10/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 6 - Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Primária em Saúde I |
11015 - OS SENTIDOS POSITIVOS DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES PARA USUÁRIOS ATRIBUIDOS POR GESTORES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ELLEN SYNTHIA FERNANDES DE OLIVEIRA - UFG, BIANCA STELLA RODRIGUES - UNICAMP, NELSON FILICE DE BARROS - UNICAMP
Apresentação/Introdução A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza a inserção da Medicina Alternativa Complementar (MAC) nos sistemas nacionais de saúde de seus países membros, no entanto a sua implantação no Brasil, que conta com uma Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) desde 2006, tem se dado de forma lenta. A partir das experiências já existentes na rede pública de serviços de saúde e tendo em conta também a crescente legitimação por parte da sociedade a PNPIC incorporou ao Sistema Único de Saúde (SUS) a Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, Fitoterapia, Homeopatia, Termalismo/Crenoterapia e Medicina Antroposófica.
Objetivos Analisar os sentidos positivos da oferta das Práticas Integrativas e Complementares, para os usuários dos serviços, atribuídos por gestores de Unidades Básicas de Saúde dos 20 municípios da Região Metropolitana de Campinas.
Metodologia Este trabalho é parte do projeto “As Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares nos serviços de Atenção Primária em Saúde na Região Metropolitana de Campinas/SP”, no qual foram realizadas 236 entrevistas telefônicas com roteiro semi-estruturado com gestores e identificadas 117 Unidades Básicas de Saúde ofertando alguma PIC. Entre outras questões o roteiro trouxe uma pergunta direcionada a “Quais os aspectos positivos do desenvolvimento das PIC na APS para os usuários? Por quê?”, com a qual coletamos os sentidos positivos atribuídos pelos 117 gestores de serviços de saúde com PIC na Atenção Primária em Saúde dos 20 municípios da Região Metropolitana de Campinas. As entrevistas foram gravadas, transcritas, os dados tratados com a técnica de análise temática do conteúdo e interpretados à luz da tradição sociológica.
Discussão e Resultados Os sentidos atribuídos estão associados a:
a) melhora dos aspectos físicos relacionados com as doenças e dor crônica
“porque para as dores crônicas a analgesia com medicamento acaba sendo uma coisa que não tem fim e chega um momento que o usuário até se cansa de tomar medicação.... então eles partem para essa alternativa que eu vejo um bom resultado, uma boa melhora.” (46)
b) melhora dos aspectos emocionais e aumento da autoestima
“mexe com a mente (...) e quando eles retornam para casa voltam com um equilíbrio interno que é suficiente para suportar até [o próximo encontro] do grupo.” (241)
c) aumento da autonomia promovendo o autocuidado
“o vínculo dele [PACIENTE] já é diferente, ele não vem aqui passivo, com uma lógica de mercado. (...) Ele entende que é um agente da saúde dele... então ele sai daquele negócio que você sabe tudo e o paciente não sabe nada, é só passivo.” (242)
d) redução do consumo de medicamentos e diminuição da demanda de consultas com profissionais “com estas práticas houve diminuição da procura destes pacientes que vinham pro atendimento médico. Acho que a quantidade de medicação que estes pacientes utilizavam também teve uma melhora.” (234)
Conclusões/Considerações Finais Os entrevistados apontaram a melhora de aspectos físicos e emocionais dos pacientes, a diminuição da medicação e a redução das visitas à Unidade Básica de Saúde. Observaram, ainda, que as PIC além de serem mais uma alternativa de tratamento, promovem a socialização e a ampliação de autonomia e capacidade de auto-cuidado. Por fim, pode-se inferir que os gestores da Atenção Primária em Saúde afirmaram que a oferta das Práticas Integrativas e Complementares viabiliza a integralidade da atenção à saúde, uma vez que elas contribuem para a ampliação da co-responsabilidade dos indivíduos pela sua saúde e consequentemente para o aumento do exercício da cidadania.
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