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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 14 - Ativismo e Serviços: Lutas Paralelas para uma Agenda Comum

11925 - MEMÓRIAS, HISTÓRIAS E LINGUAGENS DA DOR E DA LUTA NO ATIVISMO BIOSSOCIAL BRASILEIRO DE HIV/AIDS
CARLOS GUILHERME OCTAVIANO DO VALLE - UFRN


Apresentação/Introdução
Dentre os diversos modos de entendimento da epidemia do HIV/AIDS, as considerações a respeito do tempo, da memória e da historicidade dos processos sociais estiveram, mais diretamente ou não, sempre presentes. Poderia ser no caso da reconstrução das formas de infecção do HIV, da descoberta do status sorológico e da testagem, mas poderia descortinar as histórias e as trajetórias de vida, além das relações a elas referidas. Desde a primeira década do século XXI, muitas entidades civis brasileiras que atuam mais diretamente na mobilização societária e política em torno da epidemia têm se voltado para questões que envolvem tempo, história e memória, o que têm evidentes implicações em termos dos modos de se fazer política. São, sobretudo, organizações não governamentais (ONGs Aids), grupos de ajuda mútua e redes de pessoas vivendo com HIV/Aids que têm ressaltado essas questões, pois elas envolvem a importância da continuidade das próprias entidades e coletivos, mas ainda recuperam uma história que ainda não foi ultrapassada e precisa ser continuamente recuperada.


Objetivos
Esta trabalho pretende discutir os modos que a epidemia do HIV/AIDS vem sendo reconstruída em relação à sua história e suas memórias a partir do ativismo biossocial que se particularizou no contexto brasileiro. Estamos considerando, portanto, formas organizacionais cujos participantes tiveram modos diferenciados (por múltiplos marcadores sociais da diferença) de lidar com a epidemia e, assim, têm respondido diferencialmente a questões de tempo, história e memória da AIDS. Pretendo recuperar as modulações mais recentes de se fazer política/ativismo e sua relação com uma linguagem das emoções.


Metodologia
A pesquisa está pautada em dois modos de coleta e análise de dados. Em primeiro lugar, estou me apoiando em pesquisa documental, que abarca literatura das Ciências Sociais e Humanas, e suas áreas afins, voltada às questões de HIV/AIDS, mas complementada com uma produção cultural sobre a epidemia, o que inclui filmes documentários realizados nos últimos 10 anos. Em segundo lugar, realizei pesquisa etnográfica em eventos ativistas e congressos científicos onde história e memória da epidemia de HIV/AIDS foram consideradas objetivamente de diversas formas (ritualizações, atividades específicas e performances culturais; depoimentos e “testemunhos”, etc.). Estou me referindo a eventos ativistas, sobretudo, os Encontros Nacionais de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS, mas incluo também pesquisa etnográfica, realizada a partir de 2009, em uma importante ONG AIDS brasileira, sediada no Rio de Janeiro. Conversas com pessoas HIV+ e ativistas permitiram adensar a pesquisa etnográfica.


Discussão e Resultados
Para muitos, no país e no exterior, o modelo brasileiro de enfrentamento da AIDS alcançou um patamar bem sucedido de respostas político-administrativas de saúde pública. Contudo, o ativismo biossocial brasileiro de HIV/AIDS tem mantido uma posição de reserva e mesmo confrontação diante dos desdobramentos de tais respostas e da política governamental frente à epidemia. O movimento social tem valorizado a história e o tempo de “luta contra a AIDS” e, assim, vem organizando eventos, comemorações, festas e celebrações para lembrar e festejar a existência de ONGs e entidades civis que completaram 25 a 30 anos de existência em uma linha de continuidade não exatamente tranquila. A valorização de antigas lideranças está presente nos eventos etnografados. Além disso, deve-se considerar as inúmeras perdas de membros voluntários e da equipe dirigente, dos investimentos societários que foram feitos, ao longo dos anos, e da instabilidade de manutenção dos grupos, em termos de seu espaço físico, da obtenção de recursos econômico-financeiros, mesmo da continuidade do pessoal administrativo.


Conclusões/Considerações Finais
Essa retomada ‘histórica’ sobre o impacto da epidemia da Aids não acontece apenas no país. Trata-se de um modo específico de lidar com as perdas e conquistas do ativismo biossocial em sua quarta década de existência. Um enquadramento da memória vem sendo agenciado em termos cada vez mais intensificados a fim de criar compromisso societário, participação política e emocionalidade entre os participantes do movimento social, sejam eles antigos ativistas ou membros mais novos, atuantes em um contexto específico da epidemia. Além disso, é preciso destacar que esse “trabalho emocional” da memória e da história da AIDS não implica que sejam apresentados sem seleção, recortes, releituras e a resemantização do passado. Em razão disso, há uma produção intelectual e cultural continuada (em textos e imagens), que se associa aos modos de mobilização sociopolítica e ativista.


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