11/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 17 - Itinerários Terapêuticos nos Diferentes Sistemas de Cuidado e Redes de Apoio |
11304 - CUIDADO E AMIZADE: REDES E COALIZÕES NA SAÚDE DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS AISLLAN - IMS UERJ
Apresentação/Introdução A vida universitária compõe o ciclo vital de muitos brasileiros, geralmente na fase de adolescência e/ou juventude. De fato um período mais ou menos longo – de quatro a seis anos oficialmente – marcado por vivências individuais e coletivas que demandam, de quem experimenta esta fase da vida, responsabilização e sociabilidade. Momento de acontecimentos especiais da vida, como o distanciamento do núcleo familiar realizado por muitos jovens em busca da realização de um curso superior, além de marcado por conflitos, decisões, escolhas e posturas que decidirão fatores importantes na trajetória de vida destes indivíduos, pois também coincide na maioria das vezes com o início da fase adulta. A situação de saúde, o atendimento especializado e até mesmo a constituição de políticas de saúde que abarquem a população de estudantes universitários do país mostra-se ainda bastante frágil, fragmentada e em alguns cenários inexistentes. Muitos estudos e autores afirmam que estes jovens podem ser considerados como um segmento especialmente sobrecarregado e/ou desprotegido no contexto da universidade que os recebe e prioritário na construção de esforços para a proteção e promoção da saúde.
Objetivos Considerando todo esse quadro o objetivo desse projeto de pesquisa é reconstruir o itinerário terapêutico de estudantes de medicina na cidade do Rio de Janeiro a fim de analisar a capacidade resolutiva do sistema de saúde local e das instituições de ensino no atendimento a essas buscas por cuidado, além de analisar o papel das redes sociais e de apoio no percurso e resolução dos problemas de saúde desses estudantes.
Metodologia Os Itinerários Terapêuticos, em sua concepção, compreende as experiências de pessoas e famílias em seus modos de significar e produzir cuidados. A reconstrução do Itinerário Terapêutico visibiliza a forma como os serviços de saúde se organizam e produzem efeitos na vida destas pessoas. Emprega-se a entrevista em profundidade como estratégia de apreensão dos dados. A partir das entrevistas em profundidade realizar-se-á coleta também pela realização de Grupo Focal onde os participantes serão convidados a se posicionar sobre as representações envolvidas na construção de diferentes redes, das mais gerais da vida cotidiana, às do cotidiano público e aquelas que estruturam suas redes pessoais. As entrevistas serão analisadas a partir do desenho espacial dessas trajetórias e a utilização do genograma e ecomapa. A toda operacionalização da pesquisa requereu alto padrão de formalização e condução ética.
Discussão e Resultados Um dos principais desafios que se colocam para a efetivação do direito à saúde no cotidiano das instituições é construção de redes assistenciais de atenção e cuidado capazes de ofertar ações eficazes e resolutivas, integralmente coesas com níveis de atenção mais complexos. Nessa perspectiva, recorre-se cada vez mais ao desenvolvimento de competências avaliativas participativas, constituindo arranjos institucionais que potencializam a participação de diferentes atores (gestores, usuários, profissionais de saúde, etc). Assim, essa pesquisa se insere nessa recomendação buscando dar as informações e dados produzidos publicidade e politização, ou seja, buscará com seus resultados submetê-los aos diversos atores envolvidos nas dinâmicas capturadas por sua metodologia na tentativa de orientar a constituição de redes assistenciais capazes de cuidar de estudantes com base nos princípios da politica pública de saúde e nas especificidades desse grupo. Espera-se assim que os resultados tenha uma dupla responsabilidade: evidenciar a necessidade de estudantes e abordá-las na construção de uma rede cuidados que assegure ao estudante o direito à saúde.
Conclusões/Considerações Finais A avaliação de projetos de pesquisa bem como a incorporação de seus dados as politicas e estratégias institucionais ainda são problemas no Brasil. Há um predomínio do uso de abordagens quantitativas combinada com pouca ou quase nenhuma proposta de planejamento do uso de estudos para avaliação e intervenção em situações especificas de saúde de populações. O genograma e o ecomapa permitem uma melhor visualização das trocas estabelecidas, da lógica empreendidas pelas pessoas no cuidado em saúde mostrando inclusive grupos com papel importante nas situações de adoecimento, mas que ficam invisibilizados em algumas análises. No caso de estudantes universitários, as amizades podem ser um recurso social mais acionado em momentos de adoecimento, visto que muitos se encontram longe do núcleo familiar e poucos acessam redes comunitárias ou de vizinhança. Assim, relações de cuidado e amizade podem ser analisadas e sua importância considerada na análise dos itinerários terapêuticos de estudantes.
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