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Grupos Temáticos
10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 40 - Tecnociência, Saberes e Diferenças |
11684 - DIFERENÇAS DE GÊNERO NO RANKING DAS ESPECIALIZAÇÕES DO CURSO DE MEDICINA DA UFRN ANTONIA NÚBIA OLIVEIRA ALVES DE SOUZA - UFRN, LORE FORTES - UFRN
Apresentação/Introdução É sabido que os marcadores de diferenças no Brasil perpassam pelas linhas da Carta Magna como direito fundamental do ser humano, constante na Constituição Federal de 1988. A Constituição brasileira, também conhecida como Constituição Cidadã, prima pelos princípios da liberdade, da dignidade, da privacidade e de igualdade de tratamento perante a lei, esta mesma lei que se transformou progressivamente em lei complementar com o intuito de contribuir para a redução das desigualdades e das discriminações existentes no país. Contudo, a equidade de gênero, raça/etnia, regionalização e etc discutida nos mais diferentes campos, sejam eles, da sociedade, do conhecimento, da política e/ou da religião vão além dos interesses de grupos ou indivíduos. Atualmente, os discursos sobre os marcadores de diferença sociais têm ganhado maiores repercussões no cenário nacional, devido ao slogan de sociedade machista atribuído a formação da sociedade brasileira. Diante disso, a pesquisa busca demonstrar, por meio da organização de um ranking entre as especializações, criado pelos estudantes do curso de medicina da UFRN, os conflitos que se sobrepõem aos interesses individuais.
Objetivos Nesta pesquisa julgamos interessante discutir sobre a organização das melhores especializações ranqueadas pelos estudantes do curso de medicina da UFRN, priorizando as diferenças de gênero, já que o angariamento de seguidores nas escolhas das profissões como por exemplo: cardiologia, são de preferência masculina. Com isso, o objetivo específico pretende identificar diferenças de gênero nas demais especializações escolhidas entre os estudantes dos 4º e 6º períodos do curso.
Metodologia A investigação tem como fundamentação metodológica um levantamento bibliográfico, pautado em estudos de gênero junto ao campo da saúde e especificamente em estudos relacionados ao aspecto da humanização na formação médica. Na segunda etapa da pesquisa pretendemos identificar nas falas capturadas, por meio de entrevista por grupo focal, aspectos relacionados às diferenças de gênero - do sexo masculino e feminino, no que se refere as especializações escolhidas por estudantes dos 4º e 6º períodos do curso de medicina. Em seguida, partiremos para a análise dos dados. Estes fundamentados em uma abordagem qualitativa e na construção de fontes orais por meio dos diálogos, resultantes da análise de conteúdo temática categoria.
Discussão e Resultados As características que se remetem a noção de gênero no campo da saúde, como os aspectos das escolhas das especializações, estão ligadas às construções sobre o papel de homem e de mulher dentro de uma sociedade que, por sua vez, se relacionam com determinadas normas e regras sociais impostas, naturalizadas e cobradas pelo discurso dominante (Santos, 2013). As diferenças encontradas se apresentaram na forma de opção de escolha entre um número maior (70 a 80%) de homens para as especializações em cirurgia e cardiologia, enquanto o índice de escolha entre as mulheres foi menor (4 a 10%) para as mesmas especializações escolhidas pelos homens. Para Nogueira (2001), o que se observa em nossa sociedade é um discurso dominante que promove a relação desigual de gêneros onde mulheres se encontram em posição desprivilegiada e de submissão em comparação aos homens. Outro fator relevante e que mereceu ênfase foram as opções por neurologia, endocrinologia, ginecologia, mastologia, otorrinolaringologia, oftalmologia, psiquiatria e pediatria. O percentual de escolha entre homens e mulheres, para estas especializações, foram insignificantes, tiveram uma variância de 5 a 6% para ambos os sexos.
Conclusões/Considerações Finais Portanto, concluímos que mesmo com os avanços das discussões nos diversos campos dos saberes, os aspectos relacionados as diferenças de gênero permeiam o imaginário cultural dos indivíduos, a dimensão política e principalmente a identidade subjetiva de cada indivíduo. Desse modo, observamos que as normas sociais impostas ao sexo “frágil” relatam que as mulheres, na opinião dos estudantes investigados, não demonstram eficiência para desempenhar com destreza o papel de profissional apta às especializações ranqueadas e que são puramente benquistas pelos homens. Por fim é possível considerar, por parte de algumas mulheres investigadas, que o domínio da inteligibilidade cultural nada mais é que um ideal regulatório imposto pelas normais sociais e por isso, elas se negam a fazer parte desse quadro de escolhas. Além do mais, discordam das visões arcaicas e encravada nos pilares tradicionais das organizações de ranking das especializações do curso de medicina da UFRN.
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