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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 14 - Prevenções Emergentes: Sobre Testagem, Medicamentos e Tratamento

11813 - UMA VIDA QUE SE INVENTA NA GESTAÇÃO: PRODUÇÃO DO CUIDADO DE UMA MULHER VIVENDO COM HIV/AIDS
DIEGO DA SILVA MEDEIROS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE, MONALISA RODRIGUES CRUZ - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE, TULIO BATISTA FRANCO - UFF, MARIA SALETE BESSA JORGE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE


Apresentação/Introdução
A emergência da Rede Cegonha (RC) na esteira das Redes de Atenção à Saúde (RAS) no ano de 2011 estabelece conversações com o um cenário de cuidado materno-infantil marcado pela excessiva medicalização da vida das gestantes, baixa satisfação das usuárias, elevado índice de partos cesarianos e acentuada mortalidade perinatal. A gestação de mulheres com HIV/aids tangencia a RC a partir do pré-natal com a oferta de teste diagnóstico para HIV e outras DST, passando pela profilaxia com a terapia antirretroviral (TARV), o parto e o puerpério. A experiência do cuidado destas gestantes que vivem com HIV/aids tensionam as redes de atenção, principalmente na atenção primária em saúde (APS). A produção do cuidado é sempre uma prática singular e escapa a mera observância da norma protocolar de cuidado e, ainda, problematiza o protagonismo dos sujeitos envolvidos. Os profissionais de saúde, gestores e usuários dos serviços de saúde não encarnam uma identidade dada e verificável, mas um agenciamento que se molda no encontro. A pesquisa se debruça sobre os encontros que as mulheres vivendo com HIV/aids tecem em suas redes vivas na experiência da gestação, estes produzem cuidado.


Objetivos
Mapear a experiência da produção do cuidado de uma gestante vivendo com HIV/aids a partir da Rede Cegonha.


Metodologia
Este é um estudo cartográfico, conceito operado por Deleuze e Guattari para produzir saberes lançando mão de uma multiplicidade de elementos que não se definem a priori, tudo pode compor este mapa analítico desde que esteja em relação com o problema de pesquisa que mobiliza o cartógrafo. Na cartografia não há roteiro seguro de pesquisa e privilegia o encontro a partir do território existencial dos sujeitos. Estes encontros vão tecendo múltiplas linhas que se conectam entre si, móveis, sem origem ou fim que as definam. No primeiro momento, é realizada uma oficina de apresentação da pesquisa para gestores e profissionais de saúde que atuam na RC. Os presentes são estimulados a socializar casos complexos de usuárias que tensionam a RC. Destes casos foi eleita a usuária guia que disparou a cartografia das redes vivas de cuidado que ela inventava. Foram realizadas entrevistas em profundidade com registro em áudio, observação participante, confecção de diário de campo e análise de documentos.


Discussão e Resultados
A usuária guia é uma mulher chamada Flavia de 29 anos, vive com HIV/aids desde 2009, assintomática vivenciou três gestações, casada com esposo sorodiscordante, professa a religião protestante, acredita-se curada por Deus e é refratária aos cuidados ofertados na APS. Na primeira e segunda gestação não realizou o pré-natal na APS, apenas na terceira gestação, no ano de 2013, realizou parte do pré-natal e puérperio na Unidade Básica de Saúde (UBS). Flavia se descobriu com HIV na primeira gestão, desde então esta condição era definidora da produção do seu cuidado. O receio de transmitir ao esposo e filhos e que sua vida fosse devassada pela comunidade que atuava, inclusive a religiosa, devido o estigma de viver com HIV era uma barreira para o acesso ao cuidado protocolar da RC. Os profissionais de saúde da UBS não compreendiam a negativa da oferta de cuidados e iniciaram processo de ameaça de retiradas de benefícios de complemento de renda e denúncias a órgãos públicos para poder exercer o cuidado. Flavia era submetida à medicalização da vida e se posicionava como desviante, o cuidado que ela produzia atravessava sua existência e tensionava as RAS.


Conclusões/Considerações Finais
O mapeamento do cuidado está sempre em processo, não há um ponto de chegada, mas uma singular forma da Flavia e os profissionais de saúde criar suas redes vivas de cuidado a partir da relação e dos encontros que vão tecendo. A cartografia interessa-se pela produção que a relação entre os sujeitos engendra em ininterruptas relações de força. Sob o pretexto de cuidar da criança, os profissionais de saúde, envoltos no saber e poder biomédico, almejam praticar um cuidado que lança mão de microfascismos, a saber, violências que submetem o corpo da mulher e de seus familiares à normatização protocolar. A vida intensiva dos sujeitos que inventam o cuidado sempre escapa à norma protocolar que deseja gerir a vida, torná-la útil e produtiva. Um cuidado vitalizador e que afirme a vida não cabe apenas na norma que institui a Rede Cegonha, mas na caixa de ferramentas que os sujeitos dispõem na confecção do seu território existencial.


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