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Grupos Temáticos

12/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 16 - Corporeidade, Gravidez e Parto: Políticas e Humanização do Cuidado em Saúde

11485 - ESTAR GRÁVIDA E EM SITUAÇÃO DE RUA NA CIDADE DE SÃO PAULO: ASPECTOS SOBRE O ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL E SEU CONTEXTO SOCIOCULTURAL
SOLANGE APARECIDA DE SOUZA BERA - UNIFESP, ANDERSON DA SILVA ROSA - UNIFESP


Apresentação/Introdução
É incipiente no Brasil uma abordagem específica às peculiaridades das mulheres que vivem nas ruas. Elas estão em menor número comparado aos homens, somando aproximadamente 18% no cenário nacional (BRASIL, 2008); 14,6% na cidade de São Paulo (FIPE, 2015).
O Consultório na Rua tem propiciado novas configurações de redes assistenciais, recolocando desafios à efetivação do Sistema Único de Saúde (Londero; Ceccim; Bilibio, 2014).
As mulheres, ao habitar um espaço predominantemente masculino, podem ficar mais expostas aos riscos concernentes à sua condição de gênero, incluindo a gravidez não planejada e/ou indesejada.
No contexto da assistência integral à saúde da mulher, a assistência pré-natal deve ser organizada para atender às reais necessidades da população de gestantes - utilização dos conhecimentos técnico-científicos e meios e recursos disponíveis mais adequados (BRASIL, 2012).
Indicadores epidemiológicos relacionados à óbitos neonatais voltados às pessoas em situação de rua não existam, supõe-se que dada às condições de vida precárias, dependência de álcool e outras drogas, doenças mentais e outras comorbidades a gestação para essas mulheres necessita de um olhar diferenciado.


Objetivos
Diante do exposto, este estudo tem por objetivo compreender os significados da gestação e as estratégias de cuidado pré-natal para mulheres em situação de rua na cidade de São Paulo.


Metodologia
Trabalho de abordagem qualitativa utilizou o método da história oral na modalidade temática, neste caso, os significados da gestação e as estratégias de cuidado pré-natal para a mulheres em situação de rua. O estudo foi desenvolvido em dois Centros de Acolhida na cidade de São Paulo. Foram ouvidas seis mulheres em situação de rua gestantes abrigadas nessas instituições. As narradoras tiveram o anonimato garantido.Critérios de inclusão foram: Maior de 18 anos, estar em situação de rua, estar gestante, ter condições de manter diálogo.
Os dados foram coletados entre março e julho de 2015, por meio da técnica da entrevista com roteiro semiestruturado. As entrevistas foram gravadas e transcritas.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, parecer 0027/11, da Universidade Federal de São Paulo. As participantes foram informadas sobre os objetivos, metodologia e formas de divulgação da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.


Discussão e Resultados
No processo de análise dos dados e correlação com a literatura disponível sobre o tema emergiram três eixos temáticos: A rua e seus meios de subsistência; Percursos de uma gestação sem lar; A chegada do filho e suas expectativas, os quais foram analisados à luz de 6 estudos diferentes, os quais corroboraram para a validação dos dados obtidos.
Foram entrevistadas seis mulheres que estavam abrigadas em dois centros de acolhida da cidade de São Paulo, sendo um deles abrigo de mulheres com ou sem filhos e o outro que abriga adultos de ambos os gêneros.
Os resultados apontam para a complexidade da gestação em situação de rua valorizando aspectos individuais que ocasionaram essa condição de vida. A gestação, apesar de não planejada, foi aceita por todas as mulheres. Quatro das seis entrevistas relataram realizar acompanhamento pré-natal. Ressaltaram a facilidade de acesso às equipes do consultório na rua, mas demonstraram pouco entendimento das orientações recebidas. Têm medo de perder a guarda dos filhos, e apesar de desejaram melhores condições de vida, tiveram dificuldade de falar sobre planos factíveis.



Conclusões/Considerações Finais
As considerações finais sinalizam para a efetividade da estratégia do Consultório na Rua na garantia de acesso ao acompanhamento pré-natal, apesar de possíveis dificuldades na comunicação entre os profissionais e essas gestantes. Os anseios de uma vida melhor, de reconstruir vínculos familiares e de ter um lar ficaram dispersos no plano dos desejos. Equipamentos sociais precisam atuar junto com as pessoas que desejarem, na criação de portas de saída para vida na rua.
O estudo apresenta como limitação ter um olhar específico para gestantes abrigadas. Mulheres grávidas que optam por pernoitarem nas ruas podem apresentar questões mais complexas e maior dificuldade de acompanhamento por parte dos profissionais do Consultório na Rua.


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