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Grupos Temáticos
12/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 17 - Cronicidade, Experiência de Enfermidade e Itinerários Terapêuticos |
12103 - ITINERÁRIO TERAPEUTICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TUBERCULOSE CLAUDIA HELENA SOARES DE MORAIS FREITAS - UFPB, JULIANA TEIXEIRA JALES MENESCAL PINTO - UFRN
Apresentação/Introdução A tuberculose é um problema de saúde pública que, em crianças, está relacionada ao adulto bacilífero. É uma doença de relevante magnitude, uma vez que a Organização Mundial de Saúde a reconheceu como uma emergência mundial em 1993 e passou a inseri-la nas políticas de saúde internacionais, com a meta de reduzir o coeficiente de incidência da doença a partir de 1990 até 2015. Essa meta foi contemplada nos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) da Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 2015 (WHO, 2002; 2015a). A Tuberculose é considerada a segunda causa de morte por doenças infecciosas no mundo, depois do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). O Brasil, juntamente com outros 21 países em desenvolvimento, foi priorizado pela OMS por possuir 80% dos casos mundiais da Tuberculose e, atualmente, ocupa a 18º posição em carga da doença. O acesso à rede de assistência é fundamental para o diagnóstico e tratamento da doença. Fatores ligados à acessibilidade como barreiras geográficas, econômicas, culturais e clínicas acabam por interferir na procura pelo serviço de saúde e na adesão ao tratamento instituído.
Objetivos Analisar o itinerário terapêutico das crianças e adolescentes menores de quinze anos considerando o diagnóstico e tratamento da tuberculose, sob a percepção dos cuidadores, profissionais e gestores dos municípios de Natal e Parnamirim/RN do estado do Rio Grande do Norte.
Metodologia Trata-se de um estudo de caso, do tipo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa, realizado em dois municípios prioritários para controle da tuberculose em um estado brasileiro. Inicialmente realizou-se o levantamento do número de casos de tuberculose em menores de quinze anos no ano de 2014. O estudo foi desenvolvido com três grupos de participantes: cuidadores das pessoas menores de 15 anos com tuberculose, enfermeiros e coordenadores do programa de tuberculose em nível municipal e estadual. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 11 cuidadores de crianças e adolescentes com tuberculose, 11 enfermeiros das unidades básicas de saúde e 3 coordenadores do Programa de Tuberculose, selecionados de maneira intencional, no período março a julho de 2015. As entrevistas foram gravadas, transcritas e organizadas no Software Atlas ti. Para análise das falas utilizou-se os pressupostos metodológicos de Bardin (2011).
Discussão e Resultados Os resultados foram apresentados em quatro categorias: A primeira escolha: a Porta de entrada no sistema de saúde; Caminhos percorridos: a busca pelo diagnóstico e tratamento da tuberculose; A experiência da tuberculose: fatores que dificultaram e facilitaram a acessibilidade aos serviços de saúde; O estigma e o preconceito da tuberculose na família e na sociedade. Pode-se identificar que os cuidadores utilizaram como porta de entrada no sistema de saúde os serviços de urgência e emergência, o que mostra a fragilidade do vínculo da família com a atenção primária. O diagnóstico ocorreu em hospitais infantis, confirmados através de exames de imagem. O tratamento ocorreu nas unidades básicas de saúde. A acessibilidade foi avaliada de forma positiva, em relação à distância da residência para a unidade de saúde, tempo gasto, disponibilidade de transporte coletivo, atendimento por demanda espontânea e incentivo assistencial. Fatores como violência no território, desconhecimento sobre a organização e horários de funcionamento das unidades, foram barreiras para o diagnóstico e tratamento. O estigma e o preconceito foram observados na família, por profissionais e comunidade.
Conclusões/Considerações Finais A Tuberculose é de difícil diagnóstico em crianças, portanto, torna-se necessário investigar os adultos com tuberculose, capacitar os profissionais, nos diversos níveis de assistência, sobre tuberculose infantil e intensificar a divulgação sobre a doença nos meios de comunicação mais acessíveis a população.
Para que essas ações se efetivem é necessário que as unidades de saúde, nos diversos níveis de assistência do SUS, estejam organizados em uma rede integrada e bem coordenada, que favoreça o acolhimento e vínculo dos pacientes e a resolutividade do problema de saúde. A discussão sobre crenças e atitudes das pessoas em relação a tuberculose com familiares e pacientes, contribuirá para minimizar ou evitar preconceitos e estigma que ainda hoje estão relacionados a tuberculose. Para tanto, torna-se necessário investimento político, financeiro e de pessoal e uma rede de assistência à saúde integrada e resolutiva.
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