instituições e Redes Sociais (L@GIR), que apontavam para uma grande dificuldade dos profissionais das redes locais de assistência e defesa de direitos de crianças e adolescentes em elaborar ações estratégicas articuladas de promoção da saúde e de prevenção de situações de violência. O trabalho intersetorial é condição fundamental para o acompanhamento e a oferta de cuidados nas situações de violação de direitos, que são, afinal, multideterminadas e, em muitos casos, atravessadas por fatores de vulnerabilidade social, como a exclusão, a pobreza e a violência. Nosso intuito foi fortalecer o trabalho em rede intersetorial e interdisciplinar do Sistema de Garantia dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente (SGDHCA) do município de Ouro Preto/MG.
Objetivos
O objetivo principal foi contribuir para o desenvolvimento da rede intersetorial e interdisciplinar de atenção e cuidado a crianças e adolescentes expostas a vulnerabilidades psicossociais, principalmente ao uso prejudicial de drogas e a violências sexuais. Para alcançar este objetivo, foi realizado um diagnóstico situacional que apontou as principais dificuldades do Sistema de Garantia e Defesa de Direitos de Crianças e Adolescentes local, em sua tarefa de cuidados a esta população. Identificaram-se também os fatores de proteção e promoção da saúde nas ações já desenvolvidas no município.
Metodologia
A metodologia utilizada combinou a Cartografia de Deleuze e Guattari, a Análise Institucional e a Formação Cruzada. Esta última, uma metodologia que associa pesquisa e educação continuada, desenvolvida por pesquisadores do Instituto Douglas de Montreal (Quebec/Canadá). Foram realizadas reuniões de negociação com gestores dos diversos setores da rede, visitas aos serviços, entrevistas com profissionais e atividades prático-teóricas co-participativas através de seis oficinas de Formação cruzada com profissionais e pessoas representativas dos principais pontos da rede. Dessas atividades, destacam-se a realização de 14 rotações posicionais, etapa principal da formação cruzada, e estudo de 4 casos paradigmáticos, bem e mal sucedidos, atendidos pela rede. Foi constituído um Núcleo Coordenador Local que trabalhou de forma integrada e contínua com a equipe universitária ao longo de todo o processo.
Discussão e Resultados
Foi produzido um diagnóstico reflexivo detalhado do SGDCA e um documento propondo ações estratégicas de curto, médio e longo prazos. Dentre os aspectos analisados no processo, destacamos: falta de conhecimento do papel e função dos setores da rede, demandando implementação de estratégias de integração, interlocução e definição de fluxos; prevalência da lógica do encaminhamento em detrimento da corresponsabilização pelo acolhimento e acompanhamento dos casos; dificuldade de trabalho com as famílias e necessidade de capacitação técnico-ética dos profissionais para abordagem das problemáticas destacadas; urgência do envolvimento da área da educação. A pesquisa agenciou dispositivos concretos para ampliação dos conhecimentos dos trabalhadores sobre a situação da rede local e sobre as problemáticas focalizadas. O resultado mais relevante foi a mobilização dos atores, evidenciado em ações implementadas, tais como a reativação do Fórum Municipal da Criança e do Adolescente, importante articulador da rede, retomada de casos considerados sem solução, vivência e reflexões sobre as trocas de posições, produção coletiva de textos, elaboração de novo projeto de intervenção pela rede.
Conclusões/Considerações Finais
As metodologias participativas, as técnicas grupais e as oficinas possibilitaram o acesso às dimensões psico-afetivas, inerentes às relações sociais e institucionais. Através delas viabilizou-se um processo compartilhado, participativo, auto-reflexivo e produtor de autonomia. Os trabalhadores, nesta troca, conheceram mais a respeito dos recursos territoriais do município e puderam criar vínculos com profissionais que trabalham em diferentes pontos da rede. A partir desse vínculo, os participantes aprofundaram o entendimento dos fatores que atravessam sua prática profissional cotidiana e vislumbraram formas de superar as dificuldades do trabalho. Houve mudança de perspectiva sobre alguns casos paradigmáticos de cuidado pela rede e a percepção de novas possibilidades de manejo. Foi definido um plano de ações estratégicas para o município, que, embora concentradas no campo da saúde e da assistência social, visam à melhoria do trabalho da rede como um todo.
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