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Grupos Temáticos
12/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 27 - Normas, Histórias e Olhares sobre a Cultura Alimentar |
11480 - CARTOGRAFIA AFETIVA COM UM GRUPO DE MULHERES DO RECANTO: ANTES DE SABER O QUE EU COMO, DEIXA EU CONTAR COMO EU VIVO ANDREA SUGAI - UFG, ELISABETTA RECINE - UNB, JULIANA ROCHET - UNB, LUIZA TORQUATO - UNB, GABRIELA CUNHA - UNB
Período de Realização da experiência Realizado entre 2014/2015 pelo Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição/UnB.
Objeto da experiência O relato de experiência pretende apresentar a identificação e a caracterização dos saberes e das práticas alimentares estabelecidas no espaço social alimentar de dois grupos de mulheres do Recanto das Emas, localizada a 26 km de Brasília, Distrito Federal. Fruto do projeto de pesquisa “A mulher e as dimensões do espaço social alimentar: um instrumento para abordagens participativas em EAN”, a experiência oportunizou a utilização da cartografia afetiva. O mapa afetivo, empregado na abordagem alimentar, propiciou identificar os elementos que contribuem na dinâmica alimentar dessas mulheres, famílias e comunidade local, salientando a autoconsciência e a construção de identidades.
Objetivo(s) Um dos objetivos do projeto foi ampliar o escopo de diagnóstico alimentar, utilizando-se de instrumentos auxiliares, a partir da caracterização dos saberes, das escolhas e das práticas alimentares estabelecidas no espaço social alimentar de um grupo de mulheres, que são as principais responsáveis pela definição das práticas alimentares no domicílio. Assim, a intenção foi compreender o contexto e as dinâmicas da alimentação na perspectiva de gênero, utilizando-se de instrumentos auxiliares para ampliar o escopo do diagnóstico nutricional, dentre eles a cartografia afetiva.
Metodologia Por meio de oficinas, as diferentes dimensões do espaço social alimentar foram abordadas e registradas em imagens, sons e documentação cartográfica. O mapa afetivo foi realizado ora individualmente, ora em grupo. No mapa, realizado em cartolina branca, foram registrados as residências, os locais de compras de alimentos, as unidades de saúde, dentre outras localidades, atrelando as mulheres e suas famílias aos territórios locais. A intenção de cartografar era a de emoldurar o espaço de vida cotidiana alimentar, bem como o de identificar alguns determinantes do comportamento alimentar daquelas mulheres e de suas famílias. Os encontros, que eram norteados pelo princípio “antes de saber o que eu como, deixa eu contar como eu vivo”, confirmaram o que Paulo Freire já havia anunciado: ao educar, ao partilhar e conviver, transformamos e somos transformadas.
Resultados A cartografia afetiva possibilitou um caminho metodológico de aproximação da realidade que se queria conhecer e avaliar. Ou seja, possibilitou verificar como as mulheres produzem e (re)produzem socialmente as suas condições de existência alimentar, atreladas conjuntamente com o trabalho, as relações sociais e a moradia. Essa dinâmica conduziu as participantes a refletiram sobre as suas práticas, as possibilidades e as dificuldades presentes no cotidiano alimentar. Ao problematizarem sobre esses aspectos, todo o grupo pôde pensar em como poderia ser e o que se poderia fazer a respeito. Assim, ouvir e acolher as demandas das mulheres, refletir sobre a realidade vivida e, por meio de dinâmicas participativas, possibilitar a problematização e a apresentação de alternativas que pudessem auxiliá-las em processos de mudanças, quando desejado, foram qualidades desenvolvidas durante o processo de ensino-aprendizagem.
Análise Crítica Ao fim das atividades, pode-se concluir que, por meio da dinâmica da cartografia afetiva, foi possível estabelecer um diagnóstico mais preciso da alimentação dessas mulheres e de suas famílias e grande parte do grupo iniciou uma reflexão sobre o significado da alimentação e de seu papel nas práticas alimentares no domicílio, levando a mudanças de hábitos alimentares individuais, na família e nas dinâmicas da casa. Além disso, constatou-se que o projeto possibilitou que a alimentação fosse colocada em um contexto mais amplo, superando, assim, o automatismo do que se come em direção a uma (res)significação da relação que as mulheres possuem com a sua saúde, com a família e com o ambiente onde vivem
Conclusões e/ou Recomendações Assim, pode-se concluir que a prática da cartografia afetiva é um instrumento simples e acessível, devendo portanto, ser estimulada e disseminada entre os profissionais que trabalham com alimentação e nutrição.
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