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Grupos Temáticos

12/10/2016 - 13:30 - 15:00
GT 18 - Direitos Humanos, Sexualidade e Reprodução

12194 - MASCULINIDADES, RELAÇÕES DE GÊNERO E VPI: CONCEPÇÕES DE HOMENS EM SERVIÇOS DE TRATAMENTO PARA PROBLEMAS COM ÁLCOOL/DROGAS EM SÃO PAULO-BRASIL.
WAGNER DOS SANTOS FIGUEIREDO - DEPARTAMENTO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO, ANA FLAVIA P. LUCAS D’OLIVEIRA - DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP, STEPHANIE PEREIRA - : DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA DA FMUSP, GINA PAOLA ARDIILA OSORIO - DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA DA FMUSP


Apresentação/Introdução
Se reconhece a conexão entre violência e masculinidade, pois, na maioria das situações, os homens são percebidos tanto como vítimas quanto como agressores. Quando se trata da violência por parceiro íntimo (VPI), esse reconhecimento não se reproduz nos estudos realizados. Embora venha ocorrendo um crescimento das pesquisas sobre VPI em diferentes partes do mundo, os estudos acerca da participação masculina nessa problemática ainda são incipientes. Estudos afirmam que as VPI têm uma forte perspectiva de gênero, onde as construções sociais sobre as diferenças sexuais e as relações de poder se acentuam. Por outro lado, vários estudos apontam a ocorrência de uso de álcool ou outras drogas concomitantemente à agressão em um terço à metade dos casos de VPI. Estudos também indicam que quando um dos parceiros faz uso problemático de substâncias, a VPI tem mais chances de ocorrer ou ser mais frequente ou severa. Dessa forma, se buscou estudar as compreensões que homens em tratamento por uso problemático de sustâncias na cidade de São Paulo têm acerca da perpetração da VPI. Esse trabalho é um recorte desse estudo.


Objetivos
Discutir as concepções de gênero e suas relações com a VPI de homens com relatos de perpetração de VPI e que estavam em tratamento para uso problemático de álcool e/ou outras drogas em Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS-AD) no município de São Paulo.


Metodologia
Esse estudo é parte de um estudo maior que procurou analisar e comparar a prevalência e a construção cultural da perpetração de VPI entre os homens em tratamento do abuso de substâncias psicotrópicas em São Paulo. Um estudo espelho, financiado pelo ESRC foi realizado na Inglaterra, na cidade de Londres. Foram aplicados 281 questionários para homens em tratamento em seis CAPS-AD. Dos que referiram a prática de VPI, selecionamos 20 para entrevistas em profundidade. Cruzamos as respostas referentes às atitudes apresentadas nas entrevistas e questionários, atentando para as concepções de gênero relacionadas à VPI e uso de substâncias. Na análise utilizamos os referenciais de gênero e as frequências simples encontradas nos questionários, baseada na Gender-Equitable Men (GEM) Scale.


Discussão e Resultados
Os homens afirmaram a importância do respeito e do diálogo nas relações afetivas. Entretanto, nos questionários, 65% disseram que uma mulher deve obedecer seu marido e que a falta de diálogo e de “respeito” desencadeia violência. Alguns são contrários a VPI, devido ao respeito e à Lei Maria da Penha. Contudo, traição motivaria a violência. Acham que relações sexuais forçadas não seria VPI. Nos questionários, 29% afirmaram que infidelidade é motivo para bater na esposa e quase 43% acham que necessitam de mais sexo que as mulheres. Os homens parecem compreender “respeito” a partir de normas tradicionais de família e gênero, significando obediência ao marido. A falta de “respeito”, a defesa da honra masculina nas traições ou estereótipos de gênero podem acarretar VPI. Vários homens reconhecem mudanças nas relações afetivas e que homens e mulheres devem ter direitos iguais. Porém, alguns acham que as mulheres não deveriam usar drogas, ter sociabilidade pública ou controle do próprio corpo. No questionário, 1/3 acha que deve ter a palavra final em assuntos familiares e a mulher deve obedecê-lo. Embora reconheçam os direitos das mulheres, parece persistir a desigualdade de gênero. O questionamento de algumas atitudes das mulheres tensiona a ideia de direitos igualitários.


Conclusões/Considerações Finais
Percebe-se que as concepções tradicionais de gênero e de masculinidades contribuem para as situações de VPI. Apreende-se também uma dicotomia entre discursos mais igualitários e comportamentos mais estereotipados de gênero.


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