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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 27 - Educação Alimentar e Recursos Digitais de Socialização na Cultura Contemporânea |
10769 - CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ELAINE MARTINS PASQUIM - MCTI, ELISABETTA RECINE - UNB
Apresentação/Introdução A extensão é o “processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre a universidade e outros setores da sociedade” (Brasil, 2013). Valla (2014) e Oliveira (2014) discutem como o conhecimento e as práticas populares influenciam conhecimentos e práticas profissionais e, vice-versa. A cultura popular se faz no diálogo amoroso e crítico com e desde as culturas chamadas “do povo” (Wong Un, 2014). A segurança alimentar e nutricional (SAN) é a “realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis” (LOSAN, 2006). A prática alimentar envolve questões simbólicas nas escolhas individuais, e é influenciada por práticas alimentares (coletivas) estimuladas pelo Estado, arranjos domiciliares, políticas públicas, organização comunitária e conflitos econômico-industriais (Warde, 1997). Portanto, a extensão na área demanda formação e ação complexas.
Objetivos Geral:
Compreender, à luz dos princípios contidos no conceito de segurança alimentar e nutricional, a extensão universitária proposta nos projetos e programas apoiados pelo PROEXT/MEC.
Específicos:
a) Caracterizar os projetos e programas de extensão em SAN apoiados pelo Proext.
b) Identificar a relação da academia com as comunidades e políticas da área;
c) Caracterizar as estratégias de articulação entre ensino, pesquisa e extensão adotadas, identificando resultados produzidos.
Metodologia Usou-se triangulação de métodos, com abordagem quali-quantitativa. Inicialmente, todas as propostas financiadas pelos editais Proext 2011, 2013 e 2014, com o termo “segurança alimentar e nutricional” foram identificadas, chegando-se a 116. Analisaram-se os relatórios apresentados (54%). O campo ocorreu com três universidades do Proext 2014, por questões logísticas e segundo critérios a seguir: multidisciplinaridade; envolvimento de ciências da saúde e ciências agrárias; parceria com instituição de educação superior ou de ciência e tecnologia; relação com CONSEA (Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional), conferência ou política pública de SAN; desenvolvimento de tecnologia; atividades de produção e consumo. O docente coordenador do programa identificou lideranças comunitárias, docentes e discentes para participarem de entrevistas, grupos focais, elaboração de painel gráfico. As falas foram transcritas, juntamente aos documentos, codificadas e analisadas, segundo Bardin (1977).
Discussão e Resultados A interdisciplinaridade e a aproximação à sociedade ocorrem com dificuldades, devido a questões sociais (violência, desemprego), culturais (realidades, língua, tempos diferentes); de execução do Proext (aquisição de materiais); e precarização do trabalho docente (infraestrutura). Tais limitações interferem no alcance de objetivos, público, resultados. Os relatórios mostram maior produção acadêmica (73% de artigos) que cultural (não superou 35%), reduzindo o potencial de soluções que passam pela tradução de emoções e de questões políticas. No campo, as falas indicam que a consciência da alimentação saudável, envolve ações de auto-cuidado, de valorização de saberes, resolução de desafios estruturais e de invisibilidade dos sujeitos. Extensionistas buscam, assim, além do auto-cuidado, também mobilizações e parcerias para garantir direitos e resgatar identidades. O contexto mais industrial é visto como facilitador da produção, mas também por trazer tecnologias e alimentos industrializados que prejudicam ser humano e natureza. Assim, buscam valorizar processos mais lentos, com tecnologias alternativas e sustentáveis. A continuidade ocorre pela ação permanente dos grupos de pesquisa.
Conclusões/Considerações Finais A extensão em SAN demonstra que as relações individuais e coletivas na ação-reflexão sobre a alimentação contribuem com o processo de formação humana. Os resultados indicam que para lidar com o contexto complexo, é necessária uma formação integral, política e amorosa. Somados a estratégias de construção coletiva, valorização de diferentes saberes, com a revisão da execução do Proext e o cumprimento das obrigações do Estado com o trabalho docente e com o direito humano à alimentação adequada, podem contribuir para construção de caminhos e alternativas viáveis para superação da insegurança alimentar e nutricional.
A sensibilidade de não trabalhar apenas por projetos pontuais, porém permanentes, fortalecem a continuidade das ações e renovam o sentido da universidade como prática de compromisso social que possibilita ações transformadoras pelo cuidado de si e do outro. Os projetos e programas de extensão buscam, portanto, abordagens humanas, intersubjetivas e de prática social.
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