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Grupos Temáticos

12/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 12 - Análise Institucional e Políticas de Saúde

11550 - DO CONTROLE À REFLEXÃO COLETIVA: REINVENTANDO A SUPERVISÃO NOS PRELÚDIOS DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
ANA KALLINY DE SOUSA SEVERO - UFPI, SOLANGE L'ABBATE - UNICAMP


Apresentação/Introdução
A institucionalização da supervisão no processo de Reforma Psiquiátrica brasileira percorre alguns campos de coerência que se entrecruzam no processo de institucionalização da supervisão na Atenção Psicossocial. Quando nos referimos à supervisão, ela remonta discussões que se referem ao entrecruzamento da clínica, formação e gestão em saúde. O termo institucionalização, na definição de Lourau (1993, p. 13), “é o devir, a história, o produto contraditório do instituinte e do instituído, em luta permanente, em constante contradição com as forças de autodissolução”. O instituído atua no sentido da imobilidade e da permanência, enquanto o instituinte provoca tensões (LOURAU, 1993). Assim, revisitar a trajetória da institucionalização da supervisão nos ajudará a compreender as contradições vivenciadas atualmente entre o instituído e o instituinte, e como elas aparecem no que denominamos supervisão clínico-institucional na RP brasileira.


Objetivos
Objetivos:
Analisar a institucionalização da supervisão clínico-institucional nas primeiras experiências do processo de Reforma Psiquiátrica brasileira, identificando as especificidades que delinearam a supervisão em saúde mental coletiva nos anos 1980. De modo específico, delinear as principais características das experiências: paulistana, do Centro de Atenção Psicossocial Luiz Cerqueira, e do Núcleo de Apoio Psicossocial, apontando o movimento instituinte em torno da organização da equipe e da clínica, e as funções da supervisão clínico-institucional.



Metodologia
O referencial teórico-metodológico escolhido foi o da Análise Institucional, tanto na perspectiva da análise no papel. A análise no papel foi utilizada para a investigação bibliográfica de modo a investigar as circunstâncias teórico-práticas que propiciaram a institucionalização da supervisão (sua inserção, crescimento, consolidação) na Atenção Psicossocial. Savoye (2007) faz uma distinção entre dois tipos de institucionalização de acordo com os momentos históricos da instituição: fundação original (momento no qual ela adquire seu formato inicial e cria as condições para sua manutenção e reprodução); e institucionalização ordinária (movimento permanente quando a instituição já está fundada com a dialética entre um instituído e instituinte). Para tanto, foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica em livros e artigos sobre os relatos de experiência de profissionais envolvidos com a supervisão na década de 1980.


Discussão e Resultados

Na década de 1980, houve a concretização de algumas propostas contrárias ao paradigma asilar. Em São Paulo, no Programa de Intensidade Máxima, a supervisão auxiliou a coordenação a entender os principais problemas que surgiram: dificuldades do desenvolvimento do trabalho multidisciplinar, a dinâmica competitiva entre as profissões de saúde, a burocracia institucional e uma tendência a desresponsabilização dos profissionais por próprio trabalho. No Caps Luiz Cerqueira, a supervisão servia como a análise do sentido do trabalho e das contradições inscritas no cotidiano precisaria ser constante, e a necessidade negar um cuidado instituído que é caracterizado pelo saber-fazer estruturado a partir do núcleo de competência definido pelo diploma universitário, com principais conteúdos da supervisão pareciam ser a história do CAPS e a análise coletiva das implicações e das transversalidades, sendo discutidos os mitos fundadores e sua influencia grupos mesmo de maneira não consciente. No NAPS, surgiu uma dinâmica singular, na qual a equipe era como “supervisor coletivo”, com um trabalho cotidiano construído coletivamente, na colaboração, confrontação e enfrentamento dos problemas.



Conclusões/Considerações Finais
Os trabalhadores foram, nos prelúdios da Atenção Psicossocial, reconhecendo a importância do seu trabalho e, mais do que isso, reconhecendo a importância de si como protagonista da produção do cuidado e do modelo em saúde mental adotado no país. Isso, a nosso ver, gerou um encantamento de modo a propiciar e fortalecer a reinvenção de novas instituições e dispositivos.
As supervisões, de fato, serviram como espaços de reflexão e transformação das práticas, entendendo assim que o modelo a ser construído ia para além das mudanças em relação aos locais de tratamento. Os desafios que atravessavam a supervisão estavam profundamente atrelados ao surgimento da organização dos modos de trabalho caracterizados pelo coletivo, com exigências em torno de novos modos de avaliação e planejamento, a possibilidade de fazer uma clínica articulada ao território e o novo lugar do supervisor nessa rede necessário de ser trabalhado.


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