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Grupos Temáticos
11/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 28 - Saúde, Produção e Trabalho |
10999 - PERFIL OCUPACIONAL DOS PORTADORES DE DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO EM SERGIPE MAYANNA MACHADO FREITAS - UNIVERSIDADE TIRADENTES/UNIT, GISELLE SANTANA DOSEA - UNIVERSIDADE TIRADENTES/UNIT, MARIA ELIANE DE ANDRADE - UNIVERSIDADE TIRADENTES/UNIT, IGOR HENRIQUE FARIAS SANTOS - UNIVERSIDADE TIRADENTES/UNIT, CRISTIANE COSTA DA CUNHA OLIVEIRA - UNIVERSIDADE TIRADENTES/UNIT, VERÔNICA DE LOURDES SIERPE JERALDO - UNIVERSIDADE TIRADENTES/UNIT
Apresentação/Introdução O trabalho é algo inerente a todo ser humano, porém a forma como esta relação acontece, sofreu mudanças ao longo dos séculos (LAUDARES, 2006). Dentre as doenças relacionadas ao trabalho, destacam-se os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), que são causados pelo movimento repetitivo, sem pausas e com posturas incorretas (PICOLOTO E SILVEIRA, 2008). Os DORT agrupam diferentes patologias, em diversos segmentos corporais, e estão diretamente relacionados com o movimento no trabalho (HOUVET; OBERT, 2012).
A evolução da doença, que faz com ela seja considerada crônica, pode provocar impactos que ultrapassam a saúde física do profissional, pois em muitos casos, os DORT causam sequelas, que implicam em sucessivos afastamentos do trabalho, podendo provocar limitações para executar a mesma atividade laboral causadora do adoecimento, ou até, outras atividades do cotidiano (MAENO et al., 2010).
Desta maneira, com a carência de estudos sobre DORT no estado de Sergipe, torna-se necessário traçar um perfil ocupacional dos portadores da doença, para que a partir daí, mais estudos que englobem análises em diversos outros aspectos dos DORT, possam ser realizados.
Objetivos Identificar o perfil ocupacional e motivos para o adoecimento dos trabalhadores portadores de DORT no Estado de Sergipe.
Metodologia Estudo epidemiológico de corte transversal com abordagem quantitativa. Aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Tiradentes, sob parecer n° 392.883. Foram incluídos prontuários dos trabalhadores portadores de DORT, com algum agravo que constam na lista de doenças relacionadas ao trabalho do Ministério da Saúde e do Ministério da Previdência Social, referenciados nos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) do Estado de Sergipe, no ano de 2013, de ambos os gêneros, e excluídos prontuários incorretos.
A coleta de dados foi realizada nos CEREST´s, entre setembro de 2013 a junho de 2014. As variáveis analisadas foram: idade, sexo, diagnóstico, ocupação, carga horária de trabalho e possibilidade de pausas.
Foi realizada distribuição de frequência das variáveis ocupacionais, análise descritiva das variáveis sociodemográficas e aplicado teste Qui-Quadrado para verificar diferenças entre variáveis socioocupacionais e sociodemográficas.
Discussão e Resultados Em 56 prontuários, 51 eram do CEREST Aracaju, 4 da regional Canindé do São Francisco e 1 de Lagarto. Com prevalência do feminino (80,40% p=0,00). Esta se deve a menor quantidade de fibras musculares, quando comparada ao homem. A faixa etária predominante entre os 35 e 45 anos (p=0,04) corroborando o estudo de Houvet e Obert, 2012.
O setor econômico com maior destaque foi o terciário (comércio) e a profissão de maior prevalência foi a de costureira (17,90%). Sena et al., 2008, relataram que esta profissão afeta os membros superiores.
Neste estudo, os trabalhadores possuem carga horária superior a 30 horas semanais (96,40% p=0,00) e 91,1% (p=0,00) não possuíam pausas durante o trabalho. O Ministério da Saúde, através dos Protocolos de complexidade Diferenciada de DORT, adverte os possíveis riscos desencadeantes dos DORT.
Na análise do CID-10, as doenças mais prevalentes estão relacionadas aos membros superiores (75% - ombro: bursites, sinovites, síndrome do manguito rotador), coluna (23,2% - lombalgia), e os membros inferiores (1,8%) (p=0,00), em concordância com Ribeiro et al. (2012), que encontraram achados positivos de DORT em 57% dos casos analisados.
Conclusões/Considerações Finais Neste estudo, foi possível traçar um perfil ocupacional dos trabalhadores portadores de DORT referenciados nos CEREST de Sergipe, que é de mulheres, na faixa etária entre 35 e 45 anos, setor terciário, profissão de costureira, com predominância de sintomatologia nos membros superiores, que trabalham mais de 6 horas por dia, e sem pausas.
O quadro álgico pode encobrir o real diagnóstico do paciente, pela crença dos profissionais de saúde de que o trabalhador pode simular este sentimento com o objetivo de adquirir benefícios secundários à doença. Além disto, o próprio paciente pode negar o fato de que o trabalho está inserido dentro do seu processo de adoecimento. Acredita-se também que a complexidade dos DORT e as limitações técnicas são empecilhos para se alcançar um diagnóstico e um nexo causal com o trabalho.
Sugere-se pesquisas para a compreensão de outros aspectos dos DORT, o ambiente de trabalho, a severidade dos sintomas e as implicações na qualidade de vida do trabalhador.
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