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Grupos Temáticos
11/10/2016 - 13:30 - 15:30 GT 33 - Cor e Raça na Política Nacional da Saúde da População Negra |
12148 - DISCRIMINAÇÃO RACIAL E IGUALDADE DE DIREITOS, A IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA E DO PROGRAMA DE COMBATE AO RACISMO INSTITUCIONAL, CAMAÇARI MARIA CRISTINA GOMES DA CONCEIÇÃO - FLACSO, ALINE DE JESUS DA CRUZ - UCSAL, ANADETE SANTOS DE JESUS - UCSAL, ELAINE MIRANDA RODRIGUEZ - UCSAL, ELISANA LISBOA BARBOSA - UCSAL, ROSANGELA CONCEIÇÃO DA CRUZ CAMPOS - UCSAL, THAISE DA SILVA NASCIMENTO - UFBA E UCSAL
Apresentação/Introdução O SUS garante acesso aos serviços de saúde para todos, mas persistem desigualdades raciais: as taxas de mortalidade infantil e por causas externas, por diabetes, hipertensão arterial e doença falciforme são maiores na população negra; mulheres negras fazem menos exames pré-natais, comparadas com as brancas. A Bahia tem a maior concentração de população negra no país e as maiores taxas de doença falciforme. Entretanto, os trabalhadores da saúde não estão capacitados para garantir o acesso e uma abordagem que garantam a equidade racial na saúde, nem para um preenchimento completo e de qualidade do quesito raça-cor de acordo com os objetivos da Política Nacional de Saúde da População Negra. A pesquisa combina: articulação com os gestores da saúde a nível municipal e com o PCRI; aplicação de um questionário a uma mostra representativa dos trabalhadores da saúde (setores público e privado) sobre família, condições de trabalho, preenchimento de formulários, conhecimento de doenças frequentes na população negra, opinião, atitudes e práticas em relação ao racismo. 3. Perguntas qualitativas sobre experiências de racismo presenciadas ou vividas pelos trabalhadores de saúde
Objetivos Explorar as características sociais e familiares, as condições de trabalho, o conhecimento e forma de preenchimento do quesito raça-cor nos formulários e sistemas de saúde municipal, o conhecimento, atitudes e práticas dos profissionais de saúde em relação ao racismo, às doenças mais frequentes da população negra, inclusive a anemia falciforme, e sua receptividade para mudança de comportamentos para aumentar o acesso e qualidade da abordagem da população negra nos serviços. Conhecer vivências de situação de racismo experimentadas pelos profissionais de saúde
Metodologia Triangulada, quantitativa e qualitativa. A amostragem estratificada é representativa dos trabalhadores da saúde de Camaçari do setor público e privado e para cada função exercida pelo trabalhador (medico, enfermeiro, técnicos, recepcionistas, vigilantes, etc.). Aplicados 626 questionários sobre características sócio-demográficas e familiares; condições de trabalho; preenchimento do quesito raça-cor; conhecimento, atitudes e práticas em relação ao racismo; e capacitações. Foi aplicado piloto em duas unidades. Durante aplicação dos questionários os trabalhadores relataram casos de racismo que eles viveram ou presenciaram. Foram aplicados grupos focais para discutir percepções sobre o racismo, atenção ao doente falciforme e importância do quesito raça-cor. Os resultados quantitativos foram analisados com técnicas descritivas e estatísticas (conglomerado) com uso de SPSS. Os resultados qualitativos foram analisados através de análise de discurso.
Discussão e Resultados A análise descritiva mostra que 76% dos trabalhadores são mulheres, com idade media de 40 anos, 83% se declaram negros, 42% católicos, 50% casados, 27% sem filhos, 69% são responsáveis das famílias, ganham em média 3 mil reais por mês. 70% com vínculo estatutário. A grande maioria está satisfeito com o trabalho. Os resultados sobre condições familiares e de trabalho revelam que estes fatores nao sao explicativos para a baixa cobertura do quesito raca-cor. Os trabalhadores reconhecem que existe racismo, desconhecem os sintomas da AF, discordam de dar atendimento diferencial aos pacientes negros. A análise qualitativa mostra casos de discriminação racial nos serviços de saúde, inclusive do paciente em relação aos trabalhadores negros, como a negação em ser atendido por profissionais negros, a desconfiança sobre as recomendações técnicas e a invisibilizacão de trabalhadores negros. Os grupos focais mostraram que, apesar de muitos profissionais terem tentado enfrentar o racismo alcançando níveis mais altos de educação, eles continuam sendo discriminados; a necessidade de melhorar as redes de referencia para uma atenção integral ao paciente com doença ou traco falciforme.
Conclusões/Considerações Finais As condições de trabalho e familiares não são fatores explicativos para as deficiências na cobertura e qualidade da informação racial no sistema de saúde municipal. Somente um terço dos trabalhadores da saúde declara ter responsabilidade pelo preenchimento de formulários, mas muito poucos formulários contam com o quesito raça-cor, sendo este o principal motivo para a deficiência nesta informação. Os trabalhadores sabem como perguntar e aceitam os critérios do IBGE sobre a raça-cor. Contrastando estes resultados com a analise do DATASUS, o principal problema está no funcionamento do sistema a nível nacional e o município não conta com um sistema próprio de informação que permita gerar informação racial para fins de planejamento e implementação de políticas inclusivas. Chama a atenção a pouca informação dos trabalhadores da saúde sobre doenças mais frequentes na população negra, inclusive anemia falciforme,considerando que trata-se do estado com maiores índices desta doença na população
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