10/10/2016 - 15:00 - 16:30 GT 8 - Cuidado e Adoecimentos de Longa Duração |
11456 - SENTIDOS SOBRE A BUSCA PELO SERVIÇO DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: ESTUDO COM HOMENS EM ADOECIMENTO CRÔNICO RAMON BERNARDO SANTOS DOS SANTOS - UFRB, FRAN DEMÉTRIO - UFRB, EMANUELLE SOUZA OLIVEIRA FERREIRA - UFRB, NADHAB VIDAL SILVA - UFRB, DANIELA SANTOS DE JESUS - UFRB
Apresentação/Introdução Nos últimos anos, tem sido discutida a relação do homem com os serviços de atenção primária à saúde. Esse fato ganha destaque devido à presença dos homens nesses serviços se apresentar com menor frequência do que a mulheres. Esta realidade, na maioria dos casos, está relacionada ao modo como os homens compreendem os cuidados com a sua saúde, pois a cultura machista enraizada na sociedade tende a gerar barreiras que impedem a busca pelos serviços e a sua adesão aos tratamentos e práticas de autocuidado. Em face dessa problemática e na tentativa de corrigir historicamente a invisibilidade do cuidado à saúde do homem, o Ministério da Saúde lançou, em agosto de 2009, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem – PNAISH, visando assistir os homens entre 25 e 59 anos. Nesse sentido, observa-se que a dificuldade na presença desses sujeitos como protagonistas do autocuidado pode se dá pela falta do reconhecimento das singularidades desses indivíduos por parte dos serviços de saúde.
Objetivos O objetivo desse estudo foi conhecer e analisar os sentidos de homens em adoecimento crônico sobre a busca pelo serviço da atenção primária à saúde.
Metodologia Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, exploratório e analítico. As entrevistas foram realizadas com vinte homens que convivem com diabetes mellitus tipo II (DM2), cadastrados no Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (HIPERDIA) atendidos em uma Unidade de Saúde da Família do município de Santo Antônio de Jesus-BA. Para a análise das entrevistas ancorou-se na literatura científica sobre a saúde do homem. Para a produção dos dados utilizou-se a técnica da entrevista em profundidade. Em relação aos sentidos sobre a busca masculina pelos serviços de saúde figuraram: o incentivo familiar, tendo a mulher um papel de destaque no cuidado ao homem; os enfrentamentos e dificuldades no acesso ao serviço básico de saúde; e as singularidades masculinas relacionadas com as práticas de cuidado e a busca pelo serviço primário de saúde.
Discussão e Resultados A construção histórico-cultural de que o homem é fruto de uma sociedade marcada pelo patriarcalismo/machismo, que por sua vez, legitima o homem como um ser superior, provedor, líder e detentor do poder, perante, principalmente, o sexo feminino, pode ser uma das possíveis explicações para o “distanciamento” e falta de responsabilidade do homem na atenção do cuidado à sua saúde, e, consequentemente, dos serviços de saúde, sendo que o “homem de verdade não é digno de fragilidades”. Outro fator que precisa ser mencionado é que os serviços de saúde não estão preparados estruturalmente e culturalmente para suprir as demandas e expectativas apresentadas pelos homens, pois a forma como o serviço está organizado não incentiva o acesso masculino. Nesse sentido, analisa-se que os cuidados à saúde do homem possuem implicações políticas que precisam ser discutidas, sobretudo, no que se refere à responsabilidade masculina sobre o (auto)cuidado. Contudo o estudo mostrou a importância de se (re)pensar estratégias que incentivem o acesso da população masculina aos serviços da Atenção Primária à Saúde, ressignificando a percepção masculina em relação a seus cuidados e aos serviços de saúde.
Conclusões/Considerações Finais Diante dos resultados apresentados pelos homens em adoecimento crônico, em particular dos que convivem com diabetes mellitus tipo II, o presente estudo mostrou que existe certa dificuldade nos serviços de saúde em estreitar vínculos com o público masculino. Esse fato pode estar relacionado à ausência de um olhar acerca das questões de gênero que possibilitaria apreender novas necessidades e carências, nesse caso do público masculino. Desse modo, a pouca importância dada às especificidades de gênero no setor saúde contribuem para obstaculizar o acesso masculino aos serviços de saúde, podendo repercutir negativamente sobre a saúde do homem. Nesse sentido, percebe-se o quão é delicada a situação dos homens perante os serviços básicos de saúde, pois eles pouco comparecem e, quando comparecem, enfrentam dificuldades pessoais e estruturais nos serviços, que em sua maioria não estão preparados para recebê-los com um olhar ampliado e escuta adequada.
|