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Grupos Temáticos
11/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 34 - A Construção da Práxis no e para o Trabalho: Desafios Éticos e Epistemológicos |
11846 - INVESTIGAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE AUTORREFERIDAS DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A AGROTÓXICOS EM MATO GROSSO: CONTRIBUIÇÃO METODOLÓGICA PARA ESTUDOS ECOLÓGICOS
WANDERLEI ANTÔNIO PIGNATI - UFMT, LUIS HENRIQUE DA COSTA LEÃO - UFMT, MAELISON SILVA NEVES - UFMT, BIANCA VASQUEZ PISTÓRIO DE CASTRO - UFMT
Apresentação/Introdução
Mato Grosso é grande produtor de soja, milho, algodão e de criação de bovinos; e também recordista no consumo de agrotóxicos para controle de pragas, cuja aplicação contamina o solo, o ar, a água, os alimentos e as pessoas expostas direta e/ou indiretamente. Pesquisas no estado demonstraram a ocorrência de acidentes ambientais provocados por chuva tóxica oriunda da pulverização aérea de agrotóxicos, cuja presença foi encontrada também nas águas de poços, ar, chuva, leite materno e também no sangue de professores de escolas rurais e urbanas localizadas em municípios com grande produção agrícola. Além disso, a literatura nacional e internacional relacionam agravos à saúde humana, como câncer, malformação congênita, problemas psiquiátricos, entre outros, à exposição aos agrotóxicos. Porém, os casos de intoxicação aguda e de óbitos motivados por agrotóxicos são subnotificados, gerando insegurança quanto à vigilância e prevenção de agravos na população exposta. Desse modo, as pesquisas sobre morbidade referida são importantes instrumentos para preencher as lacunas de notificação de agravos, demonstrando descrições mais próximas da realidade e negligenciadas pelas estatísticas oficiais.
Objetivos
Apresentar instrumento de investigação de morbidade referida relacionada a agravos à saúde de populações expostas a agrotóxicos;
Integrar essa metodologia à pesquisa participativa e de estudos ecológicos na temática de trabalho-saúde-ambiente.
Metodologia
Trata-se de descrição de instrumento – ainda em construção - a ser utilizado em estudos ecológicos sobre morbidade referida na perspectiva da epidemiologia crítica e da pesquisa participativa. O instrumento está sendo produzido pela equipe de pesquisadores do Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador (NEAST), da Universidade Federal de Mato Grosso e prevê parceria com profissionais da saúde em sua aplicação. As etapas de elaboração do questionário envolvem revisão teórica sobre a relação entre exposição a agrotóxicos e agravos à saúde humana; elaboração do questionário; estudo piloto aplicado por agentes comunitário de saúde dos PSFs; e discussão coletiva sobre o inquérito piloto para adequações ao instrumento e elaboração da versão final. Atualmente o questionário está recebendo últimos ajustes de formatação para aplicação piloto na cidade de Diamantino-MT, por esta possuir características similares à população a quem se destina a aplicação do instrumento.
Discussão e Resultados
O instrumento é composto por questões relacionadas às características socioeconômicas e ocupacionais das famílias; verificação de ocorrência de contato com produtos químicos, no trabalho ou em casa; distância do local de moradia em relação às plantações onde são aplicados os agrotóxicos; ocorrência de diabetes, malária, tuberculose, hanseníase, hipertensão arterial, problemas respiratórios, problemas endócrinos, câncer, doença mental e epilepsia, tentativas de suicídio, uso de medicamentos psicotrópicos, internação e tratamento psiquiátrico, aborto ou malformação congênita, intoxicação por agrotóxico. O instrumento visa descrição e comparação das condições de morbidade relacionadas a agrotóxicos dos grupos populacionais expostos; sua metodologia participativa permite cooperação dos trabalhadores da saúde e comunidade na aplicação e seus resultados podem subsidiar ações coletivas na luta por políticas de saúde para enfrentamento dos prejuízos oriundos dos agrotóxicos.
Conclusões/Considerações Finais
O estudo de morbidade autorreferida é uma importante ferramenta para preenchimento de lacunas de informações sobre agravos subnotificados devido a inúmeros fatores sociais, políticos e econômicos. No caso de agravos relacionados a agrotóxicos, a vigilância epidemiológica e ambiental conflita com interesses econômicos e pressões políticas que inviabilizam um banco de informações atualizadas e consistentes. Por outro lado, não basta descrever os dados, é preciso que a população também se informe dos riscos que corre ao se expor a essas substâncias. Por isso, a metodologia participativa, ao criar uma comunidade ampliada de pesquisa, visa dar à população a possibilidade de conhecer e transformar sua realidade, na luta por melhores condições de vida e trabalho. O instrumento possui limitações de um estudo ecológico, já que permite descrições apenas a nível populacional, sendo necessários estudos mais específicos para explicar e descrever melhor os resultados relacionados aos indivíduos.
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