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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 5 - Gênero e Sexualidade nas Prisões

11730 - SAÚDE SEXUAL ATRÁS DAS GRADES: UMA EXPERIENCIA COM AS MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE
MARIA DAS GRAÇAS DE MENDONÇA SILVA CALICCHIO - UFMT, LUIZ GUILHERME ARAÚJO GOMES - UFMT, WALTHER ESTEVES LIMA - UFMT


Período de Realização da experiência
De 15 de abril de 2015 a 10 dezembro de 2015, semanalmente, às sextas-feiras, no período vespertino.


Objeto da experiência
A população carcerária feminina no Brasil representa cerca de 7% da população carcerária brasileira, o que corresponde aproximadamente 36 mil presas, sendo a maioria presas por tráfico de drogas (BRASIL, 2013). Encontram-se vulneráveis as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), levando-se em conta situações anteriores ao do cárcere, como relações sexuais com múltiplos parceiros, uso de drogas, violência sexual, confecção e aplicação de tatuagens sem a devida esterilização dos materiais, compartilhamento de agulhas, não uso preservativo. Apresentam dificuldades de acesso a realização do exame de prevenção ao câncer de colo uterino.


Objetivo(s)
Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência vivida por um projeto de extensão universitária, intitulada de Promoção a Saúde Sexual de Mulheres Privadas de Liberdade no Anexo Prisional Estadual Feminino Dr. Oswaldo Florentino Ferreira Leite, no Município de Sinop- MT, do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Sinop, com apoio da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (PROCEV).


Metodologia
As ações de extensão envolveram uma média de 40 mulheres privadas de liberdade, tendo como facilitadores: cinco discentes e um docente do curso de enfermagem, um enfermeiro, uma assistente social, e duas médicas do Anexo Prisional Feminino supracitado, e da equipe multidisciplinar do Serviço Especializado para IST-HIV/AIDS e Hepatites Virais de Sinop. Inicialmente, as atividades foram pautadas na proposta dialógico-pedagógico com as mulheres privadas de liberdade, a fim de construir concepções sobre as IST, e a percepção de risco, e desta compreensão, surge a oportunidade de difundir entre as colegas do cárcere, as construções apreendidas e, assim, tornando-as multiplicadoras da saúde sexual. Na sequência as ações voltaram-se ao desvelar de formas de cuidar sobre si, por meio do acesso ao diagnóstico precoce ao HIV, Sífilis e Hepatites Virais com a realização dos testes rápidos, e ao câncer de colo uterino com a coleta de citologia oncótica.


Resultados
As experiências vividas resultaram na oportunidade de (re)pensar sobre a vida sexual, e a busca pela autonomia sobre o corpo. O processo aglutinou saberes dos profissionais de saúde, das mulheres privadas de liberdade e dos trabalhadores do sistema saúde/prisional, valorizando a capacidade de protagonismo em um ambiente hostilizado e opressor. Entre dialogantes e dialogados, ascenderam a construção de novos, e/ou a retomada de antigos saberes, aflorando entre as mulheres privadas de liberdade, a vontade de se cuidar, de se humanizar, de se emancipar, alavancando a autonomia e a vida sexual exposta em um espaço de aprisionamento. Desvelando o cuidar de si, e do outro, por meio do acesso as ações de prevenção e ao diagnóstico precoce as IST, e ao câncer de colo uterino, e desta forma, reavendo as condições de saúde sexual, abrindo-se para agir em saúde com a efetivação de ações de promoção a saúde sexual.


Análise Crítica
No cárcere o mecanismo central é a incidência da disciplina, de poder sobre o corpo do individuo ou indivíduo-corpo, e a partir da tecnologia política dos corpos individuais, insere uma série de controles, vigilâncias, exames que regem e penetram profundamente, repercutindo principalmente as questões de gênero, e muitos são os preconceitos e censuras aos indivíduos em situação de prisão em relação à vida sexual. Diante da condição de seres sexuados, possuidores da consciência-corpo, com capacidade de enfrentar a realidade interna de aprisionamento, são seres humanos responsáveis pela afetividade social e sexual, com condições de viver uma vida sexual saudável, dotada da capacidade de multiplicar informações, uma vez que são empoderadas de conhecimento, e, nesta as doenças de cunho sexual, são capazes de desenvolver no seu cotidiano ações de promoção a saúde sexual dentro e fora do cárcere por se apresentarem como seres pensantes e autônomas de sua vida sexual.


Conclusões e/ou Recomendações
As atividades propostas foram relevantes para a efetivação da saúde sexual em mulheres privadas de liberdade, tornando esta, algo diferenciado para o público destinado, diante da pouca efetividade de programas de promoção a saúde sexual e de prevenção as IST. A experiência com a realidade do mundo fora do contexto acadêmico, e de instituições de saúde, além de fortalecer os laços entre universidade e sociedade, tornaram-se uma experiência singular e única, assim, acrescenta-se as palavras de Bondía (2002, p.23) “a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca”.


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