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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 13:30 - 15:30 GT 33 - Múltiplos Olhares sobre o Traço Falcêmico |
11888 - VULNERABILIDADES E ANEMIA FALCIFORME: UMA REVISÃO DA PRODUÇÃO INDEXADA NA BIBLIOTECA VIRTUAL DA SAÚDE CRISTINA ARTHMAR MENTZ ALBRECHT - UFRGS, KAREN MILOU AARTS - UFRGS, MARIA LUIZA BEVILAQUA BRUM - UFRGS, ROGER DOS SANTOS ROSA - UFRGS, RONALDO BORDIN - UFRGS
Apresentação/Introdução A doença falciforme é considerada a manifestação mais frequente entre as hemoglobinopatias, sendo a anemia falciforme sua ocorrência na forma homozigótica e que apresenta os maiores índices de morbimortalidade (OLIVEIRA et al., 2015; KIKUCHI, 2007). A estimativa é que existam em torno de 25 mil a 30 mil pessoas com a doença no país, com maior incidência encontrada na Bahia, com um caso a cada 500 nascimentos, seguido de Rio de Janeiro e Pernambuco (BRASIL, 2015).
Os portadores de anemia falciforme estão inseridos nas camadas sociais com baixa renda econômica e escolaridade, entre outros problemas sociais, que levam a deduzir que os componentes das vulnerabilidades individual, social, e programática, coexistem com as manifestações clínicas inerentes à doença e a prevenção, tratamento e reabilitação parecem ainda ser incipientes e negligenciados pelos órgãos governamentais (FERREIRA, et al., 2013; OHARA, et al.,2012; SERAFIM, et al., 2011).
Assim, cabe compreender esses contextos à luz da concepção de Ayres (2003): vulnerabilidade corresponde à chance de a pessoa adoecer devido a uma situação de ordem individual, social ou programática, e/ou interligadas entre si.
Objetivos Realizar uma revisão integrativa da produção científica indexada na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), publicados entre 1993 e 2015, quanto à relação entre os diferentes aspectos e componentes das situações de vulnerabilidade relacionadas aos portadores de doença falciforme.
Sistematizar os artigos encontrados segundo título, autores, ano de publicação, objetivo, conceito e componente de vulnerabilidade empregados - vulnerabilidade individual (informação), social (recursos materiais) e programática (políticas, programas e acesso aos serviços de saúde).
Metodologia No mês de julho de 2015 foi realizada uma revisão integrativa na produção indexada na Biblioteca Virtual da Saúde, empregando os descritores ‘Anemia Falciforme’ e ‘Vulnerabilidade em Saúde’ e suas dimensões, em todos os índices (título, autor e assunto), emprego do filtro Brasil como país de afiliação, sem restrição de período. Foram encontradas 70 ocorrências que, após os critérios de exclusão (repetição, não abordar a doença em estudo, etc.), se reduziram a 19 artigos, publicados entre 1993 e 2015.
Após a leitura dos títulos, resumos e palavras-chave, os artigos foram lidos na íntegra por 3 pesquisadores e sistematizados, segundo descritor (utilizado na busca inicial), título, autores, ano de publicação, objetivo e componente de vulnerabilidade.
Trabalho financiado pelo CNPq, como parte de uma tese de doutorado e sem conflito de interesse.
Discussão e Resultados Dos 19 artigos inseridos nesta revisão, 14 foram publicados entre 2010-2015, quando aspectos sociais, qualidade de vida e o desempenho ocupacional dos portadores da doença passaram a ser objeto de estudo.
Em termos do componente social da vulnerabilidade, 8 artigos apresentavam dados relativos ao nível de escolaridade e/ou renda.
O componente individual esteve presente em 5 artigos, abordando a falta de informação sobre a doença, dificuldade na assimilação do discurso médico e aumento do autocuidado pós-intervenção profissional.
No componente programático, 10 artigos identificaram a importância da intervenção profissional no autocuidado e dos folhetos informativos, o desconhecimento dos profissionais, a dificuldade de acesso ao tratamento e à informação.
No geral, os dados socioeconômicos são constatados em uma perspectiva de risco, como um aspecto individual, e não como um dos aspectos coletivos e contextuais que compõem as vulnerabilidades. Pouca atenção é destinada ao componente programático nas políticas públicas. O enfoque volta-se para o conhecimento dos profissionais a respeito da doença e não para avaliações mais abrangentes sobre o impacto de programas e políticas públicas.
Conclusões/Considerações Finais Os artigos revisados desvelam que os portadores de anemia falciforme estão cercados por um cenário marcado pela vulnerabilidade em todos os seus componentes. No entanto, embora os dados dos estudos mostrem situações de baixa renda e escolaridade, falta de informação sobre a doença (entre os portadores e profissionais da saúde) e dificuldades em transformar as informações em autocuidado, nenhuma dos artigos abordou diretamente a questão da vulnerabilidade.
Deve-se considerar que tais desestruturações são decorrentes de uma herança histórica de desigualdade e se mostram recorrentes na vida das pessoas com doença falciforme. Certamente elas estão repercutindo e potencializando a doença, o que influencia a dinâmica dos agravos e complicações da anemia falciforme, assim como deveriam se refletir nas instâncias de planejamento e ações de cuidado frente a esta problemática.
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