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Grupos Temáticos

12/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 39 - Minorias Étnicas/Saúde Indígena/Interculturalidade

12059 - A ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE CARAÍBAS NO DISTRITO SANITÁRIO ESPECIAL INDÍGENA DO XINGU - DSEIX
REGINALDO SILVA DE ARAUJO - ISC/UFMT


Apresentação/Introdução
A criação do Subsistema de atenção diferenciada à saúde indígena, implantado a partir de 1999 pelo Ministério da Saúde, através da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), resultou de esforços reivindicatórios das lideranças indígenas que a partir dos seus fóruns conseguiram ver parte de suas pautas no campo da saúde incorporadas pelo Governo Federal. Portanto, foi a partir de preceitos reivindicados pelos líderes indígenas – inscritos na Constituição de 1988 e regulamentados através de legislações que tratam das políticas sanitárias ofertadas aos grupos no país – que, implementou-se, por meio dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI/FUNASA), a Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena (PNASPI), garantindo-se a esses Povos – através de um Subsistema integrado ao SUS – a “atenção diferenciada”. Dentre os 34 Distritos implantados ao longo do território nacional, os grupos aldeados nas Terras Indígenas do Xingu, assistidos historicamente por serviços de saúde – supostamente modelar – da Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP) – foram os primeiros usuários indígenas a receber a assistência à saúde por meio do novo modelo sanitário.


Objetivos
No Alto Xingu, espaço considerado de pluralidade de grupos étnicos, conseqüentemente, de intermedicalidade, buscou-se investigar as formas de atuação dos profissionais de saúde formados a partir de um modelo biomédico, junto aos usuários aldeados. Observou-se ainda, como os profissionais apreendem e lidam com as formas de adoecimento, cura e itinerários terapêuticos apresentados pelos indígenas, como também, investigou-se, como os usuários locais incorporam os serviços de saúde ofertados pelo Estado e executados por profissionais brancos (caraíbas), e as expectativas presentes no movimento.


Metodologia
Para alcançar os objetivos propostos neste estudo, a investigação etnográfica foi privilegiada, construindo-se, assim, uma pesquisa de cunho eminentemente qualitativo. Desse modo, os dados foram coletados com a aplicação dos seguintes instrumentos: observação participante a partir da rotina de trabalho exercida pelos profissionais de saúde em área indígena, bem como, em encontros, seminários e reuniões que discutiram e avaliaram as condições de saúde oferecidas às populações indígenas xinguanas, com foco nos discursos e nas condutas dos atores sociais ligados à problemática; entrevistas temáticas, estruturadas ou não, com os agentes responsáveis pela implantação e gestão das políticas públicas de saúde indígena, com os membros ligados às organizações que executam a atenção básica na região do Alto Xingu, e também com os ativistas das principais entidades representativas das organizações indígenas local.


Discussão e Resultados
O processo terapêutico entre os Alto Xinguanos, não é caracterizado por um simples consenso – é mais bem entendido como uma sequência de decisões e negociações entre várias pessoas e grupos com interpretações divergentes a respeito da identificação da doença e da escolha da terapia adequada. No cenário, a pesquisa revela como as equipes de saúde atuantes junto aos aldeados impõem hierarquicamente – mesmo com um discurso de respeito às “crenças” e à “cultura indígena” – seus conhecimentos técnico-científicos em contraponto aos saberes nativos. De um modo geral, esses profissionais não estão abertos a entender e aceitar os itinerários terapêuticos utilizados pelos pajés, permitindo a incorporação das práticas da medicina tradicional apenas em algumas situações de adoecimento considerada de menor importância. A condicionante colocada por alguns curadores de que o paciente só deve sair da aldeia após o processo de “cura”, que em geral dura até três dias, e a obediência às suas prescrições, é vista como demonstração de uma mentalidade primitiva e atrasada, que só vem a atrapalhar os casos em que haja necessidade de remoção.


Conclusões/Considerações Finais
Além, de observar a dificuldade dos profissionais brancos - “caraíbas”, em aceitar outras explicações sobre adoecimento e, consequentemente, outros itinerários terapêuticos, resultando, em constantes conflitos junto aos aldeados indígenas, chamou a atenção, o fato desses usuários ao incorporar os serviços de saúde ofertados pelo Estado, partirem de uma “lógica complementar” aos demais modelos terapêuticos nativos. Todavia, essa etnografia revela, também, “desencontros” entre as perspectivas dos aldeados para com os serviços de saúde estatal - um modelo que contaria com serviços hospitalares, atendimentos médicos e ações curativas dentro das áreas indígenas – e o executado pelos profissionais da Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP), que priorizou ações de promoção e prevenção em saúde preconizada pelo SUS.


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