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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 28 - Saúde Mental e Trabalho

11845 - TRABALHO, VÍNCULO E SATISFAÇÃO DE MÉDICOS E ENFERMEIROS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
JOSUÉ SOUZA GLERIANO - UNEMAT, ALFÉSIO LUIZ FERREIRA BRAGA - UNISANTOS, LÍGIA MARIA CASTELO BRANCO DA FONSECA - UNISANTOS, LOURDES CONCEIÇÃO MARTINS - UNISANTOS


Apresentação/Introdução
Marx (1982) considera o processo de trabalho em três dimensões: a finalidade a que o trabalho é proposto ao objeto que será transformado e os instrumentos que auxiliaram nessa transformação. Como o trabalho é um processo o ser humano através de suas ações pode impulsionar, regular e controlar. Na saúde a finalidade do trabalho é a ação terapêutica tanto no objeto de ação cuidar como de educar (Pires, 2008, 2009) capazes de traduzir orientações de condutas, maneiras de organização e de saberes para a realização do trabalho. Uma das abordagens para o desempenho no trabalho tem sido a satisfação do profissional na dimensão do seu trabalho. A satisfação é um conceito complexo e subjetivo e relaciona-a com vários fatores destacam-se a expectativa, valores, problemas encontrados, poder de resolutividade, comprometimento e compromisso, salário, segurança no emprego suscitando para a análise várias percepções e que a definição depende do referencial teórico adotado, traduzidas desde os fatores externos (salário e condições de trabalho) à concepção que contemplam a subjetividade do trabalhador (Martinez, Paraguay, 2003, Vieira, et. al. 2004, Gonçalves, 2010).


Objetivos
Apresentar o vínculo e a satisfação de enfermeiros e médicos no trabalho na Atenção Primária à Saúde.


Metodologia
Tratou-se de um estudo transversal (CEP - nº452.727/2013) realizado através de questionário estruturado desenvolvido pelo Telessaúde Brasil e auto-aplicado em todas as unidades de saúde do município de Guarujá, S.P. no ano de 2014. O município contava com 13 Unidades Básicas de Saúde e 10 Unidades Saúde da Família (CNES-DATASUS, 2014). Percebeu-se que a expansão da Estratégia Saúde da Família era recente, tendo a adoção de transformar algumas unidades básicas na modalidade estratégia, processo que procedeu no transcorrer de um ano mais ou menos por serviço de terceirização. Participaram 62 profissionais, 61,3% enfermeiros e 38,7% médicos e destes 78,2% eram vinculados a unidade de saúde da família e encontravam-se contratados por uma Organização Social de Saúde. Incluíram-se médicos pertencentes ao programa Mais Médicos, que estavam lotados nas unidades básicas de saúde. Realizou a análise descritiva, teste de Qui-quadrado, e teste U Mann-Whitney com o nível de significância de 5%.


Discussão e Resultados
A maior prevalência são do sexo feminino e cor branca, casados/união estável para enfermeiros e solteiros para médicos. Ambos com vínculo empregatício de CLT. A formação dos enfermeiros se deu em maior prevalência em instituição privada e para médicos na pública. Percebe-se formação continuada na área específica somente nos profissionais enfermeiros e maior vínculo de tempo de trabalho na atenção básica pelos médicos. Identificou que em maior prevalência os médicos possuem mais tempo de vínculo no município e discreta rotatividade de enfermeiros. Em relação à satisfação médicos consideram ruim em relação ao coordenador do serviço de atenção e, enfermeiros bom. Ao relacionamento entre os membros da equipe, entre a comunidade e seu serviço, com o seu trabalho na unidade, com seu vínculo empregatício ambos consideraram bom. Para o sistema de saúde do município médicos julgou bom e enfermeiros classificaram como regular. Ambos profissionais não obtiveram nenhum bônus por experiência, qualificação ou alcance de metas. Médicos chegam a trabalhar no máximo em quatro empregos totalizando cerca de 100 horas semanais e enfermeiros no máximo em dois totalizando 88 horas semanais.


Conclusões/Considerações Finais
É possível inferir que a construção da APS nesse município, mesmo em expansão, se consolidou com um fraco vínculo do serviço em seu território, uma vez que esses profissionais não estão seguramente alocados em seus postos de trabalho. A não fixação de profissionais nos serviços ordenadores do cuidado tem se apresentado como um dos empecilhos no fortalecimento da verdadeira ação da APS no território. Não é possível apenas um olhar macro da maior prevalência, pois as outras respostas representam também contribuição para análise. Notou-se que algumas especificidades se somadas à classificação ruim e regular, como no caso do salário, do vínculo e com o serviço de saúde expressariam a maior prevalência. Integrar profissionais no planejamento, principalmente quando esses avaliam o serviço em regular, pode apontar caminhos de aproximação principalmente da gestão dos problemas reais tanto organizacionais como de compreensão da prática de trabalho.


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