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10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 35 - Direitos Humanos, Sofrimento Social e Saúde Mental

11648 - IMPASSES NA ATENÇÃO E PREVENÇÃO DO SUICÍDIO NA SAÚDE PÚBLICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
LUANA LIMA - UNB, CAIO TAVARES - UERJ


Período de Realização da experiência
Maio de 2013 a maio de 2014


Objeto da experiência
O suicídio como processo sócio-histórico se apresenta como um fenômeno de grande complexidade para o campo da saúde pública, especialmente da saúde mental. O presente trabalho registra uma experiência de dois psicólogos durante o estágio intitulado “O Cotidiano do SUS enquanto Princípio Educativo” no Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio (NEPS), do Centro Antiveneno da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB).


Objetivo(s)
Objetivo Geral: Analisar as potencialidades e os limites da prática dos profissionais de saúde no que tange à prevenção do suicídio nas unidades do Sistema Único de Saúde na cidade de Salvador.
Objetivos específicos:
Discutir sobre a abordagem e tratamento dos pacientes que tentaram suicídio desde o seu ingresso no hospital geral.
Explorar os impasses éticos e técnicos dos profissionais de saúde face ao fenômeno do suicídio.
Problematizar o funcionamento das Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio.



Metodologia
Trata-se de um relato de experiência na clínica e política do suicídio, a partir da vivência de dois psicólogos no NEPS. As atividades abarcaram produções sobre a temática, incluindo a formação de um grupo de estudos; atendimento psicológico hospitalar e ambulatorial de orientação psicanalítica a pacientes com ideação ou tentativa de suicídio; discussão e supervisão semanal destes casos, intervenções e reuniões psicoeducativas com familiares dos pacientes; sessões mensais técnico-científicas sobre dados epidemiológicos e toxicológicos, assim como o desenvolvimento do trabalho em rede, através da comunicação com profissionais de outros serviços.


Resultados
Os profissionais de saúde responsáveis pelos primeiros atendimentos após a tentativa de suicídio reproduzem um discurso estigmatizante sobre o ato, bem como adotam condutas impregnadas de julgamentos de cunho patologizante, moral e religioso. Estes repercutem em: negligências no cuidado; deslegitimação do sofrimento dos pacientes - que omitem informações relevantes para o tratamento e são desencorajados a pedir ajuda -; dificuldade no encaminhamento à rede de saúde especializada e baixa adesão ao tratamento. Constatou-se que, além da ausência de capacitação dos profissionais, Salvador dispõe de poucas instituições especializadas, fato que denuncia um déficit na efetivação da política de prevenção de suicídio. O serviço referido neste trabalho, sobrecarregado de demandas, enfrenta impasses éticos e técnicos na gestão de critérios de prioridade de acolhimento, especialmente em função dos diagnósticos psicopatológicos e situacionais, que são elaborados diferentemente pela equipe.


Análise Crítica
A dificuldade de acesso à rede de saúde se apresenta como um dos maiores obstáculos à prevenção do suicídio - política que deveria ser alicerçada por um processo de cogestão e atenção integrada entre CAPS e Atenção Básica. A ausência de capacitação com a temática, especialmente no que tange ao manejo clínico e/ou lotação dos serviços provocam desresponsabilização e encaminhamentos contínuos entre os serviços/profissionais, precarização da assistência e invisibilidade desses usuários, que só conseguem acessar à rede nas emergências e pronto-socorros após uma tentativa de suicídio. A predominância do atendimento emergencial em detrimento da atenção primária, paralelamente às condutas estigmatizantes dos profissionais, acabam por sobrecarregar os serviços especializados, excluindo os indivíduos e potencializando a vulnerabilidade psicossocial destes.


Conclusões e/ou Recomendações
As taxas de óbito por suicídio podem variar de acordo com as atitudes dos profissionais envolvidos no atendimento, especialmente porque, se bem acolhidos nos serviços, a intervenção se configura como um tipo de vínculo, aumentando as chances de continuidade do tratamento. A compreensão do estigma é procedimento eficaz para alicerçar medidas de conscientização e prevenção do suicídio: o reconhecimento da alteridade diminui o impacto da dominação e resistência no campo da saúde mental – que medicaliza, controla e interdita determinados comportamentos - ao passo que pode produzir modos éticos de cuidado.


Realização:



Apoio:




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