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12/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 16 - Corporeidade, Gravidez e Parto: Políticas e Humanização do Cuidado em Saúde

11186 - : DIÁLOGOS ENTRE A PNAISM E AS PRÁTICAS DE SAÚDE DA MULHER EM CORUMBATAÍ
MARIANA DE GEA GERVASIO - EACH/USP, ELIZABETE FRANCO CRUZ - EACH/USP


Apresentação/Introdução
A atenção integral à saúde da mulher refere-se a um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde que devem nortear os diferentes níveis de atenção. Dialogar com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher significa utilizar de um arcabouço teórico conceitual para prestar assistência às mulheres. E mais do que seguir diretrizes, a Política se constitui como um instrumento de apoio orientador da prática de assistência à saúde da mulher. A PNAISM tem como princípios norteadores o enfoque de gênero, a integralidade e a promoção à saúde, no que tange especificamente em fortalecer e consolidar os avanços no campo da saúde da mulher. Historicamente, temas como os direitos sexuais e reprodutivos, planejamento reprodutivo, assistência obstétrica, atenção ao abortamento inseguro e casos de violência, são os que mais produzem desigualdades e refletem na saúde das mulheres. Visibilizar essa temática é problematizar a forma como está se produzindo saúde, buscando tornar visíveis os nós que permeiam o campo da saúde da mulher e buscar interlocução da teoria com prática.


Objetivos
Nesta oportunidade apresento uma parte dos resultados da pesquisa de mestrado “Saúde da Mulher na perspectiva de profissionais e gestores de saúde de Corumbataí”, da qual destaco como ocorre o diálogo entre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher e as ações de saúde da mulher no município de Corumbataí, São Paulo


Metodologia
Realizamos uma pesquisa qualitativa que utilizou como procedimento metodológico entrevistas semiestruturadas, dentro da abordagem qualitativa de produção de informações. A organização das entrevistas foi fundamentada na árvore de temas, conforme propõe Spink (2010). Foram entrevistados profissionais e gestores da saúde do município de Corumbataí, interior do Estado de São Paulo. Além das entrevistas, também utilizamos outras fontes de informações como observações, anotações em diários de campo, conversas, encontros, textos, enfim, outros elementos que pudesse ajudar na construção dos novos saberes (Paraíso, 2012).


Discussão e Resultados
As entrevistas trazem pistas sobre o modo como se materializam as ações de saúde da mulher. Sinalizam que não há investimento no planejamento de ações de saúde, e que estas geralmente são pontuais, reforçando uma concepção reducionista de saúde pública, com ações verticalizadas e centradas no individuo e em um único profissional. Percebe-se que as ações no campo da saúde da mulher não estão efetivamente atreladas às diretrizes da política nacional, mas, associadas à estereotipos de gênero marcados por concepções que reduzem à mulher à maternidade. Há uma lacuna na assistência à saúde no ciclo de vida da mulher, não contemplando todas as fases da vida. Há dificuldade em trabalhar com temas transversais, como sexualidade, violência doméstica, gênero, questão de raça/etnia, refletindo na fragilidade do diálogo das práticas em saúde com a política nacional. Assim como existe pouca clareza em reconhecer especificidades e necessidades de mulheres que histórica e culturalmente foram (e são) excluídas das políticas públicas. Mulheres da zona rural, adolescentes, lésbicas, negras, soropositivas, idosas, em situação de violência não constituem pauta da agenda política do município.


Conclusões/Considerações Finais
Fragilidades nas questões de planejamento do e no trabalho em equipe estão atreladas às fragilidades do atendimento integral à mulher em todas as fases do ciclo de vida. Há uma dificuldade em trabalhar questões do âmbito da atenção básica, principalmente aquelas relacionadas à promoção à saúde. Operar no sentido de oferecer visibilidade às questões de gênero e diversidade, incorporando-as nas práticas e nas ações de saúde é uma forma de iniciar um debate e de desenhar políticas e planos de ações em diálogo com a política nacional. Apesar dos avanços significativos nas políticas da saúde da mulher nas últimas décadas, é preciso prosseguir ainda mais. Refletir sobre as práticas e ações de saúde se torna fundamental para buscar problematizar quais ações estão sendo produzidas para as mulheres usuárias dos serviços de saúde.


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