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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 10:45 - 12:00 GT 38 - Imagens, Olhares e Cotidiano: Estratégias de Visibilização do Outro na Saúde |
12061 - EXPOSIÇÃO ITINERANTE: O TRABALHO REVELADO: O OLHAR DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE SOBRE OS RISCOS AOS TRABALHADORES MARIA PAULA DE SOUZA POZZI - PESQUISADORA AUTÔNOMA
Resumo/sinopse Os números são alarmantes: 423.509 registros de acidentes e doenças relacionados ao trabalho notificados no SINAN pelas equipes de saúde do SUS-SP nos últimos 10 anos (abr06-mar16), conforme consulta à base de dados de 24mai16 disponibilizada pela DVST-CEREST/CVS/CCD/SES-SP.
Fazem parte dessa estatística, registros de acidentes de trabalho graves e fatais ou com mutilações e os acidentes de trabalho com crianças e adolescentes (271.129), de acidentes de trabalho com exposição a material biológico (118.976) e, ainda, das doenças como o câncer relacionado ao trabalho (94), a dermatose ocupacional (576), a LER/DORT (21.834), a PAIR (1.397), a pneumoconiose (1.418), os transtornos mentais relacionados ao trabalho (1.637) e as intoxicações exógenas (6.448, sendo 6.299 com exposição no ambiente de trabalho e 149 com exposição no trajeto do trabalho).
Pasmem: desse total de registros, 3.716 vidas foram ceifadas durante a atividade laboral, enquanto que o restante, 557.760 registros, corresponde a eventos ou doenças que matam os trabalhadores aos poucos.
Cabe lembrar que, ao longo desses 10 anos, há um número cada vez maior de equipes de saúde notificando, o que nos faz acreditar que os agravos à saúde dos trabalhadores são ainda maiores que os registrados.
E pensar que todos esses eventos são totalmente preveníveis!
E pensar que todos esses eventos são banalizados!
E pensar que todos esses eventos não possuem a devida atenção por parte da mídia!
E pensar que a responsabilidade sanitária ainda não está incorporada no cotidiano de alguns gestores, empregadores e outros atores sociais envolvidos com a questão da saúde no território!
Com o objetivo de dar visibilidade a essa importante questão de saúde pública, tornando-a socialmente reconhecida para além dos muros do SUS, foi organizada, pela DVST-CEREST/SP, uma exposição fotográfica cujas imagens revelam cenas cotidianas do trabalho urbano ou rural e demonstram as situações de risco enfrentadas pelos trabalhadores.
Instalada na véspera do “Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho” (28abr15), a exposição fotográfica constituiu-se em uma das atividades do “Café com Saúde”, evento organizado pela CCD/SES-SP, que discute temas de interesse da saúde pública em diversas áreas da vigilância às doenças, riscos e meio ambiente – nesse mês, o tema foi “Trabalho e Trabalhador: uma abordagem da Vigilância em Saúde”.
As 38 imagens da exposição foram capturadas no momento das inspeções nos ambientes de trabalho realizadas pelas equipes de Vigilância Sanitária (regionais e municipais) e pelos CERESTs regionais, portanto não foram feitas especificamente para a mostra.
Ressalte-se que a veiculação de cada uma das imagens, não só na exposição como no respectivo catálogo, foi devidamente autorizada pelo fotógrafo e pelo fotografado, e também ficou preservada a identificação dos empregadores.
O caráter itinerante da exposição tem por objetivo despertar a consciência sanitária da população em geral e, em particular, dos Conselhos de Saúde e CISTs – base do controle social no SUS.
A itinerância da exposição fotográfica, que inicialmente permaneceu no saguão da SES-SP durante todo o mês de maio de 2015, se concretiza a partir da demanda das instituições interessadas em alertar a sociedade para a necessidade da adoção de políticas e ações que promovam a saúde e previnam os acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
Até o momento, FUNDACENTRO, SABESP-Itapetininga e CEREST-Marília já albergaram a exposição durante seus respectivos eventos.
Se a Vigilância Sanitária de produtos e serviços é socialmente reconhecida enquanto ação necessária para a saúde pública, Vigilância em Saúde do Trabalhador ainda é um “território que teimamos em negar em nome da manutenção de um frágil conforto” - Noemi Jafre, Folha S.Paulo, p.E-13, 21nov07 (comentando “História da Feiúra”, Humberto Eco)
Biografia do autor(es) Maria Paula de Souza Pozzi.
Socióloga (PUC-SP). Especialista em VISA (UNITAU/CVS-SP). Trabalhou no CRST-Santo Amaro/SMS-SP e DVST/CVS/CCD/SES-SP. Membro do Conselho Gestor e da CIST/CES-SP, respectivamente
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