Já é inscrito no CSHS 2016?

 

Página Inicial

Sobre o Congresso

Comissões

Convidados

Programação

Inscrição

Cursos e Oficinas

Trabalhos

Grupos Temáticos

Ampliando Linguagens

Ato Público

Perguntas Frequentes

Sobre a Identidade Visual

Notícias do Evento

Local do Evento

Hospedagem

Fale Conosco
 


Grupos Temáticos

12/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 16 - Corporeidade, Gravidez e Parto: Políticas e Humanização do Cuidado em Saúde

11213 - BOAS PRÁTICAS OU “PERFUMARIA”: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO ACOMPANHANTE NA ASSISTÊNCIA AO PARTO SEGUNDO UM ESCORE DE INTERVENÇÕES DO INQUÉRITO NACIONAL NASCER NO BRASIL
RAQUEL DE JESUS SIQUEIRA - FSP - USP, PAULA GALDINO C. CARVALHO - FSP - USP, CRISTIANE DA SILVA CABRAL - FSP - USP


Apresentação/Introdução
Estudos sobre a assistência ao parto de mulheres jovens são escassos no Brasil, sobretudo considerando a perspectiva e especificidade das questões envolvidas sobre a reprodução na juventude e das práticas utilizadas com os preceitos da humanização do nascimento na assistência obstétricas voltada para as jovens. No Brasil, todas as mulheres possuem direito a um acompanhante de sua escolha durante todas as fases de internação para o parto, incluindo os períodos do trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Sabe-se que a presença do acompanhante (suporte contínuo) durante o processo do nascimento traz benefícios aos desfechos maternos e perinatais. Esta prática pode ser considerada um bom indicador de segurança da saúde materna e perinatal, bem como de qualidade da assistência prestada às mulheres.


Objetivos
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da presença do acompanhante durante o trabalho de parto e parto das jovens entrevistadas na pesquisa Nascer no Brasil, região Sudeste, a partir da elaboração de um índice de intervenções ocorridas no processo de nascimento.


Metodologia
Este estudo é um desdobramento da pesquisa maior, intitulada Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento (NNB), com coleta de dados realizada entre 2011 e 2012. Trata-se de um estudo transversal de base hospitalar e multicêntrico, com amostra de 23.940 puérperas participantes. Este trabalho analisou os dados referentes as 3.327 jovens da região Sudeste, com vistas a comparar dois grupos: as adolescentes de 12 a 18 anos e as jovens entre 19 a 24 anos. Foi produzido um índice de intervenções com objetivo de quantificar as intervenções realizadas no trabalho de parto e parto e avaliá-lo com o acompanhamento (presença do acompanhante). O índice foi composto com as seguintes intervenções: acesso venoso, ocitocina, restrição de dieta/líquidos e movimentação, amniotomia, posição do parto, episiotomia, manobra de Kristeller, anestesia no trabalho de parto e parto e a cesariana. O inquérito atendeu a todos os critérios éticos estabelecidos pela Resolução no 196/1996 do CNS.


Discussão e Resultados
Das 3.327 jovens, 27,1% eram adolescentes e 72,9% eram as demais. A presença do acompanhante foi garantida conforme a lei 11.108/05 (em todos os momentos) em apenas 25% dos partos. As menores prevalências da presença do acompanhante foram nos momentos fora do trabalho de parto e parto, momentos tidos como cruciais para benefícios maternos e neonatais. As adolescentes tiveram maior proporção de acompanhante em todos os momentos da internação para o parto em relação as demais jovens, aspecto que pode ser atribuído ao ECA, que prevê a presença de um acompanhante na internação hospitalar.
Na análise do índice destaca-se o fato de apenas 0,4% das jovens terem ausência de intervenções no parto; 61,4% tiveram até quatro intervenções e mais de ¼ teve cinco ou mais. As adolescentes sofreram mais intervenções em relação as demais jovens. Não houve diferença na influência da presença do acompanhante na magnitude das intervenções ocorridas nos partos das jovens. Fica evidente, o quão difícil é no Brasil para as mulheres, inclusive as jovens, terem o direito ao parto fisiológico e espontâneo sem o uso de intervenções, como recomendado pela OMS e o Ministério da Saúde.



Conclusões/Considerações Finais
As adolescentes tiveram mais a presença de um acompanhante nos diferentes momentos comparados com as demais jovens. Entretanto, a presença do acompanhante não demonstrou ter um efeito protetor sobre as intervenções que ocorreram no trabalho de parto e parto. A assistência ao parto, no Brasil, é tão intervencionista que o possível efeito protetor não é capaz de exercer influência na magnitude das intervenções realizadas. Quando presente, o acompanhante exerce uma função “decorativa” na cena do nascimento, diferentemente ao que aponta a literatura, que figura sua presença como um fator de proteção às intervenções desnecessárias, sobretudo quando é feita por uma pessoa treinada que oferece suporte “one-to-one”. No Brasil, ainda existem dificuldades para a implementação da lei do acompanhante e estudos mostram que o seu impedimento, muitas vezes, está na desacreditação dos profissionais sobre sua importância e na não adoção da instituição por práticas benéficas para assistência ao parto.


Realização:



Apoio:




Desenvolvido por Zanda Multimeios da Informação