11/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 10 - Educação a Distância na Formação em Saúde |
11923 - EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE TRAJETÓRIAS SINGULARES CHARLES ABRANTES COURA - PUC-SP
Período de Realização da experiência O desenvolvimento das atividades do curso ocorreram no período de agosto de 2014 a outubro de 2015.
Objeto da experiência A opção pela Educação Permanente em Saúde (EPS) como objeto de estudo, assim como prática profissional no meu local de trabalho, esteve presente desde o início da experiência relatada. A escolha deve-se em grande parte pelas reflexões feitas a partir da leitura dos textos do curso de EPS e pelas afecções provocadas por seus aspectos teóricos e práticos. Assim, considerei importante abordar no relato a atuação como profissional da saúde na configuração particular do meu local de trabalho, a fim de identificar a existência de metodologia problematizadora e de possíveis processos de intersecção e produção coletiva de conhecimento em EPS entre os trabalhadores envolvidos nas atividades.
Objetivo(s) Este trabalho tem como objetivos verificar de que forma os trabalhadores da área de saúde, que atuam com problemáticas relacionadas à dependência química, reagem diante de ações e estratégias de incentivo à prática da Educação Permanente em Saúde (EPS) no cotidiano do seu trabalho, e identificar dificuldades inerentes à inserção de dessas práticas nos serviços de atendimento e assistência a usuários de substâncias psicoativas.
Metodologia A narrativa foi a metodologia utilizada para este trabalho por tratar-se de método pedagógico em que a pessoa, ao relatar os fatos vividos por si, reconstrói a trajetória percorrida e possibilita dar-lhe novos significados. Dessa maneira, apesar da narrativa não ser a verdade autêntica dos fatos, é a representação que deles faz o sujeito permitindo, dessa forma, que atue como transformadora da própria realidade. Na literatura encontramos registros de estudos que relacionam mudanças ocorridas nas narrativas a partir do advento do capitalismo moderno – contribuições importantes para a fundamentação do presente trabalho na medida que questionam a capacidade humana de compartilhar experiências. Com base no referencial utilizado, é possível estabelecer relações teóricas com a produção do diário cartográfico – ferramenta utilizada no curso para narrar cenas de afecções – cujo objetivo é exatamente intercambiar experiências que afetaram nossa maneira de ser e estar no mundo.
Resultados Identificou-se que, mesmo diante de diversas tentativas do pesquisador em introduzir movimentos de EPS e, embora os gestores da instituição tenham demostrado interesse, houve problemas com a aceitação da proposta por parte dos tutores que manifestaram grandes dificuldades em implementar práticas de EPS no cotidiano do trabalho. Os profissionais alegaram dificuldades em tomar decisões e iniciativas no cotidiano de trabalho sem o conhecimento da gestão por razões distintas:, entre as quais, não encontram “espaço” para atuação; falta de tempo; distância geográfica que dificulta um contato mais acolhedor com o aluno; impossibilidade de fazer gestão sem exercer cargo de gestão; desconhecimento de conceitos estruturantes à proposta como afecção. Observou-se também que os tutores tiveram dificuldades em relacionar a metodologia da EPS com o trabalho de tutoria, embora tenha havido processos de discussão e produção coletiva de conhecimento em EPS com os gestores do curso e com alguns tutores.
Análise Crítica Este trabalho ajuda a ampliar as discussões acerca de políticas públicas voltadas para a área da saúde com proposta de criação de espaços de diálogos sobre ações pedagógicas inovadoras em EPS e de reflexão sobre a maneira como as práticas da EPS podem ser desenvolvidas em cursos de Educação a Distância (EaD) para trabalhadores da saúde. Porém, é importante que novos estudos sejam realizados assim como imersões investigativas na metodologia proposta para melhor compreensão de tais fenômenos relacionadas à EPS e à produção do cuidado, considerado aqui como um importante caminho para promover proteção e diminuição de vulnerabilidades e alcançar a cura e a saúde.
Conclusões e/ou Recomendações Conclui-se que, embora haja dificuldades de alguns profissionais da área da saúde que atuam como tutores de curso a distância – no meu local de trabalho que trabalham com a capacitação de profissionais das áreas de saúde, assistência social, justiça, segurança pública, conselheiros, educação lideranças comunitárias e religiosas que trabalham com dependência química – acredita-se que é possível ativar processos de Educação Permanente em Saúde no cotidiano do trabalho como foi percebido com os gestores, e em alguns momentos com os tutores.
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