11/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 31 - Educação Popular e Produção da Saúde |
11705 - VOCÊ CONHECE ESSA PANC? PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS EM HORTA COMUNITÁRIA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO ISABELLE SOUZA DA SILVA - UERJ, CAMILA LINCHE GONÇALVES LIMA - UERJ, JULIANA PEREIRA CASEMIRO - UERJ, CLÁUDIA VALÉRIA CARDIM - UERJ
Período de Realização da experiência O tema PANC foi introduzido em dezembro de 2015 e existem atividades pactuadas até julho de 2016.
Objeto da experiência Por iniciativa da associação de moradores de Getúlio Cabral em parceria com UERJ foi revitalizada uma horta comunitária onde tem sido realizadas atividades de extensão e, no âmbito destas, o presente trabalho. As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) são espécies vegetais nativas tradicionalmente presentes em hortas e quintais que possuem usos alimentícios conhecidos em determinados grupos e/ou regiões. Estas Plantas quando não são nomeadas deixam de ser valorizadas, produzidas, comercializadas e consumidas. O Brasil é um país de rica biodiversidade com potencial alimentício, contudo muitos alimentos vêm deixando de fazer parte do cotidiano.
Objetivo(s) Esta experiência objetiva a construção compartilhada de conhecimentos sobre PANCs através do levantamento das Plantas encontradas na horta comunitária de Getúlio Cabral e nos quintais da comunidade. Pretende-se registrar os conhecimentos e sentidos atribuídos às PANCs além de identificar receitas e formas de utilização das mesmas na alimentação cotidiana das famílias. Ao final, serão registrados limites e possibilidades de inclusão das PANCs em estratégias locais de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável.
Metodologia Trata-se de pesquisa qualitativa realizada através de observação participante com registro sistemático em diário de campo. Inicialmente foi realizada oficina para troca de saberes e experiências sobre o reconhecimento das PANCs na associação de moradores. Em seguida foram mapeados quintais da comunidade para a realização de visitação. Foi construído um roteiro de visitas para orientar o registro de identificação, uso doméstico, receitas culinárias, origem da planta e sentidos atribuídos pela família. A identificação das plantas está sendo realizada por observação, seguida de registro fotográfico e coleta de material botânico. O material botânico coletado está sendo analisado por meio de consulta em literatura especializada (KINUPP e LORENZI, 2014). Ao final, será produzido um livro de receitas da comunidade e será realizada oficina culinária com as plantas locais. A devolução dos dados à comunidade será acrescida de conhecimentos acerca de valor nutricional e formas de preparo.
Resultados Foi identificada relevante variedade de PANCs na horta comunitária, sendo a bertalha a única espécie efetivamente produzida para consumo – as demais foram consideradas espontâneas e/ou sem utilização alimentícia. A partir deste levantamento foram selecionadas informações para a construção da oficina de troca de saberes e experiências sobre o reconhecimento das PANCs. Com esta atividade foi possível reconhecer o interesse dos moradores em serem coautores da pesquisa. Calendário e roteiro de visitas foi construído com a comunidade que auxiliou na identificação dos sujeitos de pesquisa a serem convidados. As anotações de campo têm se mostrado relevantes para o registro de conhecimentos e práticas da comunidade. Todas as etapas têm sido construídas em parceria com representantes da associação de moradores e estudantes de agronomia, tornando a experiência fértil para trocas e construção de novas sínteses.
Análise Crítica O modelo de desenvolvimento hegemônico, centrado no crescimento econômico e nas relações de mercado, criou forte impacto na geografia do campo e das cidades (CNAU, 2014) e nos padrões nutricionais, modificando a dieta das pessoas acarretando malefícios a saúde (BRASIL, 2014). Em contextos metropolitanos e urbanos, como os referidos nesta experiência, reconectar as pontas do sistema alimentar representa importante desafio. O reconhecimento das PANCs integra-se ao contexto dos debates da agroecologia e do direito à cidade valorizando manifestações de modos de produzir local. Experiências em Agricultura Urbana têm demonstrado forte potencial para a agregação comunitária, participação popular e para ampliar possibilidades de diálogos sobre alimentação adequada e saudável. Mapear e valorizar a cultura alimentar local assim como reforçar habilidades culinárias são importantes estratégias de promoção da saúde e da qualidade de vida.
Conclusões e/ou Recomendações O reconhecimento dessas Plantas é importante recurso para pensar estratégias de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável que valorizem a cultura, a biodiversidade alimentar e os recursos do território. Pode assim, contribuir para estratégias de alimentação e nutrição na Atenção Básica e em outros pontos da Rede de Atenção à Saúde no Sistema Único de Saúde.
|