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10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 25 - Discursos das Campanhas sobre Saúde

11433 - ANÁLISE INTERPRETATIVA DOS DISCURSOS SOBRE O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES PARTIR DE PRODUTOS AUDIO-VISUAIS DE CAMPANHAS EDUCATIVAS BRASILEIRAS.
GABRIELA LAMEGO - UFSB, MARIA LIGIA RANGEL-S - ISC/UFBA, RAFAEL ANDRÉS OROZCO PATIñO - UFSB


Apresentação/Introdução
Os meios de comunicação se configuram como uma importante contribuição à sociedade, em função de seu papel disseminador de informações e produtor de sentidos que operam em disputa no campo social. As campanhas educativas que abordam temas de interesse da saúde pública são estratégias de comunicação que visam divulgar informações, conhecimentos e incentivar atitudes voltadas para prevenção de doenças e/ou agravos e promoção da saúde. A violência contra as mulheres tem sido reconhecida como uma violação de direitos humanos e problema de Saúde Pública, o que implica na obrigação dos governos de formularem ações voltadas para o seu enfrentamento. Este trabalho se propõe a analisar os discursos sobre violência contra as mulheres a partir de uma abordagem da hermenêutica. Para tanto, elegem-se os vídeos de campanhas de enfrentamento da violência como textos abertos à interpretação. Como referencial teórico, toma-se a tríplice mimese de Paul Ricouer que compreende a interpretação como um processo que não se restringe aos limites internos do texto, mas composto de três momentos igualmente necessários a sua realização. São eles: os momentos da prefiguração, configuração e refiguração.


Objetivos
Realizar análise interpretativa de discursos circulantes sobre o enfrentamento da violência contra as mulheres a partir de produtos comunicativos (vídeos) produzidos por campanhas educativas brasileiras entre 2004 a 2011.


Metodologia
Para a realização deste estudo, foram recortados como momentos de prefiguração, configuração e refiguração, presentes no círculo interpretativo, os discursos sobre enfrentamento da violência contra as mulheres: a) do movimento feminista no Brasil; b) presentes nos vídeos das campanhas; c) dos sujeitos participantes da pesquisa, na recepção dos vídeos. Para tanto, foram mapeadas as campanhas de enfrentamento da violência realizadas entre os anos de 2004 a 2011 e selecionados 7 vídeos; foi construída a análise histórica das linhas discursivas do movimento feminista e realizadas 12 entrevistas semiestruturadas com homens e mulheres residentes em Salvador, Bahia.


Discussão e Resultados
Os resultados levaram à divisão dos vídeos em três categorias: empoderamento da mulher; desconstrução da violência como atitude masculina; e fortalecimento da rede comunitária de apoio às vitimas de violência. A reconstrução do discurso do movimento feminista brasileiro sobre violência contra as mulheres foi realizada mediante uma linha histórica de acontecimentos e a análise dos eixos discursivos. Os discursos dos entrevistados sobre os vídeos, na sua recepção, foram analisados buscando-se os sentidos atribuídos nas suas leituras dos materiais apresentados, considerando as diferenças de gênero. A análise com a articulação dos três momentos inerentes a interpretação dos discursos sobre violência contra as mulheres demostrou que os videos reproduzem a perspectiva histórica da abordagem feminista sobre a temática, que os sujeitos participantes da pesquisa reconhecem as estratégias de enfrentamento da violência contra a mulheres existentes, mas seus discursos apresentam diferentes sentidos sobre as formas de violências, as estratégias de enfrentamento (punição e aconselhamento, para os homens, e denúncia e empoderamento, para as mulheres) e os diferenciais de gênero.


Conclusões/Considerações Finais
Os sentidos de gênero e violência atribuídos aos vídeos selecionados apontam para a construção de visões diversificadas do feminino e do masculino, não se restringindo a modelos fixos da mulher como vítima, e do homem como agressor. É possível observar a partir das leituras que os sentidos apontam para o reconhecimento da violência contra as mulheres como “algo” que pode ser modificado, recuperado, ou mesmo reordenado nas relações, mesmo que, para isto, se torne necessária uma intervenção externa, como a punição ou a denúncia. As leituras produzidas no contexto da pesquisa demonstram as potencialidades do uso de produtos comunicativos como disparadores de produção de sentidos sobre a temática em questão. Os vídeos foram elaborados por organizações feministas e seus discursos reproduzem tal perspectiva na compreensão do fenômeno. Os participantes da pesquisa perceberam e interagiram com os mesmos, agregando novos sentidos ao que estava sendo abordado.


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