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Grupos Temáticos
12/10/2016 - 13:30 - 15:00 GT 12 - Análise Institucional e Políticas de Saúde |
11313 - A SAÚDE COMO POLÍTICA OU A POLÍTICA NA SAÚDE? UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A UTILIZAÇÃO DA DRAMATIZAÇÃO EM UM ESTUDO SOCIOCLÍNICO INSTITUCIONAL ISABEL CRISTINA DE MOURA LEITE - UFF, SANDRA MÁRCIA ALVES MEDEIROS - UFF, AGNALDO COSTA FERREIRA - UFF, RENATA LEMOS DE ARAGÃO FARIAS - UFF, ANA CLEMENTINA VIEIRA DE ALMEIDA - UFF, LÚCIA CARDOSO MOURÃO - UFF
Período de Realização da experiência Experiência realizada em 2015, na disciplina do mestrado profissional de ensino em saúde, da UFF.
Objeto da experiência O relato traz o caso de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), criada em 2008 e transformada em Estratégia da Saúde da Família (ESF), em 2015, que ao adequar a antiga organização dos serviços as diretrizes propostas pela ESF, provocou uma diminuição da oferta de consultas e mudanças nas práticas profissionais sem uma prévia preparação dos mesmos. Diante desta problemática, os autores discentes, realizaram uma dramatização, a partir de uma simulação de intervenção, nos moldes da socioclínica institucional na “UBS”, agora uma “ESF”, de maneira a proporcionar uma melhor compreensão das dificuldades trazidas com as mudanças relatadas tanto pelos profissionais de saúde quanto pela população.
Objetivo(s) O objetivo geral foi o de analisar as potencialidades e dificuldades da utilização de uma intervenção socioclínica institucional, a partir da dramatização de uma situação política organizacional em uma unidade de ESF. Os objetivos específicos foram: descrever a dinâmica interativa entre os participantes no decorrer da dramatização, listar os conflitos decorrentes da transformação de uma Unidade Básica de Saúde para Estratégia de Saúde da Família e a delinear as nuances da elaboração e apresentação de uma dramatização, a partir dos conceitos da Análise Institucional.
Metodologia Utilizando o referencial teórico metodológico da análise institucional (AI), propomos a realização de uma intervenção nos moldes da socioclínica institucional em um encontro da disciplina do curso de mestrado. A dramatização foi utilizada como dispositivo para analisar o cenário, onde se observava dificuldades do gestor da ESF, na gestão de processos e de pessoas. As falas da dramatização foram escritas pelos autores discentes baseadas em situações reais. A encomenda veio do gestor e a proposta dos analistas foi a realização de encontros socioclínicos institucionais. Durante a dramatização as demandas foram surgindo e os atores em número de quatro, problematizaram com os espectadores, convocados a atuarem como profissionais e usuários, as situações destacadas. As cenas da intervenção e da restituição, procuravam inserir os espectadores no debate coletivo e enfatizar os conceitos da AI como o de implicação, o de sobreimplicação, o de instituído, o de instituinte e o de analisador.
Resultados Alcançamos os objetivos de propormos o dispositivo de dramatização para a realização de uma discussão coletiva entre atores, discentes e docentes. Esta estratégia possibilitou o conhecimento do problema selecionado, a partir de diferentes percepções. A dramatização permitiu melhorar a compreensão sobre os conceitos da AI, pelo desempenho dos atores em suas falas e condutas, trazendo o seu lado instituído ou instituinte, suas implicações e sobreimplicações. A dramatização revelou ainda, certa estranheza dos alunos com relação aos conceitos da AI e da metodologia da socioclínica institucional, observada principalmente pela dificuldade dos demais sujeitos em participar mais ativamente das discussões. Apesar da pouca participação dos alunos, pode-se perceber que os debates colocaram em evidência as implicações de discentes e docentes com à situação apresentada e com a própria disciplina, pontuando uma pluralidade de interpretações e provocando novas reflexões no grupo.
Análise Crítica Analisando a experiência podemos dizer que algumas dificuldades foram observadas e dentre elas destacamos as de desenvolver a dinâmica interativa da socioclínica institucional como uma dramatização; a inovação deste tipo de intervenção; o desafio posto aos integrantes do grupo para o entendimento e aplicação dos conceitos da AI; a pouca participação dos espectadores durante a dramatização e a frustração dos atores por não conseguirem dar respostas concretas aos problemas levantados. Como aspectos positivos destacamos a oportunidade de discutir fatos concretos com relação a política de saúde no SUS e o aumento da transversalidade entre os participantes do grupo, que sentiram-se mais próximos a cada encontro durante a preparação da dramatização. As dificuldades não invalidam a dinâmica escolhida, visto que a interação entre os atores e espectadores enriqueceu o debate, e com isso a ampliou-se a compreensão de uma Análise Institucional in loco.
Conclusões e/ou Recomendações Esta experiência foi enriquecedora para nosso aprendizado apesar do curto tempo da disciplina. Percebemos o quanto aprendemos sobre a socioclínica institucional, e constatamos ser possível a aplicação desta metodologia em diferentes oportunidades, desde que se abordem previamente os conceitos da Análise Institucional. Acreditamos que esta nova maneira de refletir sobre situações envolvendo a prática dos profissionais do SUS, deverá ser mais explorada em pesquisas nos cursos de graduação ou de pós-graduação em saúde e, sobretudo, que mais cursos sejam oferecidos sobre esta temática.
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