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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 28 - Saúde, Produção e Trabalho

11893 - TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS SERVIDORES DA FUNDAÇÃO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DO RIO GRANDE DO SUL
INAIARA KERSTING - UFRGS, PAULO ANTONIO BARROS OLIVEIRA - UFRGS, FERNANDO RIBAS FEIJÓ - UFRGS


Apresentação/Introdução
A Fase é uma fundação do Estado do Rio Grande do Sul e possui características muito peculiares, permeada por questões políticas desde sua constituição e uma história de transformações ao longo dos anos. No passado, com nome de Febem, a mesma instituição possuía um caráter bastante disciplinador e a violência era comum. A partir de 2002 ocorreu uma reformulação e políticas como ECA e SINASE, entre outras, vieram dar suporte ao novo modelo de atendimento. O presente trabalho se propôs a compreender, através da percepção dos próprios servidores, a forma que o trabalho na FASE influencia a saúde mental dos seus servidores e de que forma a organização do trabalho está implicada nesse processo. A Psicodinâmica do Trabalho de Dejours (1992), nos ajuda a pensar essas questões pois, conforme Merlo (2002), está voltada para a análise da coletividade e para a organização do trabalho a qual os indivíduos estão submetidos e nos dá uma visão do conceito de sofrimento psíquico como uma vivência subjetiva, sendo este, algo intermediário entre a doença mental e o bem estar psíquico. Este trabalho é parte da pesquisa de mestrado realizado desde 2014, com os servidores da FASE/RS.


Objetivos
Este estudo teve como objetivo principal compreender qual a influência do trabalho na saúde mental dos trabalhadores da Fase/RS e, a partir das considerações do mesmo, proporcionar à instituição informações qualificadas capazes de subsidiar políticas de melhorias e adequações que poderão ser assim melhor direcionadas.
Os objetivos específicos foram conhecer as percepções dos servidores sobre seu ambiente de trabalho; identificar os efeitos da organização do trabalho no cotidiano dos servidores e identificar as motivações que fazem com que permaneçam na instituição.




Metodologia
Este é um estudo qualitativo, que consistiu em analisar as percepções e opiniões dos sujeitos, composto por observações, diários de campo e entrevistas compreensivas realizadas com 14 sujeitos, lotados nas unidades SEDE, Comunidade Sócio Educativa (CSE) e Centro de Atendimento Socioeducativo Regional de Porto Alegre (CASE POA I), na capital. Estas unidades foram escolhidas devido suas peculiaridades e representatividade. O número de entrevistados seguiu critério de saturação (MINAYO, 2008) e foram pessoas de áreas distintas, com diferentes hierarquias e tempo de permanência na instituição. As entrevistas foram gravadas mediante concordância dos entrevistados e os mesmos assinaram um TCLE. As entrevistas geraram um total de 21h16m32s de gravações, que após transcrição, transformaram-se em 266 páginas, escritas no formato calibri, tamanho 12, justificado e com espaço simples. Para os resultados utilizou-se a análise de conteúdo de Bardin (2011) e o software N-VIVO, versão 11 Starter.


Discussão e Resultados
Os principais resultados foram vulnerabilidade elevada dos servidores e uma lacuna importante no que se refere à saúde do trabalhador na instituição. As situações de sofrimento gerado pelo excesso de horas extras está configurado como um dos pontos nevrálgicos do sistema. Déficit de funcionários, falta de controle nos processos de trabalho e a dependência salarial das horas extras faz com que um número significativo de trabalhadores abdiquem de sua qualidade de vida em prol de adquirir bens e prover as famílias com maior conforto. Esse processo, juntamente com as precárias condições de trabalho e a falta de políticas de saúde do trabalhador acaba desencadeando um elevado número de afastamentos por questões de saúde mental e sofrimento psíquico no trabalho. Podemos inferir que o elevado número de horas extras e demais questões como estresse, tensão constante pelo medo real e imaginário, além da elevada carga de trabalho são alguns dos fatores provocadores de sofrimento e adoecimento. Questões como a possibilidade de criação, autonomia nas decisões, diminuição no número de horas extras e uma politica de saúde focada na prevenção figuram como possíveis soluções.


Conclusões/Considerações Finais
A partir do exposto tornam-se urgentes intervenções e melhorias na organização do trabalho dessa população e nas condições de trabalho da Instituição. Pensando nisso, uma parceria com o SESMT já foi iniciada e esta pesquisa, assim como outras anteriores (FEIJÓ, 2015; GRECO, 2011) realizadas na mesma instituição, têm servido de dados para que este processo seja o mais sumário possível. Falar em intervenção e ações diretas em saúde do trabalhador sem se preocupar com a integridade física, moral e psicológica de todos os envolvidos seria leviano, no entanto deixar de tratar sobre o tema é deixar essa população de trabalhadores em uma posição de esquecimento, como um deles sabiamente colocou “estamos no limbo entre a população prisional, a educacional e os adolescentes”. Sendo assim, a necessidade de estabelecer uma política de saúde do trabalhador com atenção a saúde mental na instituição é iminente.


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