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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 10:45 - 12:00
GT 38 - Imagens, Olhares e Cotidiano: Estratégias de Visibilização do Outro na Saúde

10903 - IMAGENS DE UMA RURALIDADE: ELEMENTOS DO SUBSTRATO SOCIAL DE CONSTITUIÇÃO DE UM COTIDIANO
VILMA CONSTANCIA FIORAVANTE DOS SANTOS - UFRGS, ELIZIANE NICOLODI FRANCESCATO RUIZ - UFRGS, TATIANA ENGEL GERHARDT - UFRGS


Resumo/sinopse
A ampliação de linguagens que se propõe aqui se refere à análise da densidade das imagens de um rural que revelam, partir das configurações da paisagem e dos elementos que constituem um cotidiano, as marcas das relações sociais e da ruralidade do lugar. As imagens representam elementos da ruralidade de Rincão dos Maia e constituem um exercício de escrita narrativa conduzida pela análise das imagens produzidas no contexto de pesquisa. Espaços de vida foram captados por meio dessas imagens e contribuíram para a reescrita do mundo rural, pela sensibilidade e abertura para a relação com o outro. Olhares sensíveis que, mesmo sendo fixos, revelam substratos sociais que expressam dinâmicas próprias. As imagens permitiram, ao longo de pesquisas etnográficas, estabelecer relações, evidenciar a experiência do encontro dos pesquisadores com interlocutores de universos distintos do seu, e revelar tentativas de aproximação de um universo familiar a partir de um olhar distanciado. O rural, para além de uma palavra que evoca a conotação daquilo que é distante, é um espaço que tem sofrido profundas transformações de processos sociais globais, como o maior acesso a signos da modernidade como a televisão e a internet, a mecanização da agricultura e a desvalorização dos saberes locais em nome do plantio extensivo; mas que não pode ser uniformizado como um espaço liso, sem particularidades e diversidades. O fio da meada que tecemos parte da concepção de que a conformação do rural como um espaço de vida sofre diversas influências, havendo vários interesses em jogo, capacidades e disponibilidade de recursos (materiais e sociais) e, com isso, diferentes possibilidades de representação e negociações que nele atuam e o conformam. O que buscamos é compartilhar experiências etnográficas, de alteridade e de constituição de uma escrita sensível de um cotidiano rural que foi se tornando próximo de nós nas idas e vindas a localidade realizadas em função de pesquisas empreendidas. A narrativa visual apresenta esse espaço e os valores que configuram esta ruralidade, assim como a potência que as imagens possuem para desvendar modos de vida e retratar a diversidade de elementos que compõem a paisagem natural e a ação humana, como as plantações de tabaco, e as transformações que provocam no lugar, assim como outros valores e configuram a ruralidade do Rincão dos Maia enquanto um espaço de vida, a vizinhança e a família, o trabalho e a relação com o Estado e as políticas públicas. Estes elementos são capturados pela lente fotográfica a partir de substratos que nos dizem muito sobre o lugar, como a distribuição das casas que retratam a vizinhança e a vida em comum enquanto uma família que não se mantém unicamente por laços de consangüinidade, mas de laços entre indivíduos dos quais se espera e se pode dar, receber e retribuir outros bens tanto materiais quanto imateriais. O valor da família se apresenta na estética do cemitério retratado nas cores intensas das flores de plástico que adornam as sepulturas, com isso os parentes em vida investem na família e no que ela representa. O trabalho em torno do fumo também retrata a dinâmica das relações sociais, as fotografias antigas dos próprios moradores guardam a história de programas que mobilizaram e organizaram muitas pessoas em torno disso. Os limites entre o fumo e os pessegueiros, cultivo que prevalecia antes do fumo, demonstram as mudanças e as permanências, os pontos de resistência e de adaptações. Estas conformações se traduzem em recursos sociais do lugar, que representam como a coletividade se constitui e circula nos diferentes espaços, como as igrejas e associação comunitária. Também, se apresenta através das fotografias o modo como as políticas públicas participam da vida dos interlocutores a partir de bens, serviços e recursos materiais circulantes no contexto rural, traduzidas pelas fotografias das casas do Programa Minha Casa Minha Vida, estas que denotam a transição da invisibilidade para a visibilidade, conquistada pela busca que os próprios moradores fizeram. As fotografias a serem apresentadas evocam a reflexão sobre a constituição do homem simples do rural e suas mediações constantes com os substratos que compõem o estar e ser o lugar.


Biografia do autor(es)
Doutoranda pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Doutora em Desenvolvimento Rural, docente pela UFRGS.
Pós-doutora em Antropologia Visual, docente pela UFRGS.


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