11/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 14 - Experiência do Viver com HIV-AIDS |
11953 - O CUIDADO SINGULAR PRODUZIDO NO ENCONTRO: A EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO DE ADESÃO EM HIV/AIDS MALENA GADELHA CAVALCANTE - FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU, DIEGO DA SILVA MEDEIROS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE
Período de Realização da experiência Esta experiência está temporalmente compreendida no período de maio de 2013 a maio de 2016.
Objeto da experiência O objeto da experiência é a produção do cuidado no encontro entre as pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) , profissionais de saúde e convidados que atuam no Grupo de Adesão (GA) de um Serviço de Atendimento Especializado em HIV/aids (SAE) instalado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). A temática disparadora das atividades de GA é a adesão à terapia antirretroviral (TARV) e obstáculos a sua consecução por parte de alguns usuários do serviço de saúde, no entanto, não se resume a esta temática. O cuidado integral dos praticantes do GA passou a ser a temática que anima os encontros.
Objetivo(s) Fomentar o protagonismo dos praticantes do Grupo de Adesão na produção do cuidado das pessoas que vivem com HIV/Aids.
Metodologia A equipe do SAE identifica os usuários que se referem a obstáculos para acessar o serviço de saúde e àqueles que não conseguem aderir ao TARV. Identificados estes usuários no cotidiano do serviço, os mesmos são convidados a compor o GA que se articula semanalmente nas dependências da UBS. Os usuários que possuem uma boa adesão ao tratamento também são convidados a compor o grupo. O grupo é composto por 19 (dezenove) usuários do serviço e 04 (quatro) profissionais de saúde, membros fixos da equipe e, ainda, pessoas convidadas para animar os encontros que acontecem mensalmente nas dependências da UBS utilizando temáticas distintas e inventivas, muitas destas propostas pelos próprios usuários. As temáticas são definidas no encontro anterior e as vivências são protagonizadas pelos membros do grupo que possuem maior afinidade com o tema alcançando o maior número de participantes possível. As experiências em algumas ocasiões extrapolam os muros da UBS em passeios e encontros pela cidade.
Resultados A partir dos encontros proporcionados pelo GA os relatos dos usuários apontaram principalmente para a mudança de hábitos. Usuários relatam abandono ou redução de vícios como álcool e cigarro, adoção de hábitos saudáveis de vida como melhora da qualidade da alimentação e prática de atividade física o que lhes conferiram uma maior sensação de saúde e consequente aumento da qualidade de vida. Apontam, também, para uma regularidade no uso dos medicamentos antirretrovirais. Os usuários relacionaram as mudanças estimuladas pelo GA com a melhora dos resultados dos seus exames laboratoriais como o aumento do valor de CD-4 e a redução da carga viral. Há, ainda, relatos de melhora do estado psicológico e aceitação do próprio estado de saúde por compreender que é possível conviver e viver com HIV. Por fim, expuseram que a convivência com o grupo possibilita conhecer a história de outras pessoas em situação semelhante, produzindo maior conforto e sensação de segurança por vincular-se aos pares.
Análise Crítica A experiência viva dos encontros entre PVHA, profissionais de saúde e convidados produz saúde. O GA extrapolou a mera observância à norma do cuidado protocolar, mesmo que tenha partido desta que é a adesão à TARV, previsto no tratamento da infecção pelo HIV/Aids. Os resultados desta experiência pautada no encontro e na inventividade fomentada pelo protagonismo dos praticantes do GA evidencia que a vida com HIV/Aids não é somente um evento viral, mas uma produção ininterrupta de subjetividade que lida com as linhas que engendram os território existenciais. Com efeito, a produção do cuidado é sempre singular, lança mão de uma série de elementos que não são manipuláveis apenas pela legitimidade das práticas formais de saúde. A vida dos usuários dos serviços de saúde traz em seu bojo uma potência para lidar com algo que eventualmente os desvitalizem, bem como a vida dos profissionais de saúde que, nos encontros, podem construir um projeto terapêutico que afirme a vida.
Conclusões e/ou Recomendações O relato desta experiência aponta para a multiplicidade na qual a vida está inserida. Uma proposta terapêutica que não estabeleça conexões com a diferença que emana da vida dos usuários de saúde pode perder a vitalidade. A articulação entre as práticas formais de saúde e o cuidado que é produzido singularmente nos encontros é fundamental para uma resposta significativa no quadro de saúde das pessoas que vivem com HIV/Aids.
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