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Grupos Temáticos

11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 23 - Cuidado em Saúde - Grupos Específicos, Integralidade e os Diferentes Determinantes da Saúde

12010 - AS NARRATIVAS DE VIDA DE MULHERES QUE GESTAM EM SITUAÇÃO DE RUA
VIVIANNE MENDES ARAÚJO SILVA - UERJ, JEMIMA DE SOUZA FORTUNATO - UFRJ, JUREMA GOUVÊA DE SOUZA - UFRJ, LUCIA HELENA GARCIA PENNA - UERJ, LIANA VIANA RIBEIRO - UERJ


Apresentação/Introdução
A população em situação de rua compreende um grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, vínculos familiares interrompidos ou frágeis e a inexistência de moradia convencional regular, utilizando logradouros públicos, bem como unidades de acolhimento para pernoite temporário ou moradia provisória, assim como as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, temporária ou permanentemente. Segundo a Pesquisa Nacional sobre a população em situação de rua, realizada em 2008, as mulheres representam cerca de 18% desta população, estando sujeitas e expostas à pobreza, violência física e sexual, risco de problemas de saúde e mentais, uso de drogas, comportamentos sexuais inadequados e gravidez indesejada. Dessa forma, salienta-se a importância de conhecer a vivência e a experiência feminina, nesta situação, como forma de atentar para as questões do gestar na rua, entendendo ser este um problema de magnitude considerável, transcendendo às questões de morar e sobreviver em condições precárias, mas a complexa situação de gestar e parir em situação tão adversa e tão singular.


Objetivos
A partir do exposto, foram elaborados os seguintes objetivos: descrever os motivos que levam a mulher a engravidar, vivendo na rua, a partir de sua história de vida e analisar as alterações ocorridas na vida de mulheres que engravidam vivendo na rua.



Metodologia
Estudo de natureza qualitativa, de base compreensiva, das questões que envolvem a percepção dos significados e simbolismos das mulheres que gestam em situação de rua. Utilizamos o Método Narrativas de Vida. Os sujeitos desta pesquisa foram mulheres que participam do Grupo de Gestantes do Centro Municipal de Saúde Oswaldo Cruz. Este CMS possui uma equipe de saúde que compõe o POP-RUA, que consiste em um Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua que é referência a atendimento especializado à população adulta em situação de rua. Como critério de inclusão temos: Mulheres que desejaram participar da pesquisa, gestantes ou puérperas e maiores de 18 anos. Critério de exclusão: Mulheres que não desejaram participar da pesquisa e menores de 18 anos.


Discussão e Resultados
Os relatos de vida feitos pelas depoentes participantes deste estudo, demonstraram que viver em situação de rua não é o problema mais relevante relacionado a suas vidas e a gestação. É neste cenário, que as entrevistadas deste estudo vivem e desenvolvem as suas histórias. Para que possamos entender a questão da gestação na rua, foi necessário identificar o que levou estas mulheres a irem para a rua. Como motivo mais freqüente, temos os problemas familiares/perdas. Posteriormente, evidenciamos em alguns casos a questão do uso de drogas e as questões socioeconômicas. Com isso, podemos verificar que as gestações em sua maioria não foram planejadas e demoraram em ser aceitas. Portanto, evidenciamos a importância da participação dos serviços de saúde na busca ativa dessas mulheres, evitando assim que as mesmas passem por essas situações de risco e uma gravidez indesejada. Podemos ressaltar também, o papel do enfermeiro no atendimento a essa população, visto possuir o papel de educador em saúde e em sua formação um olhar ampliado do individuo, olhando não só as questões sociais, mas também as questões fisiológicas, sexuais e mentais.


Conclusões/Considerações Finais
Este estudo nos proporcionou o conhecimento das histórias de vida de mulheres que vivenciam a gestação em situação de rua. A partir, do método utilizado foi possível conhecer as impressões destas mulheres em relação a sua própria vida e entender que mesmo vivendo em situações de vulnerabilidade, estas mulheres perpassam questões de descoberta e aceitação como a maioria das mulheres que passam pelo processo gestacional. Fica claro, a normalidade que alguma dessas mulheres retratam em viver na rua, porem isto não ocorre quando se trata de viver com uma criança na rua. Acreditamos que ainda há muito a ser explorado na vida dessas mulheres, estas que são tão marginalizadas e estigmatizadas pela sociedade. Dessa maneira, faz-se necessário a ocorrência de mais estudos utilizando diferentes métodos para que possamos compreender e assim atuar no cuidado a mulheres em situação de rua.


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