Já é inscrito no CSHS 2016?

 

Página Inicial

Sobre o Congresso

Comissões

Convidados

Programação

Inscrição

Cursos e Oficinas

Trabalhos

Grupos Temáticos

Ampliando Linguagens

Ato Público

Perguntas Frequentes

Sobre a Identidade Visual

Notícias do Evento

Local do Evento

Hospedagem

Fale Conosco
 


Grupos Temáticos

10/10/2016 - 15:00 - 16:30
GT 16 - Corporeidade, Cuidado em Saúde, Identidades e os Marcadores da Diferença

11020 - “PREPARADAS PARA TODO TIPO DE SITUAÇÃO”: TÉCNICAS CORPORAIS FEMININAS, MEDICINA DA MULHER E NOÇÕES DE PUREZA E PERIGO EM UM GUIA MÉDICO DA FEBRASGO.
MARINA SOARES GUIMARÃES - UERJ


Apresentação/Introdução
Os documentos publicados pelas sociedades médicas possuem, em geral, ambiguidade entre a intenção de divulgar diretrizes de teor científico e de normatizar condutas e valores éticos.
A FEBRASGO (Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia) é uma das entidades brasileiras mais profícuas nesse tipo de produção. As publicações da Federação são numericamente expressivas e muito acessadas por profissionais de saúde de todo o país.
Intencionando apresentar dados de teor científico para aconselhamento profissional sobre a higiene íntima feminina, em 2009 foi produzido pela FEBRASGO o Guia prático de condutas sobre higiene genital feminina (FEBRASGO, 2010).
O manual foi uma resposta institucional às demandas dos médicos especialistas associados à Federação. O tema higiene íntima apresenta-se como relevante e constante na prática clínica em saúde da mulher.
No Guia, a FEBRASGO se mostra preocupada com o fato de que os ginecologistas não entendam as características físico-químicas, o grau de satisfação e os benefícios do número enorme de produtos destinados para a higiene genital feminina.


Objetivos
O presente artigo tem por objetivo discutir e levantar alguns aspectos presentes no Guia prático de condutas sobre higiene genital feminina. Para tanto, direciona-se o debate para as práticas sociais e técnicas corporais do asseio feminino e das noções técnico-científicas no que se refere à higiene, em especial àquela mais pessoal e classificada como íntima.


Metodologia
Essa experimentação trata-se de um debate em caráter de ensaio, que se vale das reflexões das ciências sociais acerca da prática científica e clínica em medicina da mulher como normatizadora de condutas, tanto médicas quanto para mulheres. Intenciona-se uma discussão a respeito das práticas corporais femininas presentes no documento em questão pelo arcabouço reflexivo da obra Pureza e Perigo de Douglas (1976).
O Guia foi redigido pela comissão de Doenças Infectocontagiosas em Ginecologia e Obstetrícia da FEBRASGO e está disponível no website da instituição apenas para os médicos associados.
O objeto em questão tornou-se de meu conhecimento em uma pesquisa exploratória pelos manuais e guias divulgados pela FEBRASGO por via institucional. Tive acesso ao conteúdo do Guia por meio de pesquisa em sites de busca.



Discussão e Resultados
Pelo Guia, uma técnica corporal específica seria uma solução para que a mulher remova resíduos e secreções na região genital. Nessa técnica, deve-se atentar para a frequência, a duração e a forma de se realizar a aplicação de produtos de higiene. Há uma normatização específica para a higiene íntima, que é colocada à parte da higiene pública.
A limpeza é associada à saúde genital, que pode ser entendida na categoria de pureza de Douglas (1976). Remover o que não deve estar presente é manter a higiene e é o mecanismo de busca por uma pureza fisiológica.
Permitir que conteúdos biológicos permaneçam na genitália é uma visão científica da sujeira; uma reflexão a partir de Douglas sugere que a manutenção do que está fora do seu devido lugar seria uma espécie de profanação da pureza, independente se a ótica é biomédica.
O não asseio seria a sujeira, uma impureza promotora de odores, corrimentos indesejados e de infecções. Seria o não asseio uma fonte de perigo dentro do conceito de Douglas (1976); seria a causa de adoecimentos e da não manutenção de uma condição que ofertaria à mulher padrões femininos esperados socialmente no entendimento científico e social, respectivamente.


Conclusões/Considerações Finais
Os papéis da “mulher moderna” na sociedade, que desenvolveria suas atividades de forma intensa, muitas vezes a levariam a situações desprovidas de condições adequadas para a higiene pessoal.
A importância que se dá à manutenção do asseio feminino pode ser uma demanda das próprias mulheres que entendem como necessidade manter um padrão específico de higiene íntima para que estejam preparadas para circunstâncias inesperadas, como a relação sexual não programada.
As categorias de pureza e de perigo de Douglas (1976) oferecem ferramentas interessantes para refletir sobre como se constrói cientificamente as técnicas corporais de higiene íntima feminina e do modo como se entende essa higiene e os odores corporais, a saúde e a doença.


Realização:



Apoio:




Desenvolvido por Zanda Multimeios da Informação