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Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 40 - Tecnociência, Saberes e Diferenças

11516 - UMA SAÚDE ERRANTE
EMÍLIA CARVALHO LEITÃO BIATO - UFMT, SILAS BORGES MONTEIRO - UFMT


Apresentação/Introdução
Cheio de dores contínuas, de perturbações íntimas e abandonos[…]
Esse tipo de literatura é minha receita, a medicina que eu mesmo me prescrevi contra o fastio da vida. (Nietzsche, 2010, p. 237).
Em um contexto atual de generalização de modos de “ter” saúde, lidar com ela e viver, a carta de Nietzsche a Rhode nos provoca à tomada da noção de saúde a partir de funcionamentos singulares e movimentos do corpo de cada um; de uma possibilidade de cura criada para si mesmo e de uma condição de saúde que se faz volátil, pois trágica. Dores, perturbações e abandonos coexistem num corpo que se aquieta e se conforta: inventa medicina para si.
A noção de grande saúde permeia a obra de Nietzsche, não como uma definidas precisa, mas com a provocação da vida que se afirma em sua potência de expansão, do corpo que diz que sim.
“Curei a mim mesmo: a condição para isto — qualquer fisiólogo admitirá — é ser, no fundo, sadio” (Nietzsche, 1995, p. 43). A grande saúde parece relacionada a um viver criador, à possibilidade de normatizar maneiras de lidar com a dor, o sofrimento e condições da vida. Como algo que se cria, a saúde segue seu percurso, como um andarilho: pouco previsível, pouco controlável.


Objetivos
Impulsionado pela experiência de vida e saúde que observamos aqui e ali na obra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, este texto trata de uma aproximação ao tema a partir da problematização daquilo que nos ocupa e nos deixa; do que nos abandona e afirma a vida; como o que nos escapa. Portanto, pretendemos nos aproximar da noção de saúde com uma leitura da filosofia nietzschiana e de sua abordagem sobre a grande saúde, especificamente quando ele a trata em seu caráter trágico, como quem diz de um andarilho.


Metodologia
Este estudo é teórico, de caráter bibliográfico, e foi composto a partir do exame das noções de saúde apontadas por Friedrich Nietzsche em sua obra. Contudo, importa saber que as noções nietzschianas baseiam-se menos em argumentos ou razões, como se vê na filosofia clássica, mas, sim, em vivências, como melhor expresso em Assim falou Zaratustra e Ecce homo. Afinal, a vida é o único critério capaz de avaliar todos os outros valores. Assim, a noção de vivências — como elemento da vida em sua incompletude — chega-nos como conceito-chave de analítica da noção de saúde, que, neste texto, toma como foco, o viés da errância, do movimento incessante de vir a ser.


Discussão e Resultados
“Quem alcançou em alguma medida a liberdade da razão, não pode se sentir mais que um andarilho sobre a Terra — e não um viajante que se dirige a uma meta final: pois esta não existe.” (Nietzsche, 2005, p.543).
O pensamento nietzschiano, do modo como o lemos, nos conduz a perceber a impossibilidade da existência da coisa em si, do sujeito em si e, portanto, da saúde em si. Nesse sentido, é preciso questionar as tentativas de traçar uma meta final para o alcance da saúde como um estado fixo e definitivo. No sentido trágico do que sempre se tenta segurar, mas escapa, a saúde parece ser sempre feita e nunca plena. A aproximação dessa noção do corpo que é feito, criado, que se caracteriza pelo vir a ser com a de grande saúde, conduz à percepção da efetividade de cada vivente. Aí se encontra mergulhada a configuração do homem, abordada por Moreira (2006): esta efetividade do vivente que põe sentido e valor no mundo se faz de modo fluido e singular, o que nos faz reafirmar que os próprios tipos humanos são diversos e sempre em mudança, andarilho.


Conclusões/Considerações Finais
O recorte feito neste estudo do pensamento nietzschiano nos permite notar modos pouco circulantes na epistemologia da saúde, destacando que a vida se configura como vir a ser e que o adoecer nos aproxima a morte na vida: a sensação da morte como algo que toca e participa, o que se espera, embora não ofereça precisão. A grande saúde não permite que o vivente diga: “eu tenho saúde”. No entanto, tomada como movimento de criação de si, esta saúde se baseia na aproximação de criador e criatura: “no homem há matéria, fragmento, abundância, lodo, argila, absurdo, caos mas no homem há também criador, escultor, dureza de martelo, deus-espectador e sétimo dia.” (Nietzsche, 2005, p.190). O vivente criador percorre sua via de alegria e sofrimento, com inventividade, interpretação, performance. Assim escapa, muda, quebra, sofre, perde, falta.


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