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Grupos Temáticos

12/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 16 - Corpo, Cuidado em Saúde, Identidades e os Marcadores da Diferença

12129 - “FECHA ESSA PERNINHA PORQUE FOI ASSIM QUE VOCÊ PEGOU ESSA BARRIGA”: A QUESTÃO DE GÊNERO NA ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA.
NATÁLIA R. SALIM - UFSCAR, MARIANA DE GEA GERVASIO - EACH-USP, GLAUCE C. SOARES - EE-USP


Apresentação/Introdução
O campo da obstetrícia, intrinsicamente ligado à história das mulheres e da medicina tem passado por amplas discussões e tensionamentos, sendo parte constante da agenda das políticas de saúde. Historicamente, a obstetrícia no Brasil é marcada pela hegemonia médica e hospitalocêntrica, na qual as mulheres são “desprovidas” do seu corpo, e se tornam meramente coadjuvantes no processo do parto. Esse campo tem um forte viés de gênero. Ao mesmo tempo em que a maternidade é tão naturalizada para as mulheres, o direito ao corpo, autonomia e escolhas não são elementos associados à elas, mas aos profissionais, uma vez que eles são os principais “atores” do processo do nascimento. Assim sendo, tanto o movimento feminista quanto os movimentos de humanização do parto, fomentam iniciativas, pautas e debates na busca de mudança nos locais de nascimento. Essa mudança vai para além da extinção de práticas obstétricas desatualizadas. A mudança também ocorre no sentido de problematizar o campo da obstetrícia enquanto reprodutor de desigualdade de gênero, favorecendo o exercício de autonomia, fortalecimento e reconhecimento da mulher enquanto sujeito de direitos.


Objetivos
Este trabalho tem como objetivo revisitar, através da perspectiva de gênero, parte dos resultados de uma pesquisa de doutorado intitulada “Contextos de nascimento: experiências, sentidos e práticas de cuidado”, no qual foram selecionadas as vozes de mulheres relativas à atenção obstétrica em dois hospitais localizados em um distrito da cidade de São Paulo.


Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo que utilizou a abordagem etnográfica. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas, observação participante e anotações em diário de campo.


Discussão e Resultados
Os resultados desse estudo mostram a forma que as relações e as práticas nos locais de nascimento refletem diretamente na vivência das mulheres. As questões de gênero estão presentes no cotidiano dos serviços muitas vezes de forma velada e sem possibilidades de reflexão e problematização. Não há espaços para discussão sobre essa temática e, no geral acaba-se reproduzindo as desigualdades. A maternidade é vista como algo instintivo e natural da mulher. As falas das entrevistadas sugerem que a temática dos direitos sexuais e reprodutivos pouco aparecem nas práticas profissionais. No momento do parto, é evidente como a tomada de decisão sobre o próprio corpo é negado às mulheres, tendo como justificativa para isso, o saber/poder do discurso médico em “superioridade” à autonomia das mulheres. Algumas práticas obstétricas também aparecem fortemente atreladas à questão de gênero no momento em que são reproduzidos discursos e técnicas que suprimem os direitos das mulheres. O puerpério é pouco explorado pelos profissionais da saúde e geralmente onde as mulheres mais apresentam dificuldades, reforçando o estereótipo da naturalização da maternidade.


Conclusões/Considerações Finais
Colocar em prática as políticas e diretrizes dos programas de saúde da mulher no cotidiano dos serviços de atenção obstétrica se mostra um grande desafio. Tensionar novas práticas na assistência, como especificam as propostas feministas e do movimento da humanização, no qual colocam a mulher no centro da assistencia como protagonista, vai além da mudança das técnicas. Deve-se pautar nos serviços a questão de gênero, enquanto reconhecimento da mulher como sujeito de direitos, buscando como plano de fundo a transformação das desigualdades que permeiam os serviços, desconstruir a naturalização da mulher, principalmente no contexto da maternidade, com base nos direitos sexuais e reprodutivos. É preciso fomentar já na graduação a formação para a temática de gênero, incluindo nos currículos do ensino superior debates que promovam uma reflexão sobre o tema.


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